Capítulo 46 - Polos Opostos

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Atenção: algumas coisas acabaram sendo alteradas e esse é o último capítulo de Polos Opostos. Mas calma, ainda temos o epílogo e um capítulo extra. Que esse seja um feliz natal para os meus queridos leitores, e espero que gostem (ou talvez não) do último capítulo dessa história soltado uma hora mais cedo como um presente de amigo secreto!



Foram três meses, apenas isso sobre o verão que se passou.

No primeiro mês me tranquei no quarto até Daniel chegar trinta dias depois fazendo uma palestra sobre sintomas de depressão e lavar o meu cabelo. Eu não queria ouvir aquilo. Eu não queria lavar o cabelo. Me sentia bem o suficiente trancada em um quarto bagunçado, dormindo sem nenhum discernimento o dia inteiro na minha cama bagunçada e pensando na minha vida bagunçada. Perdi três quilos porque não comi direito naquele primeiro mês, mas os ganhei de novo quando, sem saber, Daniel me levou naquela mesma lanchonete e foi obrigado a me assistir chorando e comendo ao mesmo tempo.

No segundo mês, a minha mãe decidiu que arranjar algum trabalho de verão seria bom para que eu não ficasse tão parada dentro de casa. Limpei piscinas por semanas, lavei alguns carros e juntei dinheiro para a faculdade (algo que pretendo resolver bem depois).

No terceiro mês visitei Claire algumas vezes quando apenas a bebê e a sua mãe estavam em casa. Não posso me encontrar com o restante dos Lockwood, eu morreria ou acabaria matando alguns deles. De preferência os três. Eu os odeio. Muito. Muito. Muito. Muito até dizer chega. Claro que não esqueci de me odiar, na verdade estou fazendo isso até hoje.

"O que acha?" Minha mãe pergunta, do outro lado da mesa.

"Está bem." Dou de ombros, querendo fingir que o que acabou de ser dito não é real.

Ela se mexe na cadeira como se tivesse alfinetes nela, "Eu não quero fazer nada sem pedir a sua opinião. Estou lendo um livro de como ser uma mãe melhor, e isso faz parte de alguns exercícios."

"Então já parou de transar com o Jim?" Remexo nas ervilhas do meu prato quando o garfo dela bate na borda da sua porcelana acidentalmente.

"Isso não foi engraçado."

"Não? Pensei que estávamos contando piadas."

"Então você não gostou."

Deixo a comida quase intocada de lado, "Eu tenho coisas em Hill Davis, mãe."

"Coisas? Que coisas? Nem a casa em que moramos é realmente nossa. Não temos nada aqui."

A realidade bate de forma dura na minha cara, suspiro, passo as mãos no rosto como se isso pudesse me livrar da novidade nem um pouco bem-vinda.

"Eu tenho o Daniel." Digo, em uma tentativa fracassada de tornar esse um argumento que eu possa sustentar.

"Não, você está se referindo ao Adam."

"Nem tudo tem haver com o Adam."

"Ah, não?" Ela estreita os olhos castanhos idênticos aos meus. "Você se trancou no quarto por um mês, e não teve nada haver com ele?"

"Isso foi a dois meses, já passou."

Lyla recosta na cadeira, suspira, pensa e pensa mais um pouco, "Vocês ainda podem consertar as coisas."

"Não." Interfiro antes que essa conversa saia ainda mais do rumo. "Não foi a primeira vez que ele me machucou. Não foi a primeira vez que me falou coisas ruins, que mentiu, que foi um babaca. Aquela não foi a primeira vez e sim a última."

Polos Opostos Where stories live. Discover now