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Madu 🕊️

2 meses depois

Eu desci as escadas com cuidado, apoiando mão na barriga e fui direto pra cozinha, pegando meu remédio.

Aconteceu tanta coisa, em dois meses que eu nem consigo entender o que eu sinto direito.

Depois que os meninos foram pra Angra, tentar me "resgatar" eu precisei escolher entre ficar no morro, ou continuar com o R7. E foi foda pra caralho, ter que passar por isso.

Eu tinha acabado de descobrir que o Deco tinha morrido, e juro, que barra do caralho.

Eu fiquei mal, tanto emocionante, tanto em relação a saúde, a gravidez passou a ser de risco e eu precisei aprender a conviver com isso.

Mas no final das contas, eu fiquei com o Ronan, pelo fato de ter sido uma decisão do Deco, e principalmente pelo fato dele realmente provar, que a Cecília tava correndo muito perigo, e ele não queria que fosse tão óbvio assim, eu ficar no morro.

Então desde então, a gente ta aqui em Niterói, ele fez acordo com alguns aliados, e até a situação ser controlada, eu vou ficar aqui, com uma segurança a mais.

R7 : E ai. -Entrou na cozinha e se esbarrou em mim pra chegar nos armários. -Foi mal ai. -Falou e eu acenei com a cabeça, e continuei comendo minha torrada.

Ele deu a volta na mesa e sentou de frente pra mim, que permaneci em pé, apoiando meu pé em cima do outro.

Eu peguei ele olhando pra mim diversas vezes, mas eu desviava enquanto podia. Mas juro, não dava, ele não tirava o olho de mim.

Madu : Que foi em? -Perguntei olhando pra ele que não falou nada, só deu de ombros, sorrindo pra mim e continuou bebendo o café dele.

Eu virei de costas saindo da cozinha e sentir o olhar dele na minha direção, até eu sair completamente de lá. Eu confesso, que ele me ajuda demais, sabe?

Mas tem a questão que é o serviço dele, recebe pra isso. Não ta fazendo nada por caridade nenhuma.

E as vezes eu sinto um interesse maior vindo da parte dele, e realmente, ele é um cara muito bonito, gente fina, mas nada, tira ele do meu coração.

Deco foi o meu primeiro e único amor, e ter que lidar com a falta dele é complicado demais pra mim. Não me permito nada, a não ser, cuidar da minha filha.

Quero que ela receba de mim, tudo o que ele desejava pra ela, espero muito que eu consiga ficar bem de novo, quando tiver ela no meu colo.

Hoje a Lu ficou de aparecer por aqui, geralmente eu encontro com meu pai, com ela, mas é muito complicado, desde o acontecido, eu só vi eles três vezes, então me anima um pouco.

R7 : Eu vou precisar sair mais tarde, ta suave em ficar sozinha? -Perguntou do batente da porta.

Madu : Ta tranquilo. -Respondi. -Luiza vai vir hoje. -Ele concordou e eu entrei no banheiro, trancando a porta.

Tô com oito meses já, reta final da gravidez e tô me esforçando. Passou um tempinho e a Luiza chegou, subindo direto pro meu quarto, ela fechou a porta e me abraçou, sentando do meu lado na cama.

Ela ficou mal pra caralho também, era mais que irmão dela né, era pai, melhor amigo, tudo. Continuou estudando, focada, mas dá pra perceber, que não é a mesma animação de sempre.

Semana que vem é aniversário de 23 dela, último período da faculdade, tava toda animada, pras comemorações dessa reta final, mas nem tá tão animada mais.

Madu : E o Cadu em? Tão nessa ainda? -Perguntei interessada enquanto ela contornava os dedos na minha barriga.

Luiza : Esfriou né amiga, ele cansou de ir atrás, eu não tô nem um pouco afim também, não que eu não queria e goste dele, sabe? Mas nossa, minha cabeça não funciona, eu não consigo ter controle de nada, não tô no meu melhor momento, você sabe.

Madu : Te entendo completamente. Mas eu ficaria muito mais tranquila sabendo que tem ele com você la, porque eu sei que ele se importa com você da forma que eu me importo. Preciso que você fique bem também.

Luiza : Ta ficando, pouquinho a pouquinho mas ta, eu não largo sua mão nunca, vai ser nós três sempre. -Falou olhando pra minha barriga e eu sorri, mesmo sentindo meu olho encher de lágrimas.

A Julia também vem sempre que dá, porém precisa ser em dias diferentes pra não levantar suspeita de nada. Ela sempre manda roupinha, brinquedo, tem nem espaço onde colocar mais.

Por isso quero as duas como madrinhas, se importam demais comigo, acho lindo demais.

Luiza : E o R7 em? -Perguntou olhando pra mim, que franzi as orelhas pra ela. -Acha que eu não percebi né Madu? Ele não sai de cima de você, parece até que o bofe tá hipnotizado.

Madu : Sai dessa Luiza. -Falei balançando a cabeça. -E sem condições nenhuma também, não posso. -Falei negando.

Luiza : Tem que ser tudo no seu tempo Madu, não tô mandando você se apressar nem nada, mas você tá aqui, Madu. Com saúde, não vai poder se privar pra sempre.

Eu fiquei quieta, e o telefone que o Ronan havia deixado comigo começou a tocar, Luiza pegou e foi atender pra mim.

Luiza : Alô? -Falou. -Oi? Oie, quem é? -Perguntou e ninguém falou nada. -Vai tomar no cu também praga do caralho, vai encher a paciência de outra, deve tá tirando onda com minha cara. -Desligou e eu ri dela, que acabou rindo também.

Passou um tempinho e ele foi embora, logo em seguida o R7 chegou. Eu já tinha jantado e eu fiquei bem quietinha na minha.

R7 : Trouxe crepe pra você, com vontade ainda? -Perguntou entrando no quarto e eu olhei pra ele, que na hora percebeu que eu não estava bem. Tava com um pouco de dor, em pé do lado da cama. -Qual foi?

Ele se aproximou de mim e me colocou sentada na cama, minha respiração foi regularizando e eu consegui deitar.

Madu : Tô melhor já. Deve ter sido efeito do outro remédio, ele é assim mesmo. -Ele concordou e me ajudou ainda. Me tempou com a coberta, ligou o ar.

R7 : Vou dormir com você aqui jae? Só pra garantir que tá tudo bem.

Madu : Não precisa. -Falei. -Eu te agradeço mas eu tô bem.

R7 : Não acredito em você. -Falou me encarando e eu neguei com a cabeça. Ele saiu do quarto e depois de uns quinze minutos voltou, deitando do meu lado.

Eu me afastei um pouquinho, sem ele perceber, virando pro outro lado e senti que ele não parava quieto.

Madu : Não quero ser ignorante com você, mas eu não quero nada disso, entendeu? -Me virei de frente pra ele. -Eu percebi seu interesse em mim e não é algo que eu queira. -Falei e ele abriu o olho, olhando pra minha boca.

R7 : Não quer mesmo ou ta com medo em? -Perguntou e aproximou o rosto do meu, eu olhei no olho dele, que passou o meu cabelo pra trás, e logo em seguida, me beijou.

(…)

Recomeçar [M] Where stories live. Discover now