Capítulo 2 - Praxe

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O

u a minha mãe não se importa o suficiente, ou ela é simplesmente ingênua demais para perceber que a reunião na verdade é uma festa, assim como Karen disse, cheia de adolescentes encharcados de hormônios, mãos bobas, álcool em cada canto da casa e tanta maconha que é difícil respirar sem ficar chapado. Uma música da Doja Cat faz algumas líderes de torcida dançarem na pista improvisada no meio da sala, e alguns caras "dançam" sem sair dos seus lugares, batendo os dedos indicadores nos copos vermelhos que seguram em mãos.

É de praxe.

Cansada de gritar para Dylan, pedindo que ela repita seja lá o que esteja tentando me dizer nos últimos dez minutos, pego sua mão e saio pela casa. Me intrometo em grupos de pessoas e passando, quase por cima, de um casal se pegando no corredor. Chegamos na cozinha, meio suja e desorganizada, com várias garrafas de bebidas meio vazias na bancada de mármore central e algumas pessoas conversando. Dou um oi para alguns conhecidos enquanto Dylan mexe nas garrafas de vidro.

“Eu estava perguntando como foi o jantar na tia Lyla.” Ela diz, despreocupada enquanto tenta ler o rótulo de uma vodca azul.

“Horrível, como sempre.” Bufo, lembrando de contar sobre o vestido manchado de vinho em alguma outra hora. “Na verdade, o fato de você não ser obrigada a ir nesses jantares ainda é revoltante pra mim.”

Dylan sorri, um sorriso convencido que parece estar em toda a família Lockwood.

“Você sabe que eu sou a queridinha do papai, e se o Adam fosse tão perfeito quanto eu, talvez ele também fosse liberado. Talvez você também fosse.”

“Em uma coisa tenho que concordar: o Adam não é tão perfeito quanto você. Na real, ele é um porre.”

Na real, eu acho vocês dois uns idiotas. Mas é só a minha opinião.” Ela da de ombros enquanto observa um líquido branco caindo em um copo que achou na beirada da bancada.

“Você não entende. Ele é tão…” Suspiro, exasperada.

Pensando em todos os seus defeitos e qualidades que nem são tão boas assim, mas desisto. Meio cansada de Adam Lockwood e de toda a sua presunção idiota. Dylan não entende, nunca vai entender. Mas também não peço para que ela se sente e escute todas as nossas brigas e no quanto eu quero matá-lo. Matá-lo de formas incrivelmente criativas e inimagináveis. Por mais que eu reserve uma boa parte do tempo em que passamos juntas para reclamar dele. Agradeço por ela nunca defendê-lo, mesmo que ele seja seu irmão.

Por um tempo, muito tempo atrás, achei que poderia ser estranho me queixar do seu próprio sangue, mas depois percebi que Dylan não liga muito para as coisas. Ela cansou de se importar com banalidades a muito tempo, porque prefere se preocupar com situações mais sérias como o motivo da Amazon ter atrasado a entrega do seu pacote. A minha melhor amiga só quer ir fazer cinema em Hollywood e trazer representatividade para os filmes que vai dirigir. Talvez ela ganhe o Oscar ou viva de curta-metragens com poucas visualizações no YouTube, ela realmente não se importa.

“Bom.” Sorrio, tentando recuperar a minha animação enterrada no fundo do poço. “Não vamos falar sobre o Adam.”

“Não estamos falando sobre o Adam. Você está falando sobre o Adam.” Ela faz uma pausa, dando um gole na bebida. “Viu, existe uma diferença aí. Consegue perceber?”

“Por que nós somos amigas?” Questiono pondo a mão na cintura e dando uma leve inclinada de cabeça. Os irmãos Lockwood tem o dom de me deixar fora das minhas emoções convencionais, que gira em torna de ter empatia pelas pessoas.

Polos Opostos Where stories live. Discover now