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Puxei o celular do bolso

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Puxei o celular do bolso. Era a décima vez que fazia isso, depois da ligação da Companhia das Letras, ficava encarando a tela de cinco em cinco minutos esperando o número ligar de novo e falar que tudo não tinha passado de um trote.

Mas todas as vezes era o nome da minha mãe que aparecia na tela.

Agora... Não era o nome dela piscando e sim o do meu pai.

Franzi o cenho. Ainda não tinha recebido nenhuma ligação dele desde que saí de casa.

Mordi o lábio, pensando se valia a pena ou não atender a ligação.

Atendi.

Levei o celular até o ouvido.

—Oi, pai — Falei, ninguém me respondeu — Pai?

—Eu achei que você não fosse me atender — Ele disse baixinho, como se fosse segredo — Sua mãe tem ligado o dia todo. Todos os dias.

—Eu sei — Murmurei — Ela não sabe que você tá falando comigo? — Perguntei.

—Não. Escuta, filha — Suspirou — Eu nem queria te ligar e nem é porque eu não quero que você volte pra casa, porque eu quero, é que... — Fez uma pausa — Eu quero respeitar seu tempo, entende?

—Então porque ligou? — Perguntei, sentindo meu coração apertar.

—Eu consegui arrumar a Gertrudes. Peguei o endereço do Gabigol na ficha dele aqui da mecânica e fui até lá, só que a mãe dele disse que você não tá ficando lá e... — Outra pausa — Fiquei preocupado.

Pelo canto do olho observei o Gabriel abrir a porta do próprio quarto.

Que horas meu pai veio na casa do Gabriel? Passei o dia todo aqui, todos os dias.

—Ahn... É... — Gaguejei, Gabriel olhou pra mim, começando a tirar a roupa de treino — Estou ficando com uma amiga, não precisa se preocupar. Como conseguiu arrumar? O carro?

—Sabe o Jacques? Do ferro velho? — Perguntou, se empolgando. Ele sempre se empolgava quando falava de carros, um sorriso se espalhou pelo meu rosto sem eu nem perceber.

—Uhum — Murmurei, vendo o Gabriel entrar no banheiro sem vir falar comigo.

—Ele achou a peça num carro velho de lá, deu certinho — Meu pai contou — Não dá pra dizer que ficou novo, porque aquilo ali já pediu aposentadoria a muito tempo, mas... — Outra pausa, uma respiração funda — Mas é seu. Você vai querer pegá-lo? Eu posso levar até você se você não quiser vir aqui.

Foi a minha vez de fazer uma pausa. Analisar a situação.

Ele estava sendo fofo, mas ainda estava magoada com ele, por ele não ter falado nada naquela "reunião" ridícula.

—Alice? — Perguntou.

—Oi?

—Eu entendo que você está chateada, mas... — Começou.

𝐅𝐀𝐍𝐅𝐈𝐐𝐔𝐄𝐈𝐑𝐀 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora