Capítulo 2

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07:15

Estava tudo escuro e eu sentia minhas mãos atadas. Estava presa, mais uma vez, em uma cadeira de madeira. Delícia de conforto. Senti a venda ser tirada dos meus olhos e finalmente pude respirar. Eu não precisava abrir meus olhos para saber onde estava, eu sabia exatamente onde estava. O cheiro do whisky e da maré me fez saber que eu estava, mas cedo do que o esperado, de volta ao inferno.

Eu estava certa afinal. Após sair da casa e caminhar um pouco, fui encurralada pela milícia. Eles até que foram gentis, provavelmente receberam ordem para tal ato. Abri meus olhos e olhei ao redor me arrependendo instantaneamente. Se não tivesse acordada, pensaria que estava em um pesadelo. No cômodo percebi, alguns rostos já conhecidos, Mira, alguns membros da milícia, Aguni e é claro, o chapeleiro. Infelizes! Os demais eram todos desconhecidos aos meus olhos.Tentei me mover, mesmo estando amarrada, mas parei assim que senti a ferida da minha barriga doer. Merda

Fechei os olhos e tombei a cabeça para trás. Raiva, eu estava fervendo de raiva. Abri os olhos e me virei para os demais presentes na sala e perguntei, fazendo minha melhor voz:

— Porquê estão com roupas de praia? — observei o chapeleiro tirar o óculos e apertar os olhos em minha direção, alguns se entreolharem, outros cochicharem entre si, mas houve um que soltou uma risada histérica. Senti um nervosismo me invadir e como consequência comecei a suar frio.
Merda, merda. Será que eles sabiam quem eu era? Afinal, eles me revistaram e tiraram minhas facas, exceto a da bota, pois essa, eu conseguia sentir. Mas eles poderiam ter visto algo, certo? 

— Essa é mesmo a sua primeira pergunta, garoto? — Perguntou o homem da risada histérica. Ele era bem atraente. Ele estava apoiando uma arma nas costas e tinha o rosto cheio de piercings. E apesar dos lábios carregarem um sorriso, seus olhos eram frios e opacos. Mas eu não me deixei intimar por ele, pelo contrário, relaxei assim que o escutei me chamar de garoto.

— Bom, uma hora ou outra, eu teria que perguntar, certo? — soltei uma risada pelo nariz, fazendo alguns me olharem e em seguida olhar para o doido histérico, esperando ansiosamente sua resposta. Ninguém aqui tem o que fazer não?

— Chefe posso mata-lo? Não gostei do tom dele. — O moreno dirigiu a palavra ao "Grande" Aguni que, agora, tinha uma bela de uma ferida na cara. Isso com certeza era recente, pois, quando jogamos, ele não estava assim e nem se machucou durante o jogo. De qualquer forma, eu queria muito encontrar a pessoa que fez aquela obra na cara dele e a parabenizar. Diferente do histérico que carregava uma arma, Aguni não estava com nada. Mas eu sabia bem que com ou sem arma, se ele soubesse quem eu sou, não pensaria duas vezes em me matar. O homem apenas me olhou com um olhar sério e não disse nada.

— E eu não gostei da sua cara! — falei o fazendo me olhar. — Me diz, se eu encontrar uma pistola de pregos, você me deixaria atirar mais alguns na sua cara? — terminei a frase vendo as pessoas me olharem, um tanto, surpresas?

— O que disse, seu pirralho filho da puta? —  o homem começou a se aproximar, enquanto tirava sua arma dos ombros e apontava para mim.

— Aguni! — O Chapeleiro gritou fazendo Aguni se pronunciar pela primeira vez.

— Niragi! — Aguni disse, calmo e em bom som. O garoto estacou no chão, me olhou por mais alguns segundos, baixou sua arma e deu um sorriso sádico, enquanto voltava para junto de sua matilha.

— Bom, eu peço desculpas por isso, não é sempre assim, eu te garanto, mas vamos ao que interessa. — disse o chapeleiro enquanto se mexia de um lado para o outro. — Eu sou o chapeleiro e essa é a utopia, a praia, o nosso lar. — continuou enquanto preparava uma bebida — Vamos começar respondendo sua primeira pergunta, que tal? — Então ele começou a dar seu discurso já conhecido por mim. Enquanto ele não parava de falar, eu imaginava várias formas diferentes de arrancar a cabeça dele. 

Fúria In Bordeland Where stories live. Discover now