Capítulo 26 - Fogo no parquinho

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— Ariasu? — observei, confusa, o Cascão parado na minha porta, prestes a bater.

— Oi. — me cumprimentou e me fitou como se pudesse ver a minha alma. — Não achei que você fosse se lembrar de mim. — coçou a cabeça.

Como não lembrar de você? Acabou de chegar e já sentou na janelinha! Eu tive que lutar contra três!

— Está tudo bem? — questionei, pensando se tratar da milícia.  

— Sim. — assentiu com a cabeça.

— Precisa de algo? — questionei e mais uma vez ele concordou.

— Sim. Não. Sim. — se contradisse, negando com a cabeça e depois concordando, me fazendo ficar mais confusa.

Suspirei, largando a maçaneta e me apoiando em um dos pés, me encostando na porta. 

Ótimo. Mais um doido.

— O que quer? — fui direto ao ponto, cruzando os braços, já ficando impaciente.

— Na verdade, eu vim te agradecer. — apertei os olhos. — Por nós defender.

Quase suspirei aliviada, mas me controlei.

— Não foi nada. — dei de ombros, fingindo não ter importância.

Eu estava começando a me preocupar novamente e não é que sentimentos fosse algo ruim. Mas criar laços nesse lugar, não deveria ser algo que pudéssemos fazer. Não quando eu tinha objetivos totalmente opostos a fazer amizade. 

— Ele iria quebrar as minhas pernas, você me salvou. Como isso pode não ser nada? — questionou, me fazendo sentir algo estranho no peito.

Merda de sentimentos mundanos. Primeiro o Chota, depois a Kuina, então o Tatta e agora ele. Céus. 

— Então disponha. — pedi séria, voltando a ficar ereta.

— Se você precisar, eu vou. — respondeu, também sério.

 — Ótimo. — sorri sem mostrar os dentes.

— Tem mais uma coisa. — colocou uma mão na porta, quando eu fiz menção de fechar a mesma.

— O que é? — perguntei o olhando atravessado. 

Arisu era astuto e bastante observador. Eu lembro dele questionando o motivo de jogar separado dos amigos como se fosse hoje. Ele foi o único que de fato me ouviu. E eu deveria tomar todo cuidado com ele. Ele poderia reconhecer a minha voz ou até a minha cara. Para falar a verdade, o mas sensato a se fazer era evita-lo. Mas ele não facilitava.

— Soube que você foi quem sobreviveu mais tempo lá fora. — voltei a apertar os olhos, desconfiada. 

Ele andou perguntando sobre mim?

— E? — o encorajei a continuar, levantando uma sobrancelha.

— Nunca soube de ninguém que pudesse ser o mestre do jogo? — questionou, fazendo os meus neurônios esquentar.

— O mestre do jogo? — o olhei, querendo saber o que ele queria dizer com aquilo.

— Sim, o cabeça por trás de tudo isso, o culpado pela morte dos meus amigos. — me olhou intensamente. — a única pessoa capaz de tirar Usagi daqui. — disse fazendo as engrenagens na minha cabeça trabalhar.

O cabeça por trás daquilo? Mestre? Ok. Eu nunca tinha pensado nisso antes. Quando eu voltei eu só ligava para a minha vingança, não tinha pensamentos para outra coisa, até agora.

— Usagi? — repeti o nome, em dúvida. — A garota que veio com você? — ele assentiu com a cabeça. — E você? Não quer ir embora? — questionei, curiosa.

Fúria In Bordeland Where stories live. Discover now