Alice Bueno escreve fanfics. Pois é, aos 23 anos e formada em Letras, ela sonha como qualquer outra garota, a diferença é que bota tudo pra fora em forma de histórias fantasiosas. Mas o que acontece quando sua maior inspiração está parada em sua fre...
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O carro dele estava cheiroso por dentro. E era espaçoso. Eu coloquei o cinto de segurança enquanto ele dava partida no carro com toda calma do mundo.
—Esquerda ou direita? — Ele perguntou.
—Oi? — Sai do transe e olhei pra ele.
—Não sei onde fica a oficina — Ele sorriu.
—Ah! Direita — Falei limpando a garganta em seguida.
—Então... Com o que você trabalha? — Puxou assunto, dando seta e esperando alguns carros passarem antes de entrar a direita.
—Sou professora — Respondi.
—Tipo aquelas tias do maternal? — Me deu uma olhada rápida.
—Não. Dou aula de literatura numa faculdade — Expliquei com um sorriso.
—Uau.
—Ficou surpreso? — Lhe perguntei.
—Um pouco, é que... Não imaginei que você fosse uma nerd — Abriu um sorriso meio sacana.
—Odeio dar aula — Deixei escapar minha insatisfação.
—Ué? — Falou confuso, soltando uma risada.
—Lidar com adolescentes já é uma porcaria, entrar numa sala com senhoras de idade maior que a minha é um pesadelo — Passei a mão no rosto.
—Então porque você dá aulas?! — Perguntou curioso.
—Porque eu preciso me vestir, preciso sair às vezes, ajudar com as contas de casa, comer um negócio diferente de vez em quando, me livrar de vez da Gertrudes e comprar outro carro — Desabafei contando nos dedos, ele riu.
—Entendi — Falou balançando a cabeça — Vai me guiando.
—Próxima esquerda — Falei a ele — Você não estava indo treinar?
—Não — Balançou a cabeça negativamente — Eu ia me encontrar com alguns caras do time pra jogar um videogame.
—Hoje não é dia de jogo? — Perguntei, ele assentiu — Você não deveria tá concentrado e tal?
—Eu posso ficar concentrado e tal... Jogando videogame — Estalou a língua no céu da boca.
Olhei pra ele piscando várias vezes. A ficha caiu. Eu tinha batido meu carro no carro do Gabigol e agora estava no carro dele, guiando ele até a oficina do meu pai, que por acaso ficava do lado da minha casa.
Dentro de minutos ele ia saber onde eu morava.
E ele sabia que eu existia.
E lembrava do meu nome.
O Breno tirou uma selfie com ele e eu não.
Tô ficando doida.
—O rapaz com seu pai é seu irmão? — Ele puxou assunto de novo.
