Uma Paciência Extraordinária

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Eu teria que estudar Marcus Volturi.

Todo o meu conhecimento sobre ele, até aquele momento, era que havia perdido sua companheira, sabia há poucos anos que isso acontecera por um feito de Aro, a perda o havia transformado na melancolia em pessoa e gostava de ir até o jardim para, pelo que vi da última vez, lembrar-se de sua amada, a qual chamava-se Didyme. Isto seria suficiente? Obviamente não, para mim. Eu teria que ler os pensamentos dele. Contudo estava apreensiva pelo alerta de Ethan, sobre o que a mente de Marcus poderia fazer com a minha.

Antes de sair do meu quarto, há dois dias, Aro permitiu que eu lesse os pensamentos do que ele via sobre a relação de seu amigo e sua irmã. Ele me mostrou memórias dos dois sorrindo, sendo felizes. De fato, todos podiam sentir o amor que ambos tinham um pelo outro. Para mim era até estranho ver Marcus sorrindo quase o tempo todo. Então vi o assassinato de Didyme, pelos olhos de Aro, e admito que fiquei assustada e depois emocionada com a reação de Marcus ao descobrir tal acontecimento. Eu apenas continuei a ver as memórias do soberano telepata porque era preciso.

Porém, ver a história contada pela visão do irmão de Didyme era insuficiente. Então meu próximo alvo se tornou o próprio Marcus e sua mente enlutada. Logo caminhei até o pequeno jardim, esperando que ele se encontrasse lá.

Eu estava correta. Assim que pude ver o pequeno viridário, Marcus lá estava, da mesma forma que o havia visto nas últimas vezes. Me apressei e sentei-me em outro banco. Não leria a mente dele naquele primeiro momento.

Esperei alguns instantes antes de começar a dialogar.

-Oi.

Marcus não retribuiu minha formalidade inicial, nem ao menos olhou para mim.

-Já é a terceira vez que te encontro aqui. Costuma fazer isto todo dia?

Nada.

-Eu não tenho muita afeição para a decoração deste lugar, mas o jardim dá um belo contraste. Principalmente a ironia das verbenas vermelhas. –desta vez, sorri.

E ele continuava fingindo que eu não existia naquele contexto, o que estava me incomodando.

-Tá bom.

-Aro me pediu para que eu o ajudasse no seu caminho de superação e estou aqui para isso. Não porque eu quero. Agradeço pela sua ajuda inicial, verdadeiramente. Mas estar aqui, fazendo isto, realmente não foi minha escolha. Você deve conhecer seu amigo muito bem para saber que ele me apresentou uma proposta tentadora e esta era a única condição que ele exigia. E não faço esse tipo de coisa por baixo dos panos, por isso estou sendo sincera com você. Então, por favor, colabore.”

Ao ouvir minha voz em sua mente e o que ela dizia, Marcus finalmente olhou para mim e sumiu, segundos depois.

Eu entendi o que seu olhar queria me dizer. Ele não havia ficado impressionado pela minha habilidade, nem tão pouco pela proposta do amigo. Ele apenas estava com raiva por eu ter atrapalhado seus pensamentos.

“Ethan, você tem uma paciência extraordinária comigo”.

Where I Go?Where stories live. Discover now