O Retrato Pintado

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Ethan não entendeu completamente minha recusa, mesmo depois de eu ter contado parte do motivo a ele

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Ethan não entendeu completamente minha recusa, mesmo depois de eu ter contado parte do motivo a ele. A parte em que Aro negara minha rogativa de visitá-lo. Mas o vampiro de olhos azuis também não insistiu em seu pedido e ofereceu sua ajuda, se eu assim precisasse.

Esperei até chegar o final da tarde daquele mesmo dia, antes de ir a caça por Marcus e assim que chegou o momento certo, o procurei.

Como eu já esperava, ao me sentir perto, o Volturi melancólico tentou sumir da minha vista. Contudo, eu não deixaria que ele fugisse mais uma vez. Portanto o segui.

Enquanto acompanhava Marcus, alguns metros atrás dele, via que íamos passando por diversos corredores e escadas desconhecidas antes, por mim.

“É possível que esse lugar não tenha fim?”

O grande vampiro sabia que eu estava o seguindo e até tentou ir mais rápido, mas minha persistência, mais parecida com teimosia, me fez acelerar meus passos ainda mais. Então ele finalmente parou em uma sacada que dava vista para os campos, do lado oposto a entrada de Volterra. O vi indo até a barra de segurança daquele espaço, subir nesta última e dar um grande salto, sumindo da minha visão.

Por mais que eu estivesse encantada com a paisagem, não podia perder tempo e deixar Marcus fugir de novo. Assim que fiquei em cima da barra de segurança em que o Volturi esteve há segundos antes, olhei para cima e vi uma pequena janela, sem grades, nem cortinas como as outras. Saltei, sabendo que entraria por um espaço pequeno, no último andar daquele castelo.

Quando parei no peitoril da janela, primeiramente senti cheiro de mofo e vislumbrei um cômodo pequeno e escuro, com diversas teias de aranhas. Porém olhando além delas, notei a princípio uma cama de casal no centro do imóvel. Depois fui percebendo a existência de outros móveis, todos mais antigos dos que vira no sótão da casa de Carlisle. As paredes não eram pintadas e não havia carpete no chão. Logo vi, na sombra de um grande armário, o manto de Marcus Volturi. Ele estava de costas para mim, olhando para a única porta daquele local, a qual estava repleta de madeiras pregadas, na tentativa de impedir que qualquer um entrasse por ela. No mesmo instante pensei que um vampiro com sua força normal poderia facilmente quebrar as madeiras, mas então entendi, pela maneira como os pregos estavam espalhados em quase todo lugar, que elas foram pregadas ali por alguém desesperado.

Analisei o cômodo da janela por mais alguns instantes antes de tentar entrar no mesmo. Mas no momento que tentei, uma das pedras em que apoiava meu pé esquerdo, se soltou e eu quase caí, senão fosse a mão de Marcus ter me segurado. Depois de estar em segurança dentro daquele aposento, o vampiro se afastou de novo, em silêncio, e então olhei novamente ao meu redor, procurando algo que desse sentido para estarmos ali. Segundos depois, achei. Aproximei-me de uma escrivaninha quase inteiramente coberta de teias, e peguei um pequeno porta-retratos. Assim que tirei o pó do modesto vidro, vi o retrato pintado de uma mulher. O rosto dela continha belos traços finos e seus cabelos pretos,embora estivessem presos, contrastavam perfeitamente com sua pele branca como mármore. O olhar que a mesma possuía era algo extremamente marcante em sua aparência, assim como o sorriso. Eles esbanjavam felicidade. Era fato que eu soube de quem se travava aquele desenho, desde o momento em que o vi pela primeira vez. Didyme era uma mulher linda, assim como nos pensamentos de Marcus.

-Você tem o formato dos olhos dela. –ouvi a voz do vampiro soberano, quebrando o silêncio. –Teria o olhar, se o seu não esbanjasse tamanha seriedade.

-Como? –indaguei, pois eu não tinha ideia do quanto Marcus poderia saber sobre os feitos escondidos de Aro.

-De Didyme. Seus olhos são iguais aos delas, minha criança... Os cabelos também.

-O que o senhor sabe? –questionei atenta.

-QUANTO você sabe?

Marcus olhou-me atentamente, antes de começar andar a passos lentos pelo quarto, cortando algumas teias de aranha com as pontas dos dedos de sua mão direita.

-É fato que você nasceu no ano de 1.752, mas sua linhagem vem de milhares de anos atrás... E sua linhagem é a mesma de Aro e Didyme.

-Mas eu tenho a mágica dos lobos.

-Uma mágica fraca, como você mesmo falou. Vinda da linhagem oposta que foi se mistificando ao longo dos séculos até chegar a você.

Respirei profundamente, como se pudesse fazer isto, e olhei ao meu redor antes de revelar:

-Eu sei.


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