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Eu só queria sumir.

Minha vontade era de simplesmente desaparecer.

Não importava o que eu fizesse, meu coração continuava batendo com força contra o meu peito.

Passei dois dias me revirando na cama, sem saber como sair da situação.

Por um lado, tinha minha família.

Eu estava desempregada, meu carro tinha quebrado e o Breno era um idiota. Por mais que eu soubesse que o Gabriel estava certo na discussão, eu não podia simplesmente sair de casa. Nem tinha pra onde ir.

Meus pais não tinham escutado a discussão e eu não consegui conversar com minha mãe sobre isso, porque começava a chorar.

Não tinha nenhuma mensagem ou ligação do Gabriel no meu celular. A Dhiovanna também não tinha comentado nada comigo sobre isso e eu entendia. De verdade.

Do outro lado da história tinha ele.

Eu não era feliz já fazia um tempo, esses problemas em casa com meus irmãos não eram de hoje, o Gabriel ter chegado só piorou as coisas.

A culpa nem era dele.

Ele estava me defendendo e eu mandei ele ir embora.

Não sabia o que fazer.

Meu celular tocou, era a Milena.

—Oi — Atendi.

—Eu sei que são dez horas da manhã, mas preciso muito que você vá comigo até o salão — Falou, rápido demais.

—Que salão? — Sentei no colchão, já me livrando do pijama pra colocar uma roupa.

—De cabeleireiro — Ela gemeu — Tô chegando na sua casa. Por favor, nunca te pedi nada!

—Tá, tô saindo — Falei subindo a calça.

Sai sem avisar ninguém. Na verdade, desde a briga, era como se eu nem existisse em casa. Só meus pais e o Allan apareciam pra me ver no quarto às vezes.

A Milena estava me esperando na máquina de mistérios quando abri o portão.

—O que aconteceu? — Perguntei entrando na kombi e colocando o cinto de segurança.

—Eu sou uma fodida — Ela gemeu.

—Bem vinda ao clube — Murmurei — Algum problema com o Andreas?

—Muitos problemas com o Andreas. Ter transado com ele foi o maior de todos — Ela gesticulou com a mão depois de ter passado uma marcha na força do ódio.

—Bem vinda ao clube parte dois — Soltei uma risada.

—Fiquei sabendo do que aconteceu com o Gabriel — Me olhou — Quer falar disso?

—Não. Sei lá — Suspirei, deslizando no banco do carona — Não sei como sair dessa merda.

—Eu sei — Falou ela, balançando as sobrancelhas.

—Como?

—Mudando o cabelo.

Ela me contou qual era o problema dela com o Andreas quando chegamos ao salão, nos sentamos na sala de espera e contamos tudo uma pra outra. Cada qual com seus dramas... E seus traumas.

Dentre as meninas, ela era a que eu menos tinha conexão antes desse momento. Era mais quieta, mais na dela, mas talvez o fato de nós duas estarmos fodidas ao mesmo tempo, tenha ajudado na aproximação.

𝐅𝐀𝐍𝐅𝐈𝐐𝐔𝐄𝐈𝐑𝐀 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋Where stories live. Discover now