Uma de Nós

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Os acontecimentos há duas noites me conscientizavam de que eu deveria estar fazendo aquilo. Jacob, Sam e praticamente todos os outros lobos haviam visto o segredo que eu não conseguira esconder. Eles agora precisavam de uma explicação ou, se Jacob já tivesse lhes explicado meus motivos por não contar que continha a magia dentro das minhas veias sanguíneas praticamente secas, eu deveria pelo menos pedir perdão pelo incidente que os fez perderem o real invasor daquela noite.

Naquele momento, estava à frente da porta da casa de Billy Black. Já havia pensado em tudo o que falaria, mas confesso que possuía uma quantidade pequena de nervosismo pelo olhar severo de Billy.

Dez segundos após eu bater na porta a minha frente, Billy a abriu.

-Bom dia Sr. Black. –eu usaria todas as minhas formalidades possíveis.

Ele me analisava seriamente, sem me responder e eu estava começando a ficar constrangida com aquilo.

-Bem... Eu vim aqui na intenção de me desculpar pelo ocorrido há duas noites e explicar o porquê mantive segredo em relação a ser metade um lobo transfigurador. Eu...

-Meu filho já explicou seus motivos, senhorita Anne. –cortou-me.

Certamente com aquele corte eu ficara totalmente constrangida, mas não tinha intenção de desistir do meu pedido de perdão, pelo menos.

-Então eu devo me desculpar pe...

-Sem formalidades, por favor. Como eu disse, meu filho já me explicou seus motivos por ter escondido sua mágica de nós. Se foi mesmo para nos proteger, então já está perdoada. –Billy falou estreitando os olhos, esperando uma confirmação.

-Foi sim. –respondi apenas, então sorrindo.

-Bem... –ele movimentou-se com sua cadeira de rodas mais para o interior de sua casa. Eu duvidava que aquilo fosse um pedido para mim entrar. –Os meninos estão na casa do Sam. Acredito que saiba onde seja. Eles não confiam em você, mas acreditam no Jacob. Paul talvez seja o mais desconfiado, mas não dará problemas... Se você conseguir aguentar as piadas desagradáveis dele.

-O senho...

-Billy, por favor.

-Billy... Okay... Você quer que eu vá até eles agora? –questionei confusa. Aquilo não estava nos meus planos.

-Por que não? Você tem a mágica em você, mesmo que seja só pela metade ou menos ainda, mas ainda tem. Querendo ou não, é uma de nós.

Eu apenas acenei com minha cabeça em concordância, me despedi e segui em direção à casa de Sam Uley.

Enquanto corria pela floresta, imaginava o que poderia ocorrer quando chegasse ao meu destino. Como os lobos enormes reagiriam ao ver se aproximar uma híbrida que queria esconder sua parte mágica transfiguradora e os fez perderem uma possível ameaça? A resposta que se formava em minha mente não era muito agradável. Torcia para que Jacob tivesse explicado muito bem os meus motivos.

A casa de Sam não era difícil de ser encontrada. Estava onde havia maior concentração de cheiro de cachorro molhado. Eu certamente era grata por meu lado vampírico inibir aquele odor em mim.

Estava caminhando pela grama baixa do terreno não florestal que ficava a frente da casa de Sam, quando ouvi atrás de mim, risos de rapazes. Eles estavam saindo da floresta.

Assim que virei-me para eles, todos me viram e Paul iria se transformar em lobo quando Sam o parou, colocando a mão sobre o ombro esquerdo do amigo nervoso.

-O que faz aqui, loba da lua? –questionou-me Seth, sorridente como sempre, vindo em minha direção e logo me dando um forte abraço.

-Eu também não tenho conhecimento exato sobre isso. –falei assim que fui solta, bagunçando rapidamente os cabelos de Seth, com minha mão esquerda. –Billy Black acredita que eu seja, querendo ou não, uma de vocês.

-Só pode estar de brincadeira, né? –questionou Paul aos céus.

Eu olhava para os rapazes e sentia falta de alguém naquele cenário. Foi então que percebi que Jacob não se encontrava junto aos homens a minha frente. Ele devia estar com sua Nessie.

Sam analisava-me precisamente. Queria ler seus pensamentos, mas me contive.

-Consegue controlar sua sede perto de um humano? –Sam perguntou-me, seriamente.

Eu tentava adivinhar o motivo daquela pergunta quando senti um cheiro doce a cinco metros atrás de mim.

-Sam, tudo bem? –era uma voz feminina.

Então me lembrei de que Sam era casado com uma humana de nome Emily e devia ser ela quem estava ali, com um pequeno corte em sua pele, que sangrava miseravelmente, mas o suficiente para ser percebido.

Eu havia me alimentado há dois dias, mas minha sede elevou-se com aquele cheiro. Comecei a travar uma batalha com os meus instintos na intenção de, pelo menos, conseguir me desculpar.

-Eu... Eu queria pedir desculpas por... –minhas palavras saíam quase cuspidas– Por ter atrapalhado a caçada de vocês naque... Naquele dia.

-Emily, vá para dentro agora! –Sam já devia saber qual era minha real situação naquele momento.

-Eu não vou machucá-la... –as palavras começaram a sair sussurradas – Me desculpem por não ter contado antes... Jacob... Jacob deve ter contado o motivo.

Meus braços estavam cruzados e minhas unhas cravavam em minha pele rígida, na tentativa de me conter. O cheiro entrava pelas minhas narinas e corroía minha garganta. Minha  sede estava se espalhando pelo meu corpo. Estava queimando.

Olhei para Sam e ele apenas acenou a cabeça em concordância. De qualquer forma, acreditei que ele apenas me queria longe dali da maneira mais rápida possível.

-Eu realmente sinto muito. –foram minhas últimas palavras sussurradas antes de eu me embrenhar mata adentro, correndo para longe daquele odor tentador.

Where I Go?Where stories live. Discover now