Fúria In Bordeland

Capítulo 5

19:50

Não bastava ter perdido minha manhã, kuina decidiu que deveria me mostrar o lugar, então, após o almoço, passei a tarde andando de um lado para o outro com ela. Nesse tour cansativo, após falar e me arrastar para tudo que é canto, a morena acabou por me convencer de ir a maldita festa. Ela demonstrou ser tão insistente quanto a morena menor - Ann. Isso foi algo que eu percebi sobre ela, ela não era só insistente, mas também persuasiva. Só aguentei o maldito tour graças a ela. Ela explicava tudo nos mínimos detalhes e ficava extremamente sexy com um cigarro entre os lábios.

Já era noite e nenhum maldito banho eu pude tomar. Pior do que os pensamentos na minha cabeça, só a peruca que coçava sem parar e o suor, constante, que eu sentia em meu corpo. Kuina havia me falado sobre uma proposta e eu, finji estar completamente curiosa. Eles eram espertos. Com certeza queriam me usar para algo maior, então eu decidi usá-los também.

Cocei mais uma vez a peruca e olhei ao redor a procura dos dois patetas. Apesar de estar habituada a estar sozinha, pela primeira vez, em muito tempo, eu não estava confortável de estar sozinha. Os olhares direcionado a mim estavam me incomodando, sem contar nos sussurros irritantes. Por onde eu passava, eles apontavam e diziam coisas, como: "Olha lá, o novato do Niragi!" Idiotas! Nem conseguiam disfarçar.

- Olha só o que temos aqui! - falando no diabo. Levantei o olhar e encarei o moreno. - Vejam se não é o mais novo membro da milícia! - exclamou Niragi, acompanhado do loiro e do rabisco.

Kuina havia me falado sobre eles, principalmente sobre o moreno de piercing. Os três faziam parte da milícia, mas Niragi era o que mais se destacava, sobretudo, o seu comportamento. Ela me contou que por trás de toda aquela beleza e charme, havia um homem cruel, capaz de fazer tudo de ruim que eu pudesse imaginar. O rabisco não ficava para trás, por debaixo dos farrapos e das tatuagens, existia um homem perturbado, que respirava caos e o disseminava. Já o loiro, este era um fantoche, assim como boa parte dos outros milicianos. E foi exatamente por esse motivo que eu baixei o olhar, o ignorei e tentei sair dali.

- Que isso, não seja desagradável! - disse entrando na minha frente, impedindo a minha passagem. - O que houve, Hãn? - perguntou se aproximando. - O gato comeu a sua língua? - seu hálito quente batia no meu rosto por conta da sua proximidade desnecessária - Você estava bem animadinho quando chegou! - sussurrou lambendo os lábios.

- Já ouviu falar de espaço pessoal? - perguntei, logo em seguida, o empurrando. Não queria confusão, mas era perceptível que ele queria.

- Era disso que eu tava falando! - começou me puxando pela camisa e ficando sério. Maluco. - Sabe, daqui para frente, você deveria tomar cuidado, não é porquê aquele palhaço disse que você fazia parte da milícia, que você é alguma coisa aqui! - disse de forma ameaçadora, me olhando fixamente.

- Deixa o cara, Niragi! - Ouvimos a voz de Chishiya que acabará de chegar, acompanhado da morena.

- O quê? - o moreno me soltou e se pôs ao meu lado, jogando os braços encima dos meus ombros. - Você e essa sua mania de só esperar o pior de mim, Chishiya. - disse dando tapinhas nas minhas costas. - Eu só estava dando as boas vindas ao nosso novo colega e o elogiando pela luta.

- Quem ver pensa. - disse Kuina com um cigarro nos lábios. - Vem, Kyle! - chamou e eu levei alguns segundos para perceber que ela estava falando comigo.

Quando eu estava prestes a sair dos braços do moreno, ele pousou a mão direita no meu peito, num sinal claro de pare. Ele baixou um pouco a cabeça, por causa da nossa diferença de tamanho e sussurrou, apenas para que eu escutasse.

- Você não vai durar uma semana! - disse me mostrando a língua. Ah, filho de uma égua.

- É o que vamos ver! - disse simples. Ele riu, a mesma risada histérica de antes da luta, deu duas batidinhas nas minhas costas, tirou os braços dos meus ombros e começou a se afastar juntamente de sua matilha.