Where I Go?

Uma Troca

Estava parada em pé, há três metros dos três grandes soberanos do clã dos vampiros, sentados em seus tronos. Não poderia negar que tais figuras exalavam superioridade, principalmente o que estava posicionado no centro deles: Aro. Os meus estudos cuidadosos sobre os vampiros soberanos a minha frente foram confirmados, apenas por observá-los a primeira vista. Marcos era a melancolia em pessoa, em sua forma mais severa para um imortal. Não poderia julgá-lo. Cada um vive seu tipo de luto, por escolha ou não. Caius representava toda a violência contida em uma única mente. Impiedoso e orgulhoso eram as características que o definiam de forma perfeita. Contudo, a mente mais perversa, ardilosa e desprovida de qualquer sentimento se encontrava em Aro. Seus olhos pareciam penetrar qualquer alma que ele quisesse e, naquele instante, eles me observavam.

-Vejo que retornou para uma visita, Sr. Blackwell. -demorei um segundo para associar o sobrenome a Ethan, percebendo então que nunca o havia questionado sobre aquilo.

-“O bom filho a casa retorna”. -Caius citou, com seu conhecido tom de provocação.

-Não tive muitas opções. -Ethan retrucou.

-Você também não nos proporcionou muitas, devido a sua escolha amorosa do passado.

-Vocês conhecem a minha e real versão sobre este fato. -Ethan parecia querer se controlar para não cometer nenhum crime naquele momento, o que eu entendia muito bem.

-Queridos. Este não é o foco da nossa reunião. -a voz de Aro soou calma, confiante e autoritária, ao mesmo tempo em que olhou para Ethan. -Por enquanto. -foi um aviso, então tornou a olhar para mim. -Nossa pupila de hoje é Anne Wheeler.

Todos os olhos daquele lugar se voltaram para meu rosto e senti um leve arrepio percorrer o meu corpo.

-Metade vampira e metade lobo, o que faz seu coração, ainda que lentamente, bater como uma humana... Você confunde a todos nós. Então nos diga qual é a sua origem.

-Vai fazer alguma diferença? -minha resposta provocou um olhar severo de Caius em minha direção. Por outro lado, Aro manteve a postura.

-Devo esclarecer que, antes de tomarmos qualquer decisão, geralmente apresentamos argumentos.

-E no meu caso, vocês querem que eu entenda o porquê irão me matar. -minha paciência para sermões havia acabado há dias atrás.

-Não somos brutais, senhorita Wheeler. -Aro tinha um poço de calma inesgotável, ao meu ver.

-Já passamos da etapa de cordialidades iniciais...

-Anne. -ouvi a voz de Ethan, tentando impedir minha fala seguinte, mas o ignorei.

-Eu sei que estou aqui para ser morta, porque certamente vocês acreditam que minha mutação seja um perigo para o equilíbrio que tanto impõem. Sei que colocaram seus melhores guardas nas portas e neste salão estão os vampiros mais fortes do seu clã. Temem que outros vampiros que possuam certos desentendimentos com vocês, tenham conhecimento da minha espécie e comecem a criar um exército que possa destruí-los, como os filhos da lua quase conseguiriam. Mas estão errados a respeito de todas as suas suspeitas e temores. Fui a única sobrevivente porque, de todos os meus irmãos de magia, a minha vinha em fraca quantidade. Desde que me transfigurei, era um lobo de porte médio. Se minha altura mudou, foi por causa do veneno do vampiro que me transformou. Portanto eu digo que não é correto afirmar que sou metade lobo e metade vampira, pois meu lado imortal sugador de sangue prevalece. E que é praticamente impossível alguém conseguir criar mais híbridos do meu tipo. Se quiser conferir... -estendi minha mão na direção do soberano paciente –Confira.

Assim que Aro se pôs a minha frente com grande entusiasmo, eu tive plena consciência de que não poderia esconder absolutamente nada dele, pois o número de anos de experiência de poder que ele havia acumulado, era bem maior que o meu. Aquele vampiro veria todo o meu trajeto neste mundo até o momento atual e eu não lutaria contra isto. Sabia que a parte que mais o interessaria era sobre a minha habilidade e, talvez, o que eu já tinha lido na mente dos Cullen e Quileutes. Porém apenas o ver tendo conhecimento da minha vida, nos mínimos detalhes, não era bem a minha intenção. Era uma troca. Quais segredos aquele soberano poderia esconder de todos a sua volta? Seria possível ele ter um sequer, sendo quem é? A resposta me pareceu óbvia. Então olhei para a mão de Aro sob a minha direita, enquanto ele ainda lia meu passado, e de imediato coloquei minha mão esquerda sob a dele, olhando para seus grandes olhos vermelhos rosados, procurando o que eles escondiam.