Capítulo 45

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Estávamos andando á dias

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Estávamos andando á dias. Sem água e sem comida. Caminhávamos tão devagar que poderíamos ser confundidos com zumbis.
Saí do meio das árvores e encontrei com Daryl sentado no chão da floresta, com um buraco na sua frente. Ele me olhou e eu balancei a cabeça, negando.
- E você? - Perguntei.
- Nada.
Assenti e estiquei meu braço. Daryl agarrou a minha mão e ajudei ele a levantar, encontramos com Maggie e Sasha, que também procuravam por água e seguimos em direção da estrada. Todo o grupo estava sentado junto da van. Era um cenário horrivel.
Sentei junto com Daryl, mas ele permaneceu calado, como vinha fazendo á três semanas, desde Atlanta. Eu decidi dar tempo para ele curar suas dores, tal como tinha feito na fazenda, mas dessa vez eu não iria me afastar. Apenas deixar que ele lidasse com os seus pensamentos, mas sabendo que podia sempre contar com minha ajuda.
- Não pode ficar pior do que já está. - Escutei Rosita falar.
Abri a boca para dizer que, normalmente, dizer isso era chamar problemas, mas não precisei. Um grupo de cachorros apareceu, rosnando e latindo.
Pegamos nossas facas mas o que seria pior? Um zumbi ou cachorros famintos? Do nada, escutei tiros e os cachorros acabaram mortos no chão. Sasha ficou olhando eles com o rifle na mão.
Suspirei e guardei a faca. Rick olhou os cachorros e depois para mim. Dei de ombros e ele começou a partir alguns ramos de árvores. Parecia que a comida tinha acabado de ser servida.
Cortamos os animais, com a ajuda de Daryl, e assamos. Depois de um tempo comendo, percebi que o caipira do meu lado, me observava.
- Quê? - Perguntei.
Ele deu de ombros. - Você não se importa? - Ele falou só para eu escutar.
- É comida, não importa a forma. Desde que não seja humana, como Gareth fazia, para mim está ótimo.
- Hum.
Sorri. - Aposto que já comeu coisas piores.
- É... hoje de manhã, por exemplo.
Quando retomamos a caminhada, pois o combustível tinha acabado, Daryl se afastou um pouco de nós, dizendo que ia procurar água na floresta. Continuei andando do lado de Abraham, mas percebi o caipira parado, me olhando.
- Vem?
Eu pensava que ele queria ficar sozinho, mas assenti e segui ele.
Ao fim de um tempo, Daryl parou, olhando o chão. Mordi meu lábio, pensando se deveria falar ou não. Dei de ombros para mim mesma e falei.
- Está tudo bem se você quiser falar sobre isso.
Ele me olhou durante um tempo. - Estou bem.
- Não, não está. Faz três semanas que você está assim. Eu sei, eu estive assim depois da prisão. - Falei. - Eu sinto falta do Daryl, na verdade. Sabe? Mas eu sei o que você está sentindo. E não faz mal. Sabe, a Beth salvou minha vida... E a sua.
- Eva...
- Eu vou voltar na estrada. Fica aqui, pensa o que tiver de pensar. Chora, grita, sei lá. Mata uns esquilos, o diabo que você fizer para te deixar melhor.
Me aproximei dele e percebi que aquele olho azul seguia todos os meus movimentos. Tirei o cabelo dos olhos dele e sorri.
- Eu te conheço, Dixon. Melhor do que você imagina. - Suspirei e abracei ele. - Estarei na estrada. - Me afastei. - Estarei lá se precisar.
Caminhei até chegar na estrada, com as lágrimas ameaçando cair pelo meu rosto, só de pensar em Daryl. Respirei fundo. Ele iria ultrapassar.
Assim que pisei a estrada, Abraham mirou seu rifle na minha cabeça e eu parei de andar. Ele abaixou e Rick me mostrou um papel.
- "De um amigo?" - Falei, lendo.
Tirei a catana da bolsa, olhando em volta.
- Cadê o Daryl? - Perguntou Rick.
Merda, eu o deixara sozinho.
Nesse momento, Daryl saiu da floresta e o alivio que eu senti foi enorme. Rick mostrou a ele a folha e, tal como eu esperava, Daryl pegou a besta. Mas não vimos ninguém.
- Ninguém toca nisso. Não sabemos quem colocou aí. - Rick falou.
- Pode ter alguma coisa dentro. - Disse Michonne.
Eugene pegou uma garrafa de água, das várias garrafas que alguém tinha deixado no meio da estrada, e abriu. Mas Abraham não deixou ele beber, jogando a garrafa no chão.
E do nada, a chuva começou a cair. Fria, tocando nos meus braços e no rosto. Fechei os olhos, enquanto escutava o pessoal rindo á minha volta. Senti alguém do meu lado e abri os olhos, vendo Daryl. Ele me olhou, fez um sorriso torto e assentiu uma vez, e eu soube que o caipira estava de volta.
Estiquei minha mão e segurei a dele, no meio daquela chuva.
Quando larguei, me aproximei de Carl e Judith e a tempestade ficou pior. Rick mandou todo mundo pegar suas coisas, precisávamos sair dali.
- Tem um celeiro. - Gritou Daryl.
Peguei Judith do colo de Carl e seguimos Daryl. Carl se mantinha do meu lado, me ajudando com a bebê.
Rick, Maggie, Glenn e alguns dos outros entraram primeiro. Fiquei na porta com os restantes e Daryl se colocou na minha frente, impedindo que o que quer que fosse que saísse do celeiro não me atacasse.
Sorri sem ninguém notar. O caipira era melhor do que pensava.
Acendemos uma fogueira e alguns dormiram, depois de termos certeza de que era seguro. Entreguei a bebê para Carl e sentei junto da porta, vendo o grupo.
Um tempo depois, com todos dormindo, Daryl sentou do meu lado. Olhei ele, esperando.
- Sem sono?
Assenti. - É. E você?
Ele assentiu. - Estou bem. Agora estou bem. Obrigada pelo que você disse lá fora.
Sorri. - Não fica distante de novo. Na fazenda foi difícil e agora.... depois de perdermos tantas pessoas, seria... - Fechei os olhos e abri de novo. - Eu não consigo sozinha.
- Consegue sim. Você sobreviveu até aqui. Mas não se preocupa, eu prometi manter você debaixo de olho.
Antes que eu pudesse falar, escutei um som do outro lado da porta. Levantei e espreitei pela abertura, no mesmo tempo que Daryl levantava e espreitava também.
Ele me olhou e colocou um dedo nos lábios, indicando que teríamos de ficar em silêncio.
Segurei a porta enquanto Daryl fechava ela e depois me ajudou a segurar. Maggie apareceu também e depois todo o grupo ajudou a segurar a porta. Eles não iriam entrar não dessa vez... Mas eram muitos.

Assim como começou, acabou, e eu fiquei com Daryl, sentados junto da porta de novo.
Olhei ele, com todo o mundo dormindo.
- Você precisa dormir. - Falei.
- É. Você também.
Deitei de costas no chão, ficando olhando o teto. Segundos depois, senti Daryl deitando também. Ficamos ali, sem dizer nada, cada um com seus pensamentos. Mas quando a mão de Daryl se fechou em redor da minha, eu continuei sem me mexer e acabei dormindo.

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