•35•

17.9K 1.1K 212
                                    

+ 50

Luiza 🦋

Assim que ouvi o portão de fora abrir corri deitei no sofá, pra fingir que tava dormindo. Puxei a coberta e virei pro outro canto, ouvindo o Deco entrar em casa cantando.

Deco : Ele carrega minha bolsa, ele abre a porta do carro, ele me chupa todinha de quatro, não tira a calcinha, só arreda de lado. -Segurei pra não ri e ele colocou as mochilas dele no chão.

Deco : Ô vagabunda, precisa fingir que ta dormindo não, porque quando ce dorme ce consegue ser mais feia que isso. -Ele deu um beijo na minha bochecha e ficou fazendo cosquinha até eu acordar.

Luiza : Para caralho. -Falei rindo. -Vagabundo é você, da um tapa nesse seu ombro, pra você aprender a me respeitar.

Deco : Vou tomar banho, me espera aqui que a gente vai conversar. -Ele saiu do meu campo de vista e eu fui pra cozinha, fazer comida pro gato.

Já tinha preparado tudo, só ia esperar ele chegar mesmo pra colocar as coisas no fogo. Eu fiz strogonoff de carne com batata frita.

Coloquei minha musiquinha na jbl e só sai na varanda pra pegar hortelã pro suco. Bati o abacaxi e coloquei na geladeira.

Montei a mesa e deixei o strogonoff no fogo. Ele desceu de novo, agora só com a bermuda da nike e abriu a geladeira, pegando água.

Luiza : Já pode comer se quiser. -Peguei meu prato e coloquei arroz e o strogonoff, colocando a batata por cima.

Ele fez o mesmo e sentou na minha frente na mesa, enquanto brincava com a Sol, que não sai do pé dele.

Deco : O que a gente tinha combinado aquele dia mesmo? -Ele perguntou e eu fiquei calada, continuando a comer.

Luiza : Ele não dormiu aqui, juro que não. O que rolou foi que ele veio aqui, a gente lanchou e assistiu um filme, mas quando eu acordei ele nem tava aqui mais. -Falei tranquila, realmente, foi o que aconteceu.

Deco : Ta, isso é o de menos, Lu. É que não é isso. Eu vou te explicar, pelo meu ponto de vista, sem questão de ciúmes ou algo do tipo. Não importa se é o Cadu, tô usando ele de exemplo, porque é a realidade. Vamos supor que o rolo de vocês fique mais sério, tu vai ter que abrir mão de muita coisa, entende? Como minha irmã, você já é um alvo, Luiza, como irmã. Sendo mulher, tudo aumenta, tudo complica. Eu não quero que você passe prioridade de outras pessoas na frente das suas. Você vai fazer o que? Desistir da sua tão sonhada faculdade de medicina? Vai deixar de conhecer os lugares que você quer? Porque vai ficar com um alvo muito maior nas suas costas? Não vou jogar na tua cara, que pago suas contas ou seu curso, porque isso é o de menos, é mais do que minha obrigação cuidar de você. Mas meu bem, se você decidir mais pra frente, que realmente quer abrir mão de determinadas coisas na sua vida, eu vou te apoiar, mas eu faço questão que você tenha na sua mente, todas as consequências. Por mim de boa você ficar com ele e com quem você quiser, é sério, na moral, mas pensa no amanhã.

Só sei que meu olho ficou real pesado, de tanta lágrima, passei a mão no rosto limpando. Ele não ta errado, isso é fato. Eu lutei tanto pra conquistar aquela vaga, por ter a liberdade que meu pai e o Luan não tem, já que abriram mão da liberdade deles, pela minha.

Concordei com a cabeça e ele pegou na minha mão, passando o polegar nela. Terminei de comer e sair da cozinha, subindo direto pro meu quarto.

Chorei, chorei pra caralho, aquilo foi um balde de água fria em mim. Talvez seja a melhor opção conversar com ele, sobre isso.

Tomei um banho e lavei meu cabelo. Vesti roupa e o Deco bateu na porta do quarto e eu mandei ele abrir.

Deco : Ta de boa? Desculpa se falei alguma coisa que te deixei chateada.

Luiza : Eu tô, relaxa. Não falou nada do que não fosse verdade. Eu vi os meninos falando no grupo, vai descer pra praça também?

Deco : Vou, vamo lá. -Passei meu perfume e calcei minha havaianas, saindo atrás dele.

Luiza : Viu a foto que a Luiza postou com aquelas meninas? Jesus pai amado, o cúmulo do absurdo, postar uma foto feia daquela.

Deco : Ta feia por que tu não tá lá né? -Ele perguntou rindo e eu dei um tapa nas costas dele. Ele trancou o portão e a gente desceu, parando na praça da igreja.

O Cadu tava, sentando com outra galera, mais longe. Sentei do lado do Deco e entrei no whats, mandando uma mensagem pra ele perguntando se a gente podia conversar, ele respondeu que sim e pediu pra eu marcar dez.

Ele levantou e passou por mim, indo pra trás da igreja, esperei um tempinho e levantei da mesinha.

Deco : Pensa, se tu ta fazendo isso por tu mesmo, viu? Não quero que ce faça isso porque eu te falei.

Concordei com a cabeça e deixei meu celular na mesa, vendo o Deco colocar ele no bolso dele.

Fui pra atrás da igreja e ele tava encostado na parede, mexendo no celular. Me aproximei dele sorrindo e passei meu cabelo pro lado. A questão é, como falar?

Cadu : Ta bem? -Ele me deu um abraço e eu concordei com a cabeça, fazendo a mesma pergunta pra ele. -Tô bem também.

Luiza : Desculpa ter te chamado agora, mas é que eu realmente preciso. Quando eu te conheci, eu tinha uma versão de você, completamente diferente, da  que eu tenho agora, isso eu falo pra quem perguntar mesmo, na minha maior sinceridade. Ce me ajudou demais da conta, sou grata por isso, mas acontece, que não vai rolar da gente se envolver mais, eu sei que a gente não tem nada demais, mas foi um lance que eu curti pra caralho. Mas eu consigo entender, que no momento, minha prioridade é outra coisa, você consegue entender? Eu realmente quero focar nas minhas coisas, ficar na minha. Mas espero que ce seja feliz, as vezes a gente se topa por aí, gosto muito do Henrique também.

Cadu : Tranquilo então, se é o melhor pra você, segue sua vida. Espero muito que você seja feliz e que consiga conquistar as coisas que você queira, fica de boa. -Ele me deu um beijo na bochecha e eu abracei ele, sentindo o perfume dele de novo.

Me afastei dele e voltei pra onde eu tava. Peguei um copo de cerveja e fiquei na minha, até o Deco me chamar pra ir embora.





Recomeçar [M] Where stories live. Discover now