— Isso, meus queridos. — ouvi a voz do Chapeleiro soar no ambiente, agora pintado de vermelho. Pintado de sangue. O sangue dos meus amigos. — É o que acontece com os traidores. — Eu ainda olhava a pilha de corpos sem acreditar, quando uma voz me chamou a atenção.
— Me deixe passar! — Yuna. Me virei e respirei aliviada por vê-la viva. Estava com medo de encontrar seu corpo junto com os demais. A morena discutia com um dos milicianos, enquanto tentava entrar no quarto.
— Yuna. — Tentei chamar a atenção da garota.
— Kira! — a morena fixou os olhos em mim e em seguida invadiu o quarto.
— Yuna. — chamei por seu nome quando Yuki pegou no seu braço, a impedindo de vir até mim. Tentei intervir, mas um dos milicianos me impediu. — Chapeleiro, seja o que for que tenha ouvido, não é o que parece! — tentei me aproximar do homem de longos cabelos, mas fui impedida, mais uma vez.
— A regra é clara! — Chapeleiro me olhou severamente antes de continuar. — Morte aos traidores, Kira. — o homem então andou até Yuki que ainda segurava Yuna.
— Me solta! — observei minha amiga se livrar do aperto do irmão e, assim como eu, ela o observou entregar as cartas para o Chapeleiro. As nossas cartas. — Que merda está acontecendo aqui? — questionou séria.
— Uma traição, minha cara. — Chapeleiro me encarou. — A nossa Kira armou um complô contra a nossa utopia, contra mim.
— Você fez isso? Você os entregou? — Yuna perguntou para o irmão, mas pelo olhar de desgosto estampado em sua face, ela sabia a resposta. — Tem ideia do que fez? — a tristeza no olhar da morena me fez querer abraça-lá.
— Morte aos traidores. — As palavras saíram dos lábios do garoto que um dia me prometeu lealdade.
— Você está morto para mim! — a morena encarou o irmão, veio até mim, esbarrando propositalmente no miliciano, e se colocou na minha frente. — Eu também faço parte dos traidores!
— Yuna! — alertei minha amiga, vendo Yuki fazer o mesmo com o olhar.
— Morte aos traidores. — Chapeleiro repetiu as palavras e, em seguida, puxou um revólver da cintura. Naquele momento, eu senti o ar pesar, pois eu sabia o que viria a seguir. Ele destravou a arma então disparou um tiro certeiro em minha amiga. — Porra!
— NÃO! — agarrei o corpo ainda com vida de Yuna e pelo canto do olho, vi chapeleiro apontar sua arma na minha direção.
— Você me decepcionou, Kira. — Chapeleiro me olhou com sua fisionomia, agora, por conta do sangue, assustadora. — Eu lhe dei tudo! Tudo. — repetiu. — E é assim que me paga? Me traindo, kira?
— Você apenas me roubou a pouca liberdade que eu ainda tinha. — comecei olhando ao redor. — E matou todas as minhas esperanças de continuar. — o olhei fixamente, enquanto o homem ainda tinha a arma apontada para mim. Soltei aos poucos o corpo de Yuna, que respirava com dificuldade. — Você não me deu nada! Você é apenas um fantoche, um fanático. — o homem colocou o dedo no gatilho, mas estacou ao ouvir Aguni.
— Chapeleiro, ela é a única médica que temos. — Aguni argumentou, enquanto eu encarava meus amigos cobertos de sangue.
— Então a coloquem trancada, porra! — ouvi a voz do homem, enquanto sentia dois pares de mãos me puxar para cima, forçando meu corpo a ficar de pé. — Quero esse quarto limpo e os corpos queimados!
Em um movimento impensado, eu soquei e tomei a arma do homem que me segurava. Logo em seguida, apontei para Yuki. Ele era o maldito culpado de tudo. Mas antes que eu pudesse puxar o gatilho, o som de uma outra arma sendo disparada contra mim me fez ir ao chão.
— Não precisava ter terminado assim, querida. — Chapeleiro se agachou tocando meu rosto. — Que desperdício! — o homem levantou e apontou, mais uma vez, a arma para mim. — Adeus, doutora!
18:13
Tudo bem, está tudo bem. Você está viva. Está respirando. Continue respirando. Continuei respirando e repetindo, mentalmente, as palavras na tentativa de me acalmar. O que era um pouco difícil de se fazer quando eu ainda sangrava e estava amarrada em uma cadeira de madeira. Ainda assim eu repetia as palavras, eu sempre as repetia depois dos meus pesadelos corriqueiros. Tudo mudou depois que eu fiquei sozinha. Tudo!
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Yuuh!
Saudações, jogadores!
Fiquem com um gostinho do que vem posteriormente.
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Fúria In Bordeland
FanfictionApós caminhar um pouco, entrei na primeira casa que encontrei e corri para o banheiro pronta para começar meu plano. A milícia estava atrás de mim, então não iria demorar para eles me encontrarem. Me olhei no espelho e encarei o meu reflexo. Roupas...