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Luiza 🦋

Sentei na calçada com meu pratinho de bolo e coloquei meu celular no meu colo. Ultimamente as coisas estão meio complicadas, saca?

O motivo do Deco ter saído de casa, fui eu, e eu tô devastada por isso. Ta bom, que eu fiquei puta pra caralho porque ele engravidou a Andressa, mas não justificava, tudo que eu falei pra ele.

Então ele me deu esse espaço, mas tem dois meses já. Ele não deixou de pagar nada, continuo na minha faculdade, tudo certin, mas sinto falta dele, muita mesmo.

E eu me sinto muito otária, porque eu quando afundei, independente da razão de eu estar errada ou não, ele me ajudou.

E por puro ego meu, eu deixei ele sozinho, na pior fase dele. Ele acha que eu não sei, das seringas de heroína, dos dias que ele dormiu na boca e teve que ir pro posto, pra tomar remédio pra dormir.

Deco : E ai mandada. -Ele deu um chute de leve nas minhas costas e eu olhei pra ele, vendo ele sentar do meu lado. -Como é que tu ta? -Ele me olhou e eu apoiei minha cabeça na minha mão.

Luiza : Por que mesmo eu sendo filha da puta, ce vem atrás de mim em? -Perguntei e ele suspirou, negando com a cabeça.

Deco : Porque tu é minha irmã, vagabunda. -Ele me puxou pelo braço e me abraçou de lado. Passei minha mão pela cintura dele, sentindo ele beijar o topo da minha cabeça.

Luiza : Eu sei que meus pedidos de desculpas não vão ser os suficientes pra você esquecer o que eu te falei aquele dia, mas eu tô arrependia, de coração. Eu envolvi nossos pais, sabendo que nem motivo pra isso tinha.

Deco : Foi foda pô, mas eu já esqueci, falando a real com tu, minha preta. Esquenta cabeça não. -Ele me apertou forte e eu respirei aliviada, mas com um pintinho de dor ainda.

Luiza : Eu te amo muito, filho da mãe. Queria tanto que você pensasse um pouquinho. -Ele riu e eu deitei minha cabeça no ombro dele. -Vai voltar pra casa, né? -Perguntei baixinho e ele concordou com a cabeça, dei um beijo na bochecha dele e ele passou a mão no cabelo.

Não adianta, ele faz as merdas dele, mas ele é mais que meu irmão, é meu pai, meu melhor amigo. Ele fez muito por mim e eu quero retribuir de alguma forma.

Luiza : Conversou com a Madu, né? -Ele acenou com a cabeça e eu me distanciei, pra vê o rosto dele.

Deco : Conversei, mas é complicado. Ela não quer render assunto, e ela ta certa pô. -Passou a mão na cabeça e eu concordei com a cabeça. -Mas ela ta gata, né.

Luiza : Deixa de ser otário. -Dei um tapa nele, rindo. -Ta meio óbvio que você não esqueceu ela, e ela também não te esqueceu. A questão é que você foi filho da puta, e ela amadureceu, entende? Então mesmo que ela queire muito, ela vai negar, porque ta cismada de você pisar na bola de novo. Eu sei que no momento ta complicado, mas tu não pode deixar essa situação toda da Andressa, atrapalhar tua vida, óbvio, é um filho né, mas fazer o que.

Deco : Não sei porque tu ta me dando conselho, sendo que tua vida também ta ruim. -Ele tirou o celular do bolso pra conferir as horas e guardou de novo. -Vou vê que que eu faço. Mas e o corno do Cadu em?

Luiza : No caso não tem nada né. A gente não conversa, uai, ele na dele e eu na minha. -Respirei fundo e passei a mão no cabelo. -Mas ele ta suave, eu também tô.

E minha situação ta tão complicada, mas tão complicada, que ele foi o último cara que eu dei, sem zueira. Não sei porque também, foi o único que eu confiei. Eu do risada, mas a vontade é de chorar.

Deco : De bobeira né, os dois fogem, a verdade é essa. Tu chega, ele sai. Tu sai, ele chega. Ninguém se resolveu, só tão evitando contato visual. Conversa com ele, pô, da pra vê que tu não superou. -Ele voltou a mexer no celular rindo e eu olhei pra ele. -Tu é bem gada né, três ficadas, gamou.

Eu fiz cara de deboche, negando, mas pior que é verdade. Não fui atrás dele, porque sou tóxica ao ponto de ficar com raiva de um homem, que não correu atrás de mim, mesmo eu afirmando que não queria mais nada com ele.

Luiza : Nossa vida ta ruim, mas pelo menos tá ruim juntas né, melhor do que nada. -Ele riu e me afastou do corpo dele, levantando. -Vou no banheiro, coisa rápida, me espera aqui que eu te levo em casa.

Concordei e ele deu a volta, entrando na casa de novo. Levantei, tirando a poeira da minha bunda e encostei na parede.

Vi o Cadu sair da casa, pra acender um cigarro e virei meu rosto pra outra direção, sentindo que ele tava me olhando.

Cadu : Que foi que ce ta nessa em? -Ele perguntou assim que eu passei por ele, apagado o cigarro.

Luiza : Tô tranquila, esperando meu irmão só. -Cruzei meus braços e ele riu, passando a mão no rosto.

Cadu : Teu irmão foi embora tem uns 10 minutos, e eu nem tô tirando com sua cara. -Fiquei bolada real, olhei sem entender e ele continuou rindo da minha cara. -Quer ir embora? Eu te levo.

Luiza : Precisa não, vou andando mesmo. -Afirmei e andei, sentindo ele segurar meu braço. -E você em? Ta fazendo o que aqui?

Cadu : Pô, eu vim...ah, eu só vim mesmo, pode não? -Neguei com a cabeça e soltei dele. -Na moral, Luiza, voltar da escala zero é foda né.

KIODIO.

Por que caralhos, ele é tão gostoso né? Deus não colocou defeito, pronto pra Luiza. Logo eu, que sou tão seletiva.

Luiza : Na estaca zero, eu nem te respondia. -Ele olhou pros dois lados da rua e respirou, num ar de riso, encostando na parede e me puxando forte, pela cintura.

Fiquei quase da altura dele, não tiro salto do pé, nesses buraco tudo, do morro, vai vê Luiza andando com salto 15 na rua, eu amo, acho luxo demais. Ele passou a mão no meu rosto e eu continuei com os braços cruzados, olhando pro outro lado.

Cadu : Deixa de marra. Tu sabe que quer. -Olhei pra ele no deboche, que descruzou meus braços com as mãos dele e puxou meu queixo mais pra frente.

Senti uma mão dele na minha cintura e a outra no pescoço, me puxando pra perto dele. Dei três selinhos nele, toda rendida, e ele riu com aquela cara de vagabundo sem dono.

Cadu : Senti tua falta. -Ele murmurou com a boca colada na minha e eu beijei ele, sentindo ele ir bem devagar com o beijo, como se realmente quisesse curtir aquele momento.

(…)

Recomeçar [M] Where stories live. Discover now