Condenada

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Assim que ela saiu, rapidamente adentrei o sótão e, sim, foi uma surpresa deliciosa. Era o único lugar da casa que eu podia considerar como da era clássica. Tinha muitas coisas antigas, como um gramofone antigo, uma máquina de datilografia, um criado-mudo clássico, uma cristaleira antiga, uma das primeiras máquinas de costura, etc. Aquela parte da casa, sem dúvidas, fazia eu me mentir mais á vontade.

Por mais que estivesse condenada a ver a humanidade evoluindo, eu nasci e cresci na Idade Moderna. Eu passei maior parte do meu tempo em um mundo sem internet, sem tantas facilidades como existem atualmente. E eram em lugares como aquele em que estava, naquele momento, que me eram mais confortáveis.

Pude perceber que o ambiente também não havia deixado de ser limpo constantemente. Não havia sinal de poeira em lugar algum. Era impressionante.

Logo avistei um divã antigo e, decididamente, aquele seria meu lugar de descanso.

Em um criado-mudo que se localizava logo a frente do divã, havia algumas gavetas com chaves. Abri cada uma delas para ver se havia algo dos Cullen ali e então, depois de ter certeza que não tinha nada, coloquei algumas coisas minhas, que couberam perfeitamente em apenas uma gaveta, e a tranquei, depois peguei a chave e coloquei no bolso da minha mochila que ficaria ao lado do divã. Pude notar que aquele último era muito confortável, quando assim sentei no mesmo. Era perfeito. De fato era original, fabricado em tal época que aparenta, e bem conservado.

Além de coisas do meu passado, havia trazido comigo alguns livros e um iPod dos primeiros a serem lançados. Mas era provável que meus gostos peculiarmente antigos me levassem a procurar discos vinil para testar o gramofone. Junto com outras caixas, numa prateleira, havia uma com a legenda “discos”. Depois de pegá-la de imediato, a abri e ela estava cheia do que eu procurava. Havia vários discos raros, como “David Bowie – There Is A Happy Land” ou “Do I Love You (Indeed I Do)”, de Frank Wilson. Também haviam muitos de Folk-Rock e eu simplesmente amava esse gênero. Não podia decidir se gostava mais de Folk-Rock ou o período denominado Clássico da música, juntamente com a Erudita, acompanhado de Johann Sebastian Bach, Piotr Ilitch Tchaikovsky, Wolfgang Amadeus Mozart e, principalmente para mim, Ludwig van Beethoven. Tive o privilégio de conhecê-lo.

Depois de conferir que os Cullen tinham um número incrível de discos vinil de meu perfeito agrado, peguei um de Beethoven, da magnífica “Moonlight Sonata”, e coloquei no gramofone. Depois de tudo feito, a música começou em sua perfeita melodia. Então deitei-me no divã e fechei meus olhos.

-Eterno Beethoven... Misantrópico imortal. –falei já deixando escapar um sorriso pelas lembranças que começavam a passar pela minha mente.

Where I Go?Where stories live. Discover now