Capitulo 2

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Algum tempo depois....

Suspirei de alivio quando Shane atendeu o celular. Toda a situação da gripe estava ficando descontrolada e tínhamos de agir rápido.

- Onde voce está? - Perguntei.

- No hospital. Eva, isso tá um inferno por aqui!

- Que merda voce está fazendo aí?! Acabei de sair desse lugar e parece apocalipse de filme!

- Nao posso deixar de ver se Rick poderá ter acordado!

Certo, Rick estava naquele maldito hospital depois de ter levado um tiro e quase ter morrido. Bem, a gente esperava que ele nao morresse, mas ele continuava desacordado.

- Ok, entao trata do Rick e depois some daí!

- E voce? - Perguntou Shane.

-Estou bem. Te encontro na estrada. Temos de sair daqui.

- Ok. Irei pegar e Lori e o Carl te vejo lá. Eva?

- Sim?

- Te amo.

Sorri. - Eu também te amo. - E desligamos.

Fiquei olhando em volta. Como iríamos sobreviver ao que estava acontecendo, se nem sabíamos o que era?
As pessoas continuavam correndo lá fora, tentando escapar ao que quer que fosse. Os infetados estavam evoluindo para um estado estranho da gripe, onde ficavam com um aspeto esquisito e saindo mordendo e matando todo mundo. O exército não sabia o que fazer e muitos deles ja caíam no chão, mortos.

Respirei fundo, precisava me acalmar e agir. Senti alguém junto de mim e olhei para o lado. Meu capitão estava junto de mim, olhando a rua com um ar deveras preocupado.
- Quero que você pegue tudo o que puder aqui dentro. Medicamentos, coisas que te possam ajudar a tratar de ferimentos, tudo o que couber em uma mochila, e suma daqui.
Olhei ele, sem entender nada. - O quê?
Ele me olhou.
- Eva, isso está ficando feio. O exército não está dando conta. Você é forte, minha melhor pessoa aqui dentro. Com um coração enorme mas corajosa que nem leão. Vai embora, pega no agente Walsh e sumam dessa cidade. Antes do anoitecer!
Aquilo chamou minha atenção.
- O que vai acontecer...
Não terminei a frase, minha cabeça juntou todas as peças e olhei a rua de novo, antes de olhar o capitão.
- Eles...
Ele confirmou com a cabeça. - Isso tem de ser parado, de uma maneira ou de outra.
- E o senhor? Não pode ficar aqui.
Ele sorriu. - Nunca escutou que o capitão afunda com o navio?
- Não! Não vou deixar.
- Eva, não tenho ninguém por quem lutar. Mas você sim. - Ele ficou muito direito e me olhou nos olhos. - Sanchez, quero você fora daqui. Agora! É uma ordem!
Balancei minha cabeça mas fiz o que ele pedia. Sorri.
- Boa sorte, senhor. Foi um prazer e uma honra trabalhar com você.
- Ensinar você foi um privilégio, Sanchez. Agora some daqui.
Peguei uma mochilae enchi com tudo o que consegui, antes de correr para o meu carro.
Dirigi até casa, evitando ruas movimentadas mas todo o mundo parecia ter enlouquecido. Quase atropelei pessoas!
Finalmente cheguei em casa e entrei, já gritando.
- Shane!
Mas ninguém respondeu, o que era ótimo, significava que ele já estaria fora dali.
Peguei alguma comida mas de repente escutei algo entrando pela porta. Olhei e vi uma daquelas coisas caminhando pela sala, fazendo um barulho estranho e nojento. O que era aquilo?
Larguei tudo e corri até onde Shane tinha uma arma escondida, mas tinha sumido. Ele levara ela. Droga! Como eu iria chegar na estrada?
Aquela coisa me olhou e começou a caminhar na minha direção.
- Meu deus... O que eu faço?
Repeti aquilo um milhão de vezes, pensando. E de repente tive uma ideia.
Lembrei de algo que tinha ganho um dia, algo que o Shane vivia dizendo para eu jogar fora. Uma catana que estava guardada no armário da sala! Mas aí olhei a porta. Como eu iria chegar lá se tinha aquele nojento entre mim e a sala?
Respirei fundo, verifiquei se a mochila estava bem segura nas minhas costas, e olhei ele. Mordi meu lábio, estava prestes a fazer a maior idiotice da minha vida, mas precisava ser feito.
Corri em direção ao infetado e me joguei nele, derrubando. Suas mãos me agarraram e soquei ele, sentindo minha mão abrir um buraco no seu rosto.
- Quê?
A criatura começou a tentar me morder e girei, saindo de perto dela. Levantei e corri no armário, tirando a catana e segurando com força, enquanto o andarilho levantava e rosnava. Deixei ele levantar e segurei a catana com força, esperando saber usá-la pelo menos daquela vez.
Ele avançou sobre mim e eu espetei a lâmina no seu peito, mas ele continuava se mexendo.
Que coisa era aquela que não morria? Tentei de novo e nada. Segurei firme, ergui a catana e cortei a cabeça dele. O corpo parou de mexer, mas a sua cabeça continuou mordendo o ar. Fiquei olhando aquele horror, completamente chocada. Que merda era aquela e o que raio estava acontecendo?
Em um momento de inspiração, ergui a catana querendo tentar algo. Segurei com força e espetei na cabeça dele, que ficou imóvel, morrendo de vez.
Tinha de ser na cabeça!
Percebi que estava suja de sangue, mas não havia tempo, tinha de achar Shane.
Quando saí na rua, ainda em choque, vi meu carro sumindo pela rua. Quem poderia roubar um carro naquele momento?
Que ódio!!
Shane iria me matar, mas fui na casa do vizinho e entrei no carro, ligando ele. Seria roubo, mas o mundo estava pedindo medidas extremas.
Quando olhei em frente, vi o dono do carro na sala dele, gritando enquanto um infetado atacava ele. Para meu horror, vi meu vizinho ser comido vivo.
Tremendo, saí dali, tentando tirar aquela imagem da cabeça, mas sabendo que aquilo me iria atormentar por séculos, se eu vivesse tanto.

O carro ficou para trás quando cheguei na estrada principal, pois era impossível continuar, tinha um monte de gente bloqueando a saída. Continuei andando pela estrada.
Eu tremia sem controle. Tinha de achar Shane e tinhamos de fugir dali. O mundo estava louco e nós iríamos morrer.
Olhei em volta mas não vi Shane e nem o seu carro. Comecei a desesperar, pronta para desistir, em choque, confusa e com medo.
Estava escurecendo quando escutei uma voz que eu conhecia muito bem.
- Tia Eva!
Olhei mais na frente e vi Carl, do outro lado de uma pick up com uma moto em cima, guardada por dois caipiras. Corri, esbarrando em um deles, mas sem nem me importar.
Carl correu para mim e abracei forte o garoto quando o senti em meus braços. Ele se afastou e caminhamos até Lori e Shane, que estavam junto de uma mulher com uma menina. Percebi que Shane me olhava de forma estranha, mas mesmo assim se aproximou e me abraçou. Se afastou de novo e me olhou.
- Que diabo aconteceu com você?
Olhei para onde ele olhava, e vi minha roupa manchada de sangue. Segurei no seu braço e puxei para longe de Lori.
- Fui atacada. - Respondi. - Shane, eles não morrem! Eles comem pessoas... Eles...
Shane me abracou e beijou minha cabeça. - Calma. Está segura agora.
Me afastei e olhei ele.
- Só morrem se você acertar na cabeça deles. Tipo videogame.
Shane me olhou como se eu fosse doida, mas depois seu rosto se iluminou de compreensão.
- Estavam atirando na cabeça das pessoas, no hospital.
- E o Rick? - Perguntei.
Shane olhou Lori e depois para mim e eu soube que algo tinha acontecido.
- Não. Você deixou ele lá?
- Shhhh. - Fez ele. - Lori não sabe. Ela pensa que ele está morto.
- E não está? Shane, você deixou o Rick para trás, vivo, em um hospital cheio de coisas daquelas????
Shane deu de ombros. - O que você queria que eu fizesse? Escuta, eu tentei mas ele continuava desacordado. Eu barriquei a porta para o caso dele... acordar.
Balancei minha cabeça, não querendo acreditar.
- Uau, grande ajuda agente. Se aquelas coisas conseguirem entrar, o Rick já era!
- Eu não podia trazê-lo, Eva!
Do nada, apareceram helicópteros voando no céu, em direção á cidade e ficamos olhando. Shane me puxou para um sítio mais alto para podermos ver.
- Que merda estão eles fazendo? - Perguntou ele.
- Napalm. - Respondi. - Vão tentar acabar com tudo isso.
Shane me olhou, incrédulo, mas aí as explosões começaram.

Estávamos a reunidos junto do carro da mulher de cabelo grisalho, com o imbecil do marido dela, duas irmãs de cabelos claros, uma familia com dois garotos, um casal de negros e os caipiras.
Parecia que Shane, por ser policial, atraía pessoas de todos os lados.
Estávamos planejando ir em direção a uma pedreira um pouco mais na frente, mas afastada o suficiente para ficarmos seguros. E já tínhamos um belo grupo disposto a seguir Shane.
Não fui com a cara de uma das loiras, mas o que mais chamava minha atenção eram os caipiras. Um deles era um completo imbecil, mas o outro parecia quieto, feroz e ameaçador.
- E porque essa daí vai junto? Que merda, ela tem uma catana nas costas!
Olhei em frente e vi a loira idiota, Andrea, acho eu, falando e me olhando torto.
- É minha mulher. - Disse Shane. - E se é um problema para você, convido você a ficar aqui e não seguir com a gente.
A loira não disse mais nada, mas ficou me olhando.
Percebi o olhar dos caipiras em mim, principalmente do mais quieto e encarei, mas ele virou as costas e entrou na pick up.
Senti a mão de Shane no meu rosto e olhei ele.
- Vamos.
- Porque aqueles dois vão junto? - Perguntei.
Ele olhou os caipiras, onde o mais velho ria e batia no ombro do irmão.
- Parecem ser capazes de defender o grupo. - Deu de ombros, me olhou e sorriu. - Se não der certo, a gente coloca eles como isco daquelas coisas.
- Pfffff. - Fiz eu, revirando os olhos.
Shane colocou as mãos na minha cintura.
- E porque raio você tem essa catana horrivel nas costas?
- Essa catana salvou minha vida.
Ele sorriu. - Tudo bem, posso suportar essa coisa medonha. Até porque você fica uma gata com isso.
- Shane, para. Estamos morrendo.
Ele balançou a cabeça e mandou todo o mundo pegar seus carros e sair dali.
Mais na frente, um homem mais velho se juntou a nós, bem como um coreano meio doido e um outro cara, e seguimos para a pedreira.
Eu não sabia o que esperar dali para a frente, enquanto saíamos da cidade e deixáva-mos nossas vidas para trás, mas uma coisa eu sabia: nada iria ser como dantes.
O mundo como o conhecíamos tinha acabado, de algum modo eu sabia disso. Respirei fundo. Seríamos a humanidade caminhando com a morte.

WarriorWhere stories live. Discover now