Capítulo 3

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Mata leão. O rabisco estava tentando me dar um mata Leão. Com agilidade, abaixei minha cabeça, grudando meu queixo no pescoço e o virei em direção do seu cotovelo, logo em seguida, empurrei seu cotovelo para cima, me livrando do golpe. Não dando tempo para ele pensar ou tentar algo, eu o derrubei no chão. 

Me afastei e respirei fundo, enquanto levava as mãos para meu pescoço dolorido. O homem levantou irritado e tentou vir em minha direção, mas parou quando ouviu a voz de Aguni.

— Last Boss! — o rabisco então se afastou, me fazendo olhar para Niragi.

Agradeço a meus pais pelas aulas de luta focada em defesa pessoal. De início, quando eu cheguei nesse mundo com Yuna e Yuki, os jogos não envolviam tanta violência, mas ao passar dos tempos, eu precisei usar das minha habilidades para me defender. Eu lutava desde os quatorze, comecei por ter problemas com a autoestima, mas continuei quando comecei a crescer e vi que o mundo não era arco-íris. Principalmente com as mulheres. Se eu não me defendesse, ninguém o faria por mim. 

Para a minha surpresa e as dos demais na sala, eu já havia derrotado o loiro e o rabisco, só me restava agora, o moreno histérico. Este me olhava como se eu fosse sua maldita caça. E pior, eu era. Estava cansada e ferida. Ele tinha a total vantagem ali. O garoto avançou sobre mim e tentou me socar, mas eu desviei se afastando do mesmo. 

— Acaba com ele, Niragi! — gritou um garoto o incentivando. A se eu pego.

O moreno continou avançando contra mim e em uma de suas investidas, me socou, fortemente, no lado direito do rosto. O soco me fez cambalear para trás e o líquido que escorreu do meu nariz me chamou a atenção. Sangue. O homem tentou se aproveitar do meu momento e me acertar novamente, todavia, num movimento, imprevisível, ainda sem me recuperar do soco, eu o acertei com um forte soco na garganta. O homem tossiu e levou as mãos ao pescoço, antes de me olhar como se quisesse comer meu fígado. Eu avancei sobre ele, mas o mesmo me surpreendeu de uma forma muito, muito baixa. O garoto me golpeou na barriga, bem no meu ferimento. Eu gemi de dor e ele, sem perder tempo, me deu outro soco, dessa vez me fazendo cair. Porra!

— ESTÃO GOSTANDO? — podia sentir sua empolgação sem nem mesmo olhar para ele. Levei a mão a minha barriga e senti o líquido quente molhar a mesma. Apertei os olhos e tentei não gemer, enquanto me levantava. Não cheguei tão longe para cair nessa jogada suja.

— Quer mais? — Ele me olhou. Não só ele. Eu sentia a atenção de todos em mim. Tirei a mão da barriga e o vi sorrir ao vê o vermelho manchar minha camisa.

— Eu estou só começando. — disse louca de raiva. Ele sorriu enquanto me rodeava feito um maldito abutre. Ele avançou, eu forcei meus pés a se afastarem. Ele tentou me acertar, entretanto eu desviei. Ele então fez, de forma previsível, o que eu tanto esperava. O homem tentou acertar meu ferimento, mais uma vez. Todavia para sua surpresa, eu segurei seu braço e puxei a gola de sua camisa para baixo, fazendo sua respiração bater em meu rosto. O garoto me olhou ainda mais surpreso, mas antes que ele pudesse fazer algo, eu acertei minha cabeça em cheio na sua.

Aquilo doeu, mas vê o sangue escorrer pelos lábios de Niragi e manchar sua camisa, me deixou satisfeita. O moreno ainda tinha as mãos nos lábios, quando eu me aproximei e de forma rápida, apoiei minhas mãos no chão, o derrubando e com os pés. O garoto tentou levantar. Ah, mais não vai não! 

Subi em cima do moreno, sentei em sua barriga e rapidamente puxei a faca, que estava em minha bota a levando para seu pescoço.

— Quietinho! — forcei a faca quando ele tentou levantar. — Acha que eu estou brincando? — eu queria rasgar a garganta dele. Mas eu sabia que se eu ousase derramar o seu sangue, teria que dar adeus para minha segunda chance. Então assim que ouvi a voz do Chapeleiro, forcei meu corpo a sair de cima de Nigari que tinha um sorrisinho estupido no rosto.

— Parece que temos um novo membro na milícia. — Chapeleiro comecou, enquanto olhava para os demais. — E que membro! — me olhou, enquanto eu tentava, com toda força, me manter de pé. Uma mão no ferimento e a outra, segurava fortemente a pequena faca. — Saúdam o novo membro... — mexeu as mãos enquanto esperava eu dizer meu nome.

— Kyle. — sorri. Eu consegui! Não conseguia acreditar, mas eu consegui. Parecia piada e se eu não tivesse lutado, ferida, contra aqueles três, diria que foi fácil.

— KYLE! — o Chapeleiro gritou e uma pequena multidão, inclusive alguns membros da milícia, o acompanhou. Olhei para Aguni e vi que o mesmo continuava sério, já Niragi, Last Boss e o loiro, me olhavam meio sem acreditar. Yuki me olhava surpreso e ao mesmo tempo irritado. Ah, eles não perdem por esperar, ainda tem muitas surpresas, principalmente para você, meu querido Yuki!

— Ele precisa de cuidados! — vi uma mulher de cabelo curto falar para o Chapeleiro, que concordou com a cabeça.

— Venha comigo! — a mulher veio em minha direção e me entregou uma toalha, a qual eu imediatamente, coloquei no meu ferimento.

— Você é médica? — perguntei com dificuldade.

— Perita criminal para ser mais exata. — respondeu me olhando.

— Eu posso cuidar disso, só preciso de linha e uma agulha! — falei para que só ela ouvisse.

— Vai fazer a própria sutura? — ela colocou a mão no meu ombro. — vem aqui. — coloquei meu braço por cima do seu ombro para que eu pudesse me apoiar, enquanto a garota me guiava para fora daquele circo.

— Acha que eu não consigo? — perguntei de modo desafiador, enquanto passava os olhos pela sala.

— Depois daquela luta... — ela fez uma pausa e eu percebi que o homem platinado e a mulher de tranças me encarava fixamente. — Acho que você pode fazer tudo. 

— Eu também acho. — praticamente me arrastei para fora da sala, mas não sem antes olhar nos olhos do platinado e lhe mandar um tchau assim como ele fez antes da minha luta.

Hey, sobreviventes!

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