Capítulo 17 - Cásper

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Quando estava chegando em casa, vi que as luzes de casa estavam acesas, achei estranho, até porque meu pai não as ligava. Vou até lá e vejo que a porta está. Entro e vejo sangue por toda parte, o desespero sobe por todo meu corpo, em desespero subo correndo as escadas. Mas quando chego no quarto dos meus pais...

- Filho... saia daqui - minha mãe estava jogada no chão, com sangue em sua roupa, muitos hematomas no corpo - Vamos meu filho... saia daqui e se esconda... - vejo ela fechar os olhos e sua pele perder a cor avermelhada. Quando der repente...

- Olha se não é o pirralho! Hahaha, ela está morta por sua culpa, você a matou... - meu pai. As roupas do homem que um dia eu chamei de pai, estavam cheias de sangue, e seu olhar estava vago.

- Cala a boca! Você matou ela! Foi você! - meu choro de desespero era assustador. Meu peito subia e descia muito rápido - SAI DAQUI! SAI CARALHO! – abraço minha mãe com todas as minhas forças, minha roupa cheia de sangue e dor.

- Ela te odiava garoto, nunca amou você como me amava, nunca ninguém vai amar você! Você é uma vergonha para ela e para todos a sua volta! - ele diz, gritando.

No instante meu corpo é impulsionado para a frente, minha respiração acelerada, o suor descendo por meus cabelos. Lágrimas rolam pelo rosto por conta do pesadelo que tenho a seis malditos anos. Minha vida mudou totalmente depois daquele dia, quando minha mãe foi estuprada e morreu sangrando no chão, e o filho da puta que se dizia meu pai, não ganhou consequência nenhuma. As marcas psicológicas, são piores que as marcas físicas deixadas pelo meu pai aos dezesseis anos de idade.

Quando olho no relógio, vejo que já era hora de ir para a faculdade. Visto as mesmas roupas e, quando estou descendo, vejo meu pai jogado no sofá apagado com várias garrafas de bebida, no final das contas eu sou igual a ele, só menos ferrado.

Quando chego na faculdade, já avisto Liam com Victória e... Alasca. Não sei como falar com ela, nem nos falamos depois do ocorrido, e acho que ela está brava comigo. Em nenhum momento pensei em fazer mal a ela, muito menos machuca-la de alguma forma.

Quando Liam me vê, ele chama a atenção de Alasca que me olha e esboça um sorriso. Acho que agora entendo porque acho ela chata, mas ao mesmo tempo magnífica, ela parece muito com a minha mãe, mas não em formas física e, sim o modo de ver as coisas. Quando meu pai não bebia, até meus oito anos, minha mãe era muito feliz e o sorriso dela contagiava qualquer um, a cor dos olhos que eram únicas. E o modo que demonstravas ser forte até quando não precisava. Algo nessa loira de olhos penetrantes me faziam ganhar esperança, ela me levava a luz, mesmo que eu não quisesse, mas voltava para a escuridão logo quando fechava a porta de casa...

- Eai estressado, a raiva passou? - pode ter passado Liam, mas a dor contínua aqui, e se eu pudesse te contar como é senti-la, você não suportaria.

- Claro - dou um sorriso sarcástico. Olho para Alasca que estava olhando para mim desde que cheguei - Você está melhor? - pergunto olhando em seus olhos. A mesma se surpreende com a pergunta, mas decide responder.

- Estou sim - ela dá um sorriso tímido.

- Acho que nossa aula vai começar, né Liam? - Victória diz, cutucando seu ombro.

- Claro, tchau pessoal - Liam diz. Eles viram as costas e saem andando. Alasca se volta para mim de novo, e resolve falar.

- Obrigada por ontem - suas bochechas estavam avermelhadas. E ela parecia sem raça ao falar comigo.

- Não precisa pedir desculpas, eu fui um idiota - eu estava muito nervoso com a presença dela. Mas com toda certeza era no bom sentido. Coço a nuca em forma de nervosismo, e ela coloca uma mecha seu cabelo para trás.

- Eu, eu não iria recusar o... beijo. Apenas, enfim - ela dá uma risada - Eu queria te pedir... quer dizer, perguntar, se quer seu meu amigo. Acho legal a gente se dar bem para fazer o trabalho.

- Eu ia te falar isso na nossa primeira aula, mas o professor interrompeu - digo, dando risada - Mas podemos tentar, pulguinha - falo sarcástico.

- Claro - ela revira os olhos - Você quem sabe, babaca – ela diz, dando risada

- Vamos para aula, e depois começar o trabalho - digo empurrando-a para frente.

- Onde iremos fazer? Na sua casa...

- Na minha casa não! - digo rapidamente - Pode ser no seu quarto - nunca a levaria lá, nunca colocaria ela na confusão que é minha vida.

- Tudo bem - ela dá um sorriso - Começamos hoje - diz ela autoritária.

- Para de tentar mandar em tudo, e anda logo pulguinha.

- Precisamos mudar esse apelido, não combina.

- Claro que não - reviro os olhos.

Be Free - seja o que você nunca foiWhere stories live. Discover now