Capítulo 38 - Acerto De Contas

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Perdão. 

Dizem que o ato de perdoar pode ser curativo tanto para quem feriu quanto para quem foi ferido. Isso não é totalmente mentira. Mas existe feridas que demoram mais tempo para cicatrizar. Feridas cuja a dor você está fadado a repetir e repetir, até ela cicatrizar completamente. E até que isso aconteça, parece que o sofrimento é infinito.

Para mim, isso iria levar muito tempo, então, presa aqui e talvez fadada a morrer aqui, decidi que eu mesma iria lamber as minhas feridas e me curar. Mesmo que isso significasse outra perseguição... Quando o sangue é de uma pessoa que não vale merda, não tem problema você derramar.

Vingança não é justiça, é pagar o mal com o mal. Agora eu percebo isso. Mas em contrapartida, ela é um alívio para quem sofreu mudo por tanto tempo. Não só pela satisfação de ver quem tanto te prejudicou se dar mal, mas também porque você sabe que ele jamais vai machucar, humilhar e quebrar outra pessoa como fez contigo. E essa sensação, essa sensação era maravilhosa. 

Destravo a arma e ansiando acabar com o lunático, levo a mão a maçaneta, giro a mesma e empurro a porta, vagarosamente. 

Eu esperava encontrar o homem sozinho com a mais nova, mas fui surpreendida ao encontrar mais pessoas dentro do quarto.

Achava que não iria me abalar quando o encontra-se novamente, mas mesmo assim procurei me preparar psicologicamente. Entretanto, nada me prepararia para a cena que eu estava vendo. 

Imediatamente fiquei tensa e senti meus olhos queimar com a visão.

Niragi estava encima da menor e seus comparsas, de maneira covarde, estavam a mantendo presa na cama para que o maior se aproveitasse como bem quisesse. Dois homens e duas mulheres.

Desgraçados.

A cena em si era muito dolorosa e as lembranças eram pior ainda. Lembrar do infeliz que tentou se aproveitar de Yuna e logo em seguida do infeliz que tentou se aproveitar de mim e que agora estava fazendo o mesmo. Lembrar das mesmas palavras. Do mesmo toque. Do mesmo autoridade. E da mesma violência. Isso era sufocante demais.

Respiro com certa dificuldade e tentando me manter no agora, invado a sala. Totalmente possuída pela raiva.

Niragi era o homem, que depois de Yuki, mais tinha me ferido e eu iria acertar as contas com ele naquele exato momento. Eu disse o que aconteceria se ele tentasse novamente. Eu avisei. Eu fui bem clara.

Seguro a arma, com força, mirando em cada um deles e sorrio para o primeiro que se da conta da minha presença.

— Merda. — o homem a direita do lunático expressa, fazendo os demais me encarar.

A expressão deles logo muda de diversão para surpresa e logo em seguida, medo. 

Meu sorriso cresce. Um sorriso de puro ódio e desprezo.

— Kira? — Niragi sibila meu nome, também surpreso, arrumando a postura, sobre o corpo da menor. — O que acha que está fazendo, boneca? — questiona ficando sério, quando eu aponto a arma em sua direção.

— Eu disse o que aconteceria se você ousasse fazer o mesmo com outras pessoas, não disse? — grito, sentindo meu peito doer e a palma da minha mão suar. 

— Calma, boneca. — elevou as mãos para o alto, me fazendo tremer de raiva, pelo maldito apelido e pelo nervosismo. — Você não atiraria em um homem desarmado, atiraria? — abri um sorriso inocente, duvidando totalmente de mim. 

Fúria In Bordeland Where stories live. Discover now