Polos Opostos

Capítulo 21 - Atire Primeiro...

Todos aplaudiram quando as animadoras de Charleston sorriram vitoriosas ao terminarem sua coreografia. Agitei os pompons e sorri também, todas foram espetaculares.

A verdade é que estou procurando qualquer coisa que me distraia, que me leve para longe da beirada do campo e me faça voar entre lembranças e bons acontecimentos. Hill Davis, está ganhando, como sempre; Dylan fez aquela acrobacia melhor do que eu esperava; Daniel marcou muitos pontos e em todos eles pude ver Cal sorrindo no banco de reserva.

Daniel está incrivelmente feliz com esse possível começo de relacionamento. O que significa, que se isso for adiante, eu terei que compartilhar algum tipo de vínculo com o Cal. Dylan já passou por mim nesta corrida imaginária e já tem um post no instagram com o garoto, além de ter saído com os dois para o cinema. Ainda estou lá atrás, correndo nesse campo imaginário cheio de vergonha.

Apesar do que Carlsen pensa, Adam realmente não vale a pena. Mas a questão é que os dois são muito amigos, e não posso nem sequer citar o nome de Adam na sua frente sem nos levar para aquela lanchonete em Surfside Beach. Ter falado aquilo do seu amigo e logo depois Cal está quase namorando um dos meus é estranho. E mesmo hesitante, com a vergonha eclodindo em meu peito, me aproximo. Sentando com cuidado ao seu lado no banco enquanto os outros jogadores correm de volta para o campo.

"Que jogo, em?" Sorrio sem graça, não sabendo a melhor forma de me aproximar.

Ao contrário do que suspeitei, Cal me oferece um sorriso fechado e sincero. Bom, eu acho que seja sincero.

"Hill Davis não está para brincadeira, e isso inclui as líderes de torcida. Todas foram ótimas." Não ouço nenhum tom de escárnio ou ressentimento, parecendo esse um solo seguro para pisar. Uma sensação de alívio diminui os batimentos do meu coração. "Você está se sentindo bem?"

"O que?" Atento-me a ele, meio confusa com a pergunta quando a torcida se agita atrás de nós.

"É que você me parece um pouco estranha." Ele explica, brincando com o capacete em mãos. "Você está falando comigo, então esse é meio que um sinal de alerta para mim."

Meu riso sem graça volta para me rondar, "Eu estou bem, Cal. O que há de tão estranho em eu estar falando com você?"

"Eu não sei, é que...existe toda essa sua questão com o Adam e isso pode se abranger a mim."

"A minha questão com o Adam não o atinge, ok? Eu não odeio você e nem quero colocá-lo em um triturador gigante só porque é o que eu desejo fazer com ele."

Nós sorrimos, e a sua postura parece mais de alívio do que divertida.

"Minha avó tem um triturador florestal, se quiser emprestado." Ele dá de ombros.

"Você não se importa se ele estiver sujo de sangue quando for devolvido, hum?"

Rimos e depois nos encaramos.

"Posso confessar uma coisa?" Cal pergunta, tão hesitante quanto eu estava antes.

"Claro."

"Eu não sei o que eu sinto pelo Daniel, apesar de sentir." Ele respira fundo. "E eu sei que isso é um problema porque ele é alguém super decidido. E se formos juntar o fato de que eu sou confuso pra caralho e o medo de você não gostar de mim, faz com que eu tenha receio do Daniel desistir de nós... É que ele sempre fala de você, Reese. Você é muito importante para ele e..." Cal desiste, sorrindo como se estivesse falando bobagens.

"Cal." Chamo a sua atenção. "Eu não não gosto de você. Eu gosto de você, principalmente porque faz o meu amigo feliz. E não pense, nem por um segundo, que eu poderia atrapalhar a felicidade dele."