Capítulo 25 - Cuidado Com A Fera

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12:40

Estava de pé, na pequena fila do almoço, enquanto segurava uma garrafa de água gelada e os pensamentos dançavam pela minha cabeça.

Mira e Chapeleiro não valiam um centavo. De todos ali, acho que eles tinham se superado quando bolaram aquele plano. Se bem que, parando para pensar, Chapeleiro não parecia ter cabeça para planos mirabolantes, mas não se podia dizer o mesmo de Mira. Aquela mulher causava arrepios em qualquer um. Eu ainda não tinha esquecido que ela era a olheira do jogo e de como ela repetiu a mesma fala que a minha durante o término do mesmo. Aquilo foi muito estranho.

Dei mais um gole na minha água e me voltei para frentre, depois de analisar o espaço a minha volta.

Eu sinceramente, não sei como estava me mantendo de pé. O dia estava quente como o inferno e eu estava pior que o bagaço da laranja. Eu estava dolorida, desidratada, fedida e faminta, ou seja, a morte em pessoa.

Apesar do horário, o refeitório ainda estava bastante movimentado. Isso porque algumas pessoas ainda estavam à mesa, conversando animadamente, mesmo após a refeição.

- O que acha de terminamos o que começamos , dias atrás? - Niragi sussurrou perto do meu ouvido, me fazendo arregalar os olhos de susto pela sua chegada repentina.

E falando no diabo.

Depois do Chapeleiro, agora, Niragi viria a ser o segundo com mais chances de ser morto. Ele não me deixaria matar Yuki, era instável demais, podendo me entregar a qualquer minuto e tinha me irritado de um jeito. Eu sentia tanta coisa quando estava perto dele, tantas emoções e nenhuma delas eram agradáveis. Ele não era um homem agradável.

- Nem que você fosse o último homem da face da terra, Niragi! - disse seu nome com desgosto, enquanto segurava, com força, a garrafa d'água

Ele não precisava me dizer do que se tratava, o tom malicioso em sua voz, me fez torcer o nariz e ter uma ideia do que ele queria terminar.

- Não foi o que pareceu quando eu estava no meio das suas pernas dias atrás. - provocou e eu me virei, ficando de frente para ele.

Seus olhos me analisaram rapidamente, e eu percebi quando ele demorou para desviar o olhar do meu pescoço. Diferente de mim, ele estava ótimo e isso me irritava profundamente.

- Você sabe que eu fiz aquele sacrifício por um bem maior. - O olhei bem nos olhos antes de continuar. - Caso contrário, você nunca, jamais, em hipótese alguma, teria estado no meio das minhas pernas. - afirmei, voltando a minha posição anterior.

- Claro que sim. - O moreno voltou a sussurrar ao pé do meu ouvido.

- Quer parar com isso! - movi as mãos, como se estivesse espantando um mosquito irritante. - O que você quer? - questionei, incomodada.

- Por que você sempre me trata desse jeito? Estou começando a achar que você não gosta de mim. - fez um drama e continuou.

- Não sei, deve ser porque eu não gosto de você. - respondi rude.

- Você parece ótima. - se colocou na minha frente e tocou minha cintura, próximo do ferimento, me fazendo gelar. - Já está me respondendo e tudo. - se aproximou mais, fazendo meu coração acelerar. - Deveria ser mais contida, não acha? - disse baixo, tocando meu rosto ferido, me fazendo estremecer e dar um passo para trás, sentindo uma onda de nervosismo me invadir.

O homem sorriu com as mãos no ar e eu fiquei surpresa, com a minha atitude. Eu nunca tinha recuado antes, independente do perigo e do medo, eu nunca recuava. No entanto, automaticamente, quando ele me tocou, eu senti a necessidade de me afastar. Niragi, não me trazia nada além de um enorme desconforto, um misto de ansiedade, que fazia meu estômago embrulhar e um frio na coluna, que causava arrepios por todo meu corpo. Ele me trazia uma onda enorme de desconforto. Ele era tão louco quanto Yuki. Era tão perigoso quanto. E precisava, com toda certeza do universo, estar no segundo lugar da minha lista.

Fúria In Bordeland Where stories live. Discover now