Capítulo 5

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Nossos mortos foram enterrados, os errantes queimados... Foi um dia bastante atarefado.
Olhei Andrea, ainda do lado de Amy, esperando ela se tornar um deles. Fiquei imaginando se fosse comigo, se eu perdesse alguém de quem gostasse realmente, e fechei os olhos por dois minutos. Conseguia imaginar o que ela estava sentindo.
Balancei a cabeça, tirando aqueles pensamentos da minha cabeça. Havia muito o que fazer e eu precisava ser útil. Rick estava falando sobre abandonar a pedreira e seguir para Fort Benning ou o CDC depois de enterrar o último corpo. Eu achava ótimo, aquele lugar já era só sobre memórias que eu queria esquecer.
Percebi que tinha gente ao redor de Andrea, depois de ela finalmente atirar em Amy e me aproximei. O dilema era sobre o que fazer: enterrar Amy como um de nós ou queimar, visto ela se ter tornado errante.
Quando Shane deu um passo em frente, me coloquei entre ele e Andrea, ainda no chão. Ele ficou me olhando, bem como todo mundo.
- Eva...
- Andrea tem todo o direito de querer enterrar a irmã. - Falei.
- Você nem gosta dela.
- Isso não quer dizer nada. Nesse momento estou do lado dela! E se ela quiser minha ajuda, eu vou ajudar. Mesmo que mais ninguém o faça. Amy era uma de nós, merece respeito.
Olhei Andrea e vi ela me olhando também. Sorriu um pouquinho e disse obrigada sem fazer nenhum som. Sorri e toquei no seu ombro.
- Eva tem razão. - Falou Rick. - Iremos fazer sim, um enterro digno para a Amy.

Depois dos mortos enterrados, de Daryl quase furar a cabeça do cara lá, que foi mordido mas falava que não, eu estava arrumando minhas coisas que, diga-se, eram bem poucas. Percebi alguém atrás de mim e rodei, vendo Shane me olhando e segurando a arma do seu lado.
- Preciso falar com você.
Revirei os olhos e cruzei os braços sobre o peito, esperando.
- Desculpa, Eva. Eu... eu sinto sua falta.
Eu ri.
- Minha falta? Não sentiu minha falta quando andava saindo escondido com Lori, na floresta.
Ele olhou o chão e depois de novo para mim, com os olhos cheios de água.
- Eu errei, errei feio, mas quem disse que eu era perfeito? - Ele se aproximou. - Eu só... Eu merecia morrer pelo que fiz, mas nesse momento, tudo o que eu quero é uma segunda chance com você. Eu te amo.
- Segunda chance? Shane, isso não vai acontecer. Tá louco?! Você me traiu com a Lori, a mulher do seu melhor amigo e minha amiga também, ou diga-se ex-amiga. Eu nunca pensei sequer em fazer uma coisa dessas com você. Segunda chance... pfffff.
Me virei para continuar arrumando e senti a mão de Shane no meu braço. Girei muito rápido e dei um tapa na cara dele, pegando ele de surpresa.
Shane ficou me olhando, largando meu braço e se afastando.
Senti uma lágrima cair quando ele se afastou, mas limpei, peguei minhas coisas e segui na direção de Rick.
Todo mundo decidia para onde iríamos e finalmente concordamos com o CDC, mas tivemos de nos despedir dos Morales, eles não iriam seguir nessa direção.
- Carol e Sophia vêm com a gente no carro. - Falou Rick. - Shane levará um carro e Daryl...
- Levo a moto do Merle. - Falou o caipira. - E vou já avisando que não levo ninguém na minha garupa!
Rick me olhou. - Eva. Vai no trailler também?
- Pode ir comigo na pick up. - Falou Shane.
Olhei ele. - Preferia enfrentar a ira do Dixon e subir na garupa dele.
- Fechado. - Disse Daryl, para surpresa de todos.
Confirmei com a cabeça e segui Daryl enquanto Rick sorria. Shane ficou nos olhando.
Estava junto da moto, colocando a mochila no trailler e a catana nas costas, quando Daryl apareceu do meu lado.
- Iremos na frente. - Falou.
- Porque concordou? Eu estava brincando. - Falei.
Daryl olhou para trás de mim e soube que era para a pick up, e depois para mim, sorrindo.
- Gosto da ideia de mexer com a cabeça do Walsh. - Falou, e subiu na moto. - Ele tem de saber respeitar as pessoas.
Sorri, balançando a cabeça, e subi na moto, colocando minhas mãos na cintura de Daryl. Ele ficou muito quieto, mas depois voltou ao normal.
- Vamos. - Falou Rick.
Senti a moto vibrar por baixo de mim, como animal selvagem esperando para poder correr livremente.
- Vai gritar? - Perguntou Daryl.
- Já andei de moto, não tenho medo.
- Ótimo. - Ele falou. - Assim não preciso me preocupar com você.
Sorri.
O percurso foi formidável, com o vento brincando com meu cabelo e minha pele. Senti vontade de abrir os braços e gritar, sentir aquela liberdade era maravilhoso.
Quando parámos para deixar Jim, eu não me aproximei. Me despedi de longe. Não tinha qualquer afinidade com ele... Certo ele era do grupo, desde o inicio, mas... Sei lá.
Quando chegamos na cidade olhei em volta. Parecia filme de terror. Corpos por todo o lado, tudo revirado e destruído...
- É bom que esse lugar esteja de pé e com gente dentro, se não acho que todo mundo vai matar o Rick. - Falou Daryl.
- Ele está tentando ajudar.
- Hum.
Paramos mais na frente, não muito longe de um enorme edifício. Saí da moto, indo pegar minha mochila e retirando a katana da bolsa. Fomos andando até o CDC, comigo ficando na retaguarda do grupo, junto com Daryl, protegendo. Carl me olhou e vi medo no seu olhar. Pisquei o olho a ele, que sorriu e continuou.
Para falar a verdade, até eu estava com medo. Aquilo parecia uma merda de um cemitério.
Ficámos na porta, com Rick batendo e chamando e nada de ninguém abrir.
- Não tem ninguém aí, Rick. -Falou Shane. - Vamos embora ou morreremos.
- Não. - Disse Rick. - Tem alguém aqui!
Todo o mundo estava ficando nervoso, as crianças assustadas segurando suas mães.
- Errante! - Disse Daryl.
Segurei firme na katana e me aproximei dele, olhando Daryl que m deixou cortar a cabeça dele. Depois corri até chegar em Rick.
- Vamos sair daqui, Rick, talvez não tenha ninguém.
Ele me olhou. - A câmera mexeu.
Olhei a maldita lá no canto, enquanto Shane gritava, esperando para que Rick tivesse razão e não estivesse ficando louco, e aí vi ela mexer.
- Mexeu! - Gritei. Me joguei na porta. - Abre! Abre a porta! Vamos morrer aqui, tem errante chegando e temos crianças aqui! Abram, malditos!
Senti Shane me pegar pela cintura, puxando para trás, enquanto Daryl puxava Rick. Dei chutes no ar, para que Shane me soltasse, mas foi em vão.
De repente, a porta abriu e uma luz branca nos deixou um pouco cegos. Shane me botou no chão, não acreditando no que estava vendo.
Corremos para dentro, ao mesmo tempo que vários errantes se aproximavam.
Um cara com uma farda branca nos olhava.
Rick falou com ele, e a resposta dele me deixou arrepiada, com um pressentimento estranho, que eu tentei fingir que não tinha sentido.
- Quando as portas se fecharem, não abrem mais.
Rick balançou a cabeça e o homem fechou as portas, que trancaram com um estranho som. Como se tivessemos acabado de ser enterrados vivos.

WarriorTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang