Capítulo 17 - Dois Extremos

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Cada área do meu cérebro perdeu ao menos de 1 a 99 por cento de suas funções. Dois extremos com o mesmo efeito sobre o meu corpo, me deixando paralisada e abismada com a frase que acabou de ser dita. Mas essa não é uma frase qualquer, essa é uma das piores mentiras que poderia ter sido contada com toda essa certeza. Como se fosse verdade. Como se fosse algo dito todos os dias.

"Não consigo acreditar que Adam pescou uma garota tão bonita. Tem certeza que ele não está te obrigando a isso?" Tracy diz em um tom claro de brincadeira, mas na situação da qual fui colocada agora, deixa as coisas um pouco estranhas.

Adam tenta acompanhar a risada que a amiga/colega/namorada/ex-namorada/peguete/conhecida dá, mas saiu tão estranho que dá a impressão que ele nem tentou se esforçar. Olhando para o seu rosto de forma abismada, consigo notar que Adam está desesperado em não parecer solteiro na frente da garota, apertando a minha cintura com cada vez mais força, quase me fazendo arfar pela atitude desesperada. Porém percebo que é um pedido de socorro silencioso.

Que consequentemente, acabo atendendo.

"Na verdade é o pai dele que está me pagando para que eu consiga me submeter a isso." Tento entrar no mesmo tom divertido, sorrindo falsamente enquanto cravo minhas unhas em suas costas sobre a malha fina de sua blusa clara, demonstrando minha total aversão a isso.

"Fico feliz por você, Adam. E pela sua pesca."

"Reese." Estendo a mão livre, odiando o termo do qual estou sendo chamada. "Reese Ransom."

"Ah, claro." Tracy aperta a minha mão rapidamente. "Fico feliz pelos dois, Adam e Reese Ransom." Pensar nessa ideia faz o meu estômago revirar e meu rosto se contorcer, mas a cara da garota desconhecida não é muito melhor do que a minha.

"Todos dizem que formamos um casal bonito." Adam me coloca cada vez mais perto do seu corpo, atuando da forma mais grosseira possível e quase fazendo com que eu tropece nos meus próprios pés.

"E eles estão certos." Mas você não parece tão certa assim no que diz. "Já que vocês estão aqui, eu não poderia perder a oportunidade de fazer um convite para um velho amigo."

Velho amigo...

"Como o Adam já sabe, eu organizo bailes beneficentes para arrecadar fundos para a caridade, e essa noite vocês serão meus convidados especiais."

"Estaremos lá!" O moreno ao meu lado confirma a nossa presença de forma rápida demais, não querendo dar chances para que eu volte atrás.

"Ótimo! Mandarei o convite por mensagem. Enfim, preciso ir. Vejo vocês hoje a noite com trajes formais." Tracy acena levemente enquanto sai da loja, deixando duas pessoas abraçadas e com sorrisos largos demais para ser verdade, para trás.

Quando a garota de tranças desaparece pelo City Market, imediatamente empurro Adam para longe e lhe dou um belo tapa no braço, fazendo um barulho um tanto estrondoso para um simples tapa. Ele solta um burburinho de dor ao mesmo tempo em que lhe dou as costas, saindo na direção contrária de Tracy.

Diferente da garota que parecia, por fora, calma demais. Ando na velocidade da luz e quase atropelo uma criança suja de sorvete no meio do caminho. Só percebo que Adam está no meu encalço quando paro subitamente do lado de fora do mercado, com ele esbarrando em minhas costas pela parada repentina. Como Adam pode ser tão idiota ao ponto de fazer coisas como aquela!? Como eu posso ser tão idiota por aceitar coisas como aquela!?

Aquela discussão no ônibus ainda está mexendo com os meus sentimentos, me deixando mais empática em relação a ele. Mas eu não sabia que aquilo poderia gerar isso! Tracy irá nos esperar? Nos esperar onde e para quê? Não sou a namorada de Adam Lockwood. Nunca serei a namorada de Adam Lockwood. Novamente, esse pensamento me enjoa, seríamos terríveis juntos! A única pessoa do planeta que acha essa ideia plausível é Daniel, mas a sua opinião é tão fantasiosa que não consigo chamá-la de opinião.

Polos Opostos Where stories live. Discover now