Capítulo 20 - Oi, eu sou a Molly!

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Está tudo bem.

Eu planejava fazer isso de um jeito ou de outro, então está tudo bem. Mesmo que a noite anterior tivesse acabado da melhor maneira possível, se é que essa possibilidade sequer seria plausível, ou acabado da forma como acabou ontem; eu ainda estaria de pé, parada a dois minutos na frente do quarto 46. Pensando e pensando. Pensando mais uma vez até meu cérebro quebrar em milhões de pedacinhos. Em um desses pensamentos, até considerei deixar a caixa que seguro no chão, bater na porta e sair correndo. Porém essa atitude seria de alguém covarde. Eu não sou covarde. Não sou Adam Lockwood.

O episódio da noite passada, toda aquela tensão e expectativa se misturando com uma raiva explosiva ainda está tamborilando na minha cabeça. Fazendo com que o meu coração não pare de bater acelerado contra as costelas nem por um mísero segundo. Toda essa raiva está em torno, principalmente, de Adam. De eu ter feito tudo aquilo, e ainda mais por ter me esforçado, para fazer aquele teatro como se fôssemos amigos e a minha determinação para ajudá-lo girasse em torno disso.

Mas a questão é que não gira em torno de sermos amigos. Pois não somos, e nunca seremos algo a mais do que somos hoje. Fiz tudo aquilo apenas para ter informações sobre o meu pai, que seriam conseguidas facilmente em um simples pedido de ajuda a Dylan. O que me leva a outra questão que faz meu peito subir e descer em um suspiro profundo pela milésima vez.

Existe alguma coisa, uma ponte imaginária que está lentamente me separando de Dylan. Talvez eu esteja tendo pensamentos paranóicos e obsessivos de novo, já que tenho um sério problema de pensar demais e acabar presa a questionamentos sem respostas na minha cabeça. Mas se essa "ponte" realmente existe, não sendo nenhum fruto de todas essas portas abertas, por que eu não recorri a minha melhor amiga?

Por que fui na direção de uma pessoa que me despreza? Na direção oposta? Que odeia tanto a minha existência quanto eu odeio a dele? Dylan é minha amiga, preciso ficar sempre reforçando isso para ter certeza que é real, então qual o motivo de eu não estar sendo franca com ela? A noite com Adam e conversas/brigas que tivemos ao longo da viagem ainda não chegaram aos seus ouvidos mesmo que eu tenha passado grande parte da vida falando mal do seu irmão. Por que não estou xingando Adam para ela agora? Por que não estou contando a Dylan o que aconteceu ontem à noite neste exato momento? Por que estou tão hesitante em falar sobre o meu pai?

Outro suspiro.

Eu não sei. Não tenho resposta para nenhuma dessas perguntas. E tenho consciência que se continuar pensando, irei entrar em um colapso sem fim de questões não resolvidas. Paro de pensar quando automaticamente levo a mão à porta, batendo três vezes e esperando.

Silêncio.

Bato mais três vezes.

Silêncio.

Os nós dos meus dedos se encontram mais uma vez com o material duro da porta, começando a me deixar impaciente.

Silêncio.

"Adam!?" Tento não falar muito alto, alguém da escola pode simplesmente sair de seus quartos compartilhados e questionar o motivo de Reese Ransom estar batendo na porta de Adam Lockwood quando eles se odeiam mortalmente.

Outro fato que me incomoda: saber que todos sabem da nossa rivalidade. Não que eu tenha guardado segredo ou pedido para que alguém fizesse isso por mim. Apenas me incomoda pelo simples fato do meu nome estar na boca de outra pessoa. Falando coisas que não posso controlar e opiniões que não posso saber. O que me resta é respirar fundo de novo, e rezar para que essa porta não seja a próxima a ser escancarada.

Polos Opostos Where stories live. Discover now