Vazio

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Mais dois dias haviam se passado e eu não tinha visto sequer a sombra de Marcus Volturi

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Mais dois dias haviam se passado e eu não tinha visto sequer a sombra de Marcus Volturi.

Não encontrava aquele soberano nem ao menos no salão principal. Aro me informou que Marcus contou sobre o nosso último encontro, assim o avisando que toda vez que eu me aproximasse, ele iria sair imediatamente. -Eu fiquei surpreso por ouvi-lo falar.” Disse-me Aro, esperançoso. Contudo eu sabia que aquilo não era uma melhora. Além de eu ter desafiado o Volturi no quarto de Didyme, eu possuía os olhos dela. Como se ter tocado em assuntos dolorosos para Marcus, não fosse o suficiente. Eu era uma lembrança ambulante do que ele havia perdido e ficava o perseguindo.

Tentei imaginar estar no lugar do Volturi de semblante melancólico. Porém sabia que ter passado por algo parecido não era o suficiente. Todos os pequenos detalhes diferentes em nossas histórias, eram importantes demais para nossa superação. Tinha o conhecimento de que precisaria ser Marcus para realmente entendê-lo. Eu vi toda a trajetória daquele soberano, mas sentir o que ele sentiu, era algo completamente diferente.

Como se para piorar a situação, Marcus podia sentir a intensidade do relacionamento dos outros e isto deveria o machucar ainda mais.

Não demorou muito para Phillip vir à tona de vez, em meus pensamentos. E quando isto aconteceu, eu estava no jardim, olhando para a fonte, dois dias depois de ter sido arremessada por uma janela do último andar daquele castelo. As lembranças do amor que perdi tentavam novamente me machucar. Em minha mente surgiam flashes do sorriso de Phillip, do olhar que ele direcionava para mim, dos seus toques, carinhos sinceros, de como ele gostava de beijar a palma das minhas mãos no meio de nossas conversas, dos seus costumes. Eu o amava. Amava demais.

-Olha só o que mais Anne Wheeler pode fazer. –ouvi a voz de Jane e logo tornei a realidade do momento. Então percebi que havia deixado uma lágrima escapar, sentindo a sua linha úmida em minha bochecha esquerda.

Eu queria sair daquele local. Queria ir para o meu quarto e esquecer que aquilo havia acontecido, pois eu tive o conhecimento, naquele exato instante, de que os sentimentos de Marcus sobre sua perda estavam afetando os meus.

-Vai ir para o seu quarto chorar, Srta. Wheeler? Eu pensava que fosse mais forte do que isso. –a voz de Jane soou implicante.

Ela estava sentada no mesmo banco que Marcus costumava sentar-se, mas diferente dele, a jovem olhava para uma verbena vermelha que havia acabado de colher.

-Não te devo informações do que faço ou deixo de fazer, muito menos preservar alguma reputação aos seus olhos. –respondi e me levantei para ir, mas antes de eu dar sequer um passo, a vampira segurou meu braço direito, já estando ao meu lado.

-Não tem a autoridade o suficiente para falar assim comigo, Wheeler. –seus olhos espumavam em fúria.
-Se eu aprimorar minhas habilidades, logo seus poderes não terão efeito sobre mim. Mas ainda assim, eu não me importo. –respondi ameaçadoramente.

-Deveria. Você tem certa afeição de Aro, mas não é EU. Eu e meu irmão fomos transformados por Aro, mais jovens do que deveríamos, apenas para fazer parte deste clã. Acha que ele iria preferir a mim ou a você?

Logo o completo motivo do ódio de Jane estar sobre mim foi revelado. Então forcei minha mandíbula e busquei todo o ódio e fúria, toda dor e toda perversidade, do profundo vazio, para o meu tom de voz e meu olhar, quando assim pronunciei, olhando fixamente nos olhos da vampira de cabelos loiros:

-Eu também não me importo com os seus ciúmes, garotinha. –e assim Jane se afastou, com os olhos arregalados de medo, de mim.

Eu sabia que aquilo aconteceria. O vazio era perverso, manipulador e desprovido de qualquer sentimento. Era um monstro que eu controlava. Um monstro que cresceu em meio à dor e sofrimento. Um monstro que nasceu do luto. E que eu sempre o teria comigo.

“Talvez seja isso.” Pensei assim que me afastei de Jane. “Talvez Marcus esteja no seu vazio.”


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