Capítulo 17 - Rio estige- dia 10

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A travessia pelo rio Cócito durou mais três dias e a lua mudou de minguante para nova tornando o caminho mais escuro que o normal o tempo todo. Nenhum dos dois conseguiu achar nada que pudesse se parecer com uma chave neste rio e isso preocupou eles, o plano era pegar uma chave em cada rio para poderem acessar os portões do Lete no final.
Quando já estavam no dia dez eles chegaram no rio Estige e puderam ver de perto a beleza daquelas águas. Era azul e tranquila. O único som que podia ser ouvido nele era o som reconfortante da água corrente descendo em algum lugar como se fosse uma cachoeira. Pela primeira vez nesses dias a calma invadiu seus sentidos, eles não sabiam se era o cansaço ou se era o rio, mas um torpor tomou conta do corpo deles fazendo-os relaxar.    
O barco navegava suavemente pelo Estige enquanto Harry observava suas águas. Nadando abaixo deles era possível ver criaturas meio homem meio peixe muito semelhantes aos sereianos que tinham no lago de Hogwarts. O som da água era reconfortante e Harry acabou adormecendo.
Harry sentiu uma dor forte e o ar lhe faltou nos pulmões. Ele abriu os olhos sem entender e viu que Draco estava em cima dele apertando seu pescoço. Harry se debateu, segurando as mãos de Draco enquanto tentava se desvencilhar de suas mãos que o enforcavam. Mas Draco era mais forte que ele. Ele se sentia cada vez mais fraco, o oxigênio já estava escasso. Não demoraria muito até que ele desmaiasse. Então ele se lembrou da legilimência. Harry se concentrou nos olhos de Draco , eles estavam cheios de ira e ao conseguir acessar seus pensamentos Harry sentiu as mãos dele afrouxarem permitindo um pouco a entrada de ar.
Algumas imagens da mente de Draco passaram como um filme na cabeça que Harry e percebendo a invasão ele titubeou dando oportunidade de Harry acertar-lhe um soco e se desvencilhar do enforcamento.
Os dois se levantaram , cada um em um lado do barco, com os punhos no ar. Relâmpagos e trovões começaram a cortar o céu escuro enquanto eles se encaram com raiva.

- O que você estava fazendo? Ia agir como o grande covarde que sempre foi e me matar enquanto eu dormia? - vociferou Harry

- Covarde? Eu sou muito mais corajoso que você Potter! Eu nunca me escondi atrás de piedade e amigos!

Harry avançou dando um soco em Draco que se desviou derrubando Harry com uma rasteira. A chuva começava a cair forte. E as águas, antes calmas, agora se movimentavam com a força da chuva e do vento.

- Levante-se! Vamos! Agora somos só nos dois! Não tem ninguém para te salvar Potter!

Harry se levantou acertando um soco no estômago de Draco que se encolheu de dor.

- Você é um fracassado sabia? Não tem nada! Não é ninguém! - Harry dizia essas palavras com muito ódio, mas no fundo percebia que elas não vinham dele.

Harry desferiu vários socos no rosto de Draco que também socava ele. Os dois continuavam a luta dando golpes um no outro enquanto o barco balançava no meio da tempestade. Draco deu um grito de fúria e se jogou contra Harry que bateu as costas no chão do barco fazendo uma grande quantidade de água entrar nele.
Quando a água do rio entrou no barco respingou sobre o rosto de Harry, seu sangue escorreu pelo chão e ele percebeu o que estava acontecendo. Como se tivesse retomado a consciência toda aquela ira foi diminuindo nele, mas Draco continuava investindo contra ele que agora só tentava desviar de seus golpes. Ele percebeu que toda aquela ira era mais um dos feitiços daquele lugar.
Draco veio novamente para cima de Harry que desviou dele derrubando-o de costas no barco. O impacto foi grande e Draco bateu a cabeça e desmaiou.
Os raios e trovões cessaram e uma fina chuva caia no rosto de Draco lavando o sangue dos seus ferimentos. Harry observou ele de perto e checou se ainda respirava.
Vendo que Draco estava bem Harry tomou fôlego e voltou seu rosto para céu deixando a chuva lavar seus ferimentos. Harry se sentou na outra extremidade do barco ainda atônito. O que mais faltava acontecer naquela viagem? Uma coisa ele sabia. Não ia dormir mais.

Dois dias se passaram, Harry e Draco mal se falaram. Mesmo sabendo que a briga tinha acontecido por um encantamento as lembranças do que foi dito e as marcas físicas dos socos trocados ainda estavam bem vivas neles.
Harry tinha um corte na testa e o lábio inchado. Draco estava com o olho roxo e o nariz cortado.
Ele estava com a cabeça pendurada para fora do barco olhando as águas e Harry achava que aquela era uma nova tática para não terem que se falar, mas se surpreendeu quando Draco disse:

-Pare de remar! Harry pare! Eu estou vendo ali, no fundo do rio preso naquela pedra! São duas chaves.

Harry parou de remar e correu para o de Draco estava. Ha uns 10 metros abaixo deles tinha algo muito brilhante e realmente pareciam chaves.

- Como conseguiremos pegar? - perguntou Harry mais para si mesmo do que para Draco.

- Eu vou mergulhar! - respondeu Draco.

- Você está louco? Não sabemos o efeito que isso pode ter em você! - disse Harry alarmado.

- Escuta Potter, porque eu só vou falar isso uma vez. Eu sinto muito por ter te atacado. Eu sei que há encantamento nesse local mas também me conheço o suficiente para saber que se fiz isso é porque esse ódio está enraizado em mim. Eu vivi toda a minha vida sem entender a amizade verdadeira. Passei grande parte da minha adolescência odiando você e seus amigos. Esses dias aqui me ajudaram a entender que a parceria pode ser valiosa, verdadeira e sem interesse. Eu sei que não somos amigos, mas se eu puder fazer a minha parte da parceria não ficarei te deve do nada. - completou Draco tentando parecer displicente

Harry abriu e fechou a boca algumas vezes mas não encontrou uma resposta para tudo o que Draco dissera. Por fim ele disse:

- Tudo bem. Você que sabe...

Draco tirou a camisa e pulou na água. Ele mergulhou e submergiu.

- Estou vivo. E a água está ótima! - disse brincando.

Harry continuava observando quando Draco mergulhou mais fundo agora, tentando alcançar as chaves. Os sereianos o observavam de longe enquanto ele ia cada vez mais fundo para pegar as chaves. Quando ele pegou a chave um dos sereianos pegou em sua mão e olhou para ele como se conversassem. Draco já estava há quase dois minutos embaixo d'água e não apresentava sinais de falta de ar. Ele ouviu atentamente o que o sereianos dizia e acenou com a cabeça confirmando antes de subir a tona com a chave na mão.
Draco subiu no barco e Harry notou que ele estava diferente. Seus hematomas tinhas sumido como se a água tivesse lavado suas feridas fora. Ele entregou as chaves para Harry, que juntou elas a outra em seu bolso.

- O que você conversou com sereiano? - perguntou Harry

- Ele estava me explicando sobre o rio e as condições para pegar a chave. - respondeu Draco

- E quais eram? - disse Harry

- Quando chegar a hora certa você saberá! - respondeu Draco e se calou em seguida.

Harry sabia que ele não falaria mais nada. Ele já tinha se aberto demais aquele dia. Muito mais do que Harry poderia imaginar.

Harry Potter e o véu da morte - FanficOnde as histórias ganham vida. Descobre agora