Recomeçar [M]

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Luiza 🕊️

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Meu mundo virou de cabeça pra baixo quando eu descobri que o Deco tinha morrido, vivi o que eu nunca imaginei viver.

Mas eu superei, dei a volta por cima e continuei focando nos estudos, mais do que nunca, era minha única alternativa, pra tentar esquecer de toda aquela dor.

E tudo tava meio assim, até chegar o domingo e eu pegar uma conversa do Nem, com um dos cara que estavam de frente aqui no morro, o Coringa.

Eu ouvi o nome do Deco no meio, eles tentaram, tentaram me enrolar, mas de tanto eu insistir, eu descobri sobre ele estar vivo.

E aquele dia eu chorei tanto, mas tanto, de felicidade. Foi a primeira vez que eu consegui me aproximar de Deus de novo, senti que ele nunca havia soltado minha mão.

Minha vontade era correr e contar pra Madu, mas eu não podia, da mesma forma, comecei a ficar mais animada perto dela, pra vê se contagiava, e perceber que ela tava melhorando, me ajudava muito.

Coringa : Luiza. -Me gritou enquanto eu passava na frente da boca e eu me aproximei, notando o Cadu do outro lado. -Entra ai, preciso trocar uma ideia contigo.

Ele passou na minha frente e eu entrei na salinha, logo em seguida ele fechou a porta. Conheço ele de tempos já, é representante do CV, um dos chefões, divide a banca com o Deco.

Com medo da polícia ou outra facção invadiu, ele assumiu, e até que tá seguindo os mesmos ideias do Deco, sabe? Gente fina, só é mulherengo pra um caralho, mas, isso já não tá no meu alcance né.

Coringa : Vou fazer contato direto com seu irmão hoje, Nem ta indo pra la amanhã. Consigo pra você cinco minutos de ligação.

Luiza : Sério? -Perguntei animada. -Nossa perfeito, é mais ou menos que hora?

Coringa : Sua faculdade termina nove e meia hoje né? -Confirmei, tentando entender como ele sabia. -Tranquilo, dez e meia então.

Nada tirava minha felicidade, sai de la extremamente feliz. Passei pelos meninos da mesma forma e fui direto pra casa.

Tomei meu banho e vesti minha roupa, hoje eu tinha laboratório, então era obrigatório blusa, calça e sapato branco. Prendi meu cabelo no rabo de cavalo e passei meus perfumes.

• mensagens
Luiza : NÃO VAI VIAJAR SEM LEVAR O BOLO QUE EU FIZ PRO LUAN EM.

Nem : Luiza, eu tô saindo do estado minha filha. Ta achando que o bolo vai entrar inteiro lá?

Luiza : Foda-se, faz chegar.

• mensagens

Eu sai de casa quando deu a hora, e desci até a barreira, era plantão do Cadu hoje, ele tava fiscalizando a barreira, e infelizmente eu tive que passar por ele, pra pegar meu carro.

A gente não se fala, sabe? Sempre é um clima chato do caralho, então a gente sempre se evita.

Coloquei minhas músicas pra tocar e fui direto pra faculdade, mas assim que eu cheguei mandei mensagem pra Madu, querendo saber como ela estava.

Eu não sei o que deu, mas semana passada ela quase saiu da casa do R7, foi por pouco mesmo.

Mas os meninos pediram pra ela continuar la por pelo menos mais um pouco, porque as ameaças voltaram e eles estavam com receio.

(…)

Eu cheguei no morro e fui direto pra casa, tava contando os minutos pra poder falar com ele, eu até ia direto pra boca, mas acabei ficando com cheiro de formol do laboratório, e preferi tomar outro banho.

Coloquei um vestido branco colado e calcei minha havaianas, e soltei o cabelo passando creme com água nele.

Joguei perfume no corpo de novo e sai de casa, eram dez e vinte já. Fui andando mesmo e acabei tombando com o Cadu no beco da viela principal.

Cadu : Posso conversar com você? -Segurou meu braço e eu soltei dele, respirando fundo.

Luiza : Cadu, agora não. -Falei e ele negou com a cabeça, olhando pro lado.

Cadu : Compromisso muito importante? -Perguntou sarcástico e eu ri, olhando pro lado.

Luiza : Bastante. -Afirmei cruzando os braços e ele acenou positivamente com a cabeça.

Cadu : Coringa né? -Perguntou sarcástico e eu passei a mão no rosto, tentando entender o porquê daquilo estar acontecendo comigo. -Belo compromisso ne Luiza.

Luiza : Eu não tenho obrigação nenhuma de me explicar pra você, mas não é nada do tipo, e mesmo se fosse o problema seria inteiramente meu, se liga Cadu, a gente não tem nada.

Cadu : É, tu ta certa, a gente não tem nada. -Ele passou por mim e eu suspirei, e continuei descendo. Se for preciso, com ele depois eu me resolvo.

Eu cheguei na boca no horário certo, só tava o Coringa mesmo, mas ele falou que quando conseguisse o contato, iria deixar eu falar sozinha com ele, mas eu falei que não precisava, não tinha nada pra esconder né.

Coringa : Ta na mão. -Me entregou e ali eu até comecei a tremer.

• ligação

Deco : Fala meu parceiro.

Luiza : Fala meu parceiro o caralho Luan, ta maluco ne? Que ideia de se passar por morto é essa? Tô com cara de otária por acaso? Achou que ia conseguir esconder tudo isso de mim até quando em? Mas ta comendo né filho da puta? Ta bem? Dormindo? Hein seu desgraçado.

Deco : Bom ouvir sua voz também minha pretinha.

Juro, tentei ao máximo, mas eu já estava chorando, pouco mas eu tava. O Coringa saiu da salinha, fechando a porta e eu sentei no sofazinho.

Luiza : Eu tô sentindo tanta sua falta. Mas me explica, que história é essa do Nem ir te fazer visita e não fazer nenhuma pergunta sobre mim em?

Deco : Ih, é verdade né. -Falou no tom de risada e eu encostei minha cabeça no estofado. -Eu tô zoando, mas é que da sua cabecinha e realidade eu sei. Eu te conheço amor, superou a morte do nosso pai, e eu sei que se precisasse, superaria a minha também, você é forte demais, você só pensa que precisa de mim, mas eu sei que consegue viver muito bem sem minha presença também.

Luiza : Não é muito bom passar por isso na prática...

Deco : Entendo sua dor, mas eu te amo demais jae? Não tem um dia que eu não pense e peça a Deus pela tua vida. Cuida bem do seu coraçãozinho, da sua mente, foca no seu futuro, no seu progresso. To fazendo o máximo pra poder curtir sua formatura com você. Mas você tá comendo né? Estudando...

Luiza : Torcendo muito pra você conseguir. E eu tô bem sim, luta daí, que eu tô me esforçando daqui também, tá.

• ligação

Eu falei com ele por mais uns três minutos, ai chamei o Coringa e enquanto ele não aparecia, eu continuei trocando ideia com ele.

Coringa : Fui obrigado a sair né, mulher braba, ia acabar sobrando pra mim. -Eu fiz cara de deboche e passei o celular pra ele, saindo da salinha.

(…)