Capítulo 37 - Benefício Da Dúvida

190 22 48
                                    


— Sabe, achei que brincar de médico e paciente tinha a ver com algo sexual e prazeroso, mas sempre que fazemos isso, mais desprazer eu sinto. — comentou, enquanto eu sentia o líquido entrar no meu corpo, pela terceira vez.

— Não fode, Chishiya. — fecho os olhos, sentindo o suor escorrer pelo meu rosto. — Eu não pedi para você fazer isso, só pedi que me trouxesse aqui. — argumentei, me controlando para não gemer ao sentir uma fisgada no estômago.

Tinha certeza que iria encontrar alguma coisa para dor aqui, afinal de contas foi nessa enfermaria que Ann me ajudou da última vez.

— De nada.— resmungou, irônico, retirando a agulha do meu braço. — Vamos esperar mais cinco minutos. — se afastou e pousou o objeto na mesa, de frente a maca onde eu estava.

— Merda. — xinguei e apertei a toalha contra meu ferimento, rezando para a morfina fazer efeito.

Tudo culpa daquele maldito e daqueles desgraçados que me entregaram. Eu vou acabar com eles.

— Me dá, deixa eu ver. — pediu e eu o fitei, deixando meus pensamentos mórbidos de lado. — O quê? Você está deplorável. — apontou, agora me fazendo o reconhecer.

— Não precisa. — retruco, virando o rosto e esperando o narcótico fazer efeito.

— Deixa de ser teimosa. — agarrou no meu pulso e puxou o tecido das minhas mãos, me fazendo arfar pela dor.

— Filho da puta. — me curvei para frente e me apoiei nele, sentindo o local pulsar. — Eu deveria ter atirado em você. — falei, lembrando de como ele levantou as mãos e disse que estava ali para me ajudar.

Nanico traiçoeiro.

 — Qual é! Isso não teria acontecido se você não fosse tão teimosa. — retrucou, se aproximando e tocando minha barriga. — Eu iria perguntar se podia, mas levando em conta seu orgulho, acredito que não iria me deixar ajudar. — argumentou e eu suspirei ao senti a dor diminuir.

Fechei os olhos e respirei fundo, me sentindo mais aliviada. Eu precisava disso para conseguir ir até o fim com os outros crápulas.

— Tá doendo? — questionou e eu levantei o olhar. — Tô machucando? — perguntou novamente, me fazendo baixar o olhar e negar com a cabeça antes de tocar suas mãos, as afastando de leve.

Ele pareceu levemente confuso no início, mas logo se afastou parecendo encabulado.

— Está fazendo efeito. — olhei de relance para a agulha.

— Isso é bom. — continuou, pegando atadura, gaze, soro fisiológico e outros materiais. — Isso também não está tão ruim quanto parece. — me fitou, antes de colocar os itens ao meu lado e começar a trabalhar. — Para uma mulher extremamente orgulhosa, vejo que você tomou os remédios como eu pedi. — comentou, dando um meio sorriso, enquanto eu acompanhava seus movimentos rápidos e habilidosos. 

Ele conseguia ser irritante até mesmo quando estávamos de boa.

— Bom saber que você está se divertindo, Chishiya. — disse irônica, me controlando para não bater nele. — Aliás, o que diabos você está fazendo aqui e por que roubou as cartas? — indaguei, curiosa, fazendo ele acabar com o espaço que tinha entre nós e voltar a me tocar. — Digo, ambos sabemos que não existe a possibilidade de conseguir algo com as cartas, mas mesmo assim você as roubou e ainda está aqui. Por que? — voltei a questionar, procurando seus olhos.

Fúria In Bordeland Where stories live. Discover now