Capítulo 16

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Assim que saí do quarto, seguindo pelo lado oposto do platinado, as luzes começaram a piscar freneticamente e o corredor rapidamente foi tomado por uma multidão. A grande maioria estava tropeçando de bêbado e a outra estava em um quase coma alcoólico, sendo carregados por outras pessoas. Eram poucos os que pareciam de fato sóbrios, então eu estava conseguindo passar sem nenhuma interferência. 

— Viva a utopia! — um maluco berrou se lançando contra mim, quase me levando ao chão. Ele fedia a álcool e estava terrivelmente bêbado.

— Saí. — berrei o empurrando, enquanto tentava passar pela multidão de corpos suados. Um verdadeiro caos.

Cada segundo ali, me lembrava meu último dia no outro mundo. Do banheiro imundo que estávamos, do telefonema ao motorista, da garota que entrou dizendo que Yuki tinha sido expulso, do calor da palma de Yuna me arrastando por entre a multidão, do enorme apagão, das pessoas agitadas e da gente chegando aqui.

Cheguei no andar que me levaria até meu quarto, desci as escadas com pressa e assim que virei para entrar no corredor, percebi uma multidão mais a frente e parei, me escondendo atrás da parede. 

Fiquei ali observando o que estava acontecendo e assim que meus olhos pousaram nele, eu paralisei e involuntariamente meus músculos se contraíram. Ele falava, quase gritando, enquanto gesticulava furiosamente com alguns membros a respeito de haver mais invasores na praia. Eu me encostei na parede do corredor, completamente angustiada pelas palavras do homem e continuei escutando o que ele dizia. 

Agarrei fortemente na barrinha do meu vestido e comecei a morder os lábios, no momento que Yuki pediu para os milicianos fazer uma busca pela praia a procura de qualquer um que parecesse suspeito. Ele não acreditava que os dois invasores estavam sozinhos, então exigiu uma busca. Me ferrei.

Me abaixei, tentando o máximo não emitir qualquer som e comecei a retirar as sandálias prateadas que Kuina encontrou para mim. Forcei meu corpo a sair do lugar quando ouvi os sons de passos se aproximar e rapidamente, numa adrenalina, comecei a refazer todo meu caminho de volta.

Inferno.

Eu estava quase na porra do meu quarto e agora não tinha ideia do que eu estava fazendo. O quarto da Kuina ficava do outro lado e não sabia para onde ir. Me encostei numa parede e respirei fundo, tentando pensar em algo, mas a única coisa que consegui fazer foi ser dominada pela minha raiva e começar a xingar sem parar. Isso era tudo culpa do crápula do Yuki e dos milicianos cabeça de camarão. Tudo culpa desses invasores idiotas. Tudo culpa da porra do Niragi que me fez perder tempo. Tudo culpa do desgraçado do Chishiya. Tudo culpa dos... O Chishiya! De repente parecia que uma lampada tinha acendido na minha mente, tipo naquelas cenas de desenho animado. O quarto do Chishiya. Ele tinha me colocado nessa situação, ele iria me tirar dela.

Voltei a correr quando voltei a ouvir passos se aproximando e assim que cheguei na frente do quarto do platino, invadi sem me importar com o depois. Fechei a porta com força e continuei segurando na maçaneta, enquanto encostava a cabeça na porta, tentando controlar a minha respiração. 

—  O que merda você esta fazendo aqui vestida desse jeito? — assustei-me ao ouvir a voz do platinado. Me virei e dei de cara com ele, que me olhava completamente surpreso em sua cadeira, frente a escrivaninha.

— Cara, eu não acredito que vou dizer isso, mas eu nunca fiquei tão feliz por ver você. — disse tudo rapidamente, fazendo ele apertar os olhos e franzir a testa.

— O que houve? — ele perguntou levantando e me olhando atentamente.

— Yuki e os milicianos. — comecei dando um passo a frente, ainda tentando normalizar minha respiração. — Eles estavam no corredor do meu quarto e Yuki deu ordens para que vasculhassem a praia a procura de qualquer um que parecesse suspeito. — contei o que se passou ao homem.

Fúria In Bordeland حيث تعيش القصص. اكتشف الآن