Capítulo 13 - Protetor Solar

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Georgetown, cidade costeira com muito charme e personalidade; é como andar em Stars Hollow a caminho do café do Luke. De manhã cedo, Dylan e eu saímos para fazer compras nas lojinhas do centro. Claro, o treinador ainda estava com a cara amarrada e não gostou disso, mas todos queriam aproveitar o dia antes do jogo de hoje a noite, e não teve como negar ou nos prender no hotel.

O episódio da noite retrasada ainda está rebobinando na minha cabeça, as palavras de Bobby ainda me fazem revirar os olhos e a cara de Adam ainda causa certos impulsos homicidas. Confesso que, naquele momento, eu queria revidar. Queria dizer o que realmente havia acontecido, queria bater tanto no Lockwood quanto no treinador, mas algo me dizia que essa não era a melhor ideia. Não seria bom para mim, apesar de um sexto sentido me dizer que Adam gostaria de me ver realmente surtada.

Com o sol batendo em meu corpo e um drink em mãos, relaxo na cadeira de praia como se tudo estivesse bem. Como se minhas coreografias não fossem medíocres, como se o time de futebol realmente precisasse das animadoras de torcida, como se eu não tivesse sido obrigada a cavar a minha cova e alguém quisesse me enterrar nela. Eu odeio Adam mais do que tudo nesse mundo, e seria bom que o mar o levasse para bem longe de mim. Contudo tem algo muito melhor do que ver a sua morte: o seu medo.

Por detrás dos óculos escuros e do chapéu escandaloso de praia, consigo enxergar discretamente as suas olhadas de soslaio. Ele está desconfiado desde aquela noite. Também foi assim em uma hora de viagem até Georgetown, onde o silêncio o deixou mais incomodado do que nunca. Adam está esperando que eu corra atrás dele com um taco de baseball, que o faça comer a areia da praia ou que eu o xingue por duas horas seguidas. E sim, todas essas opções são fantásticas e me fariam dormir com um belo sorriso no rosto, mas nada é melhor do que esse medo/expectativa que Adam está exalando.

Na real, eu iria fazer tudo isso ao mesmo tempo. Porém, uma ligação para Karen me fez mudar de ideia; confesso que essa sensação é bem melhor do que afogá-lo no mar.

Eu acho.

"Está vendo? Eu falei que isso era bem melhor." Karen diz pela chamada de vídeo, ela está deitada em um daqueles colchões de água ortopédicos em uma posição estranha.

"Ainda estou tentando me convencer disto." Sorrio. "Enfim, como estão as coisas por aí?"

"Você quer a verdade?"

"Eu gosto de boas mentiras, mas vamos lá."

"Sua mãe anda meio surtada desde que você foi para essa viagem, o que significa que o Jim passa mais tempo na casa dela do que na nossa casa. A Lyla está melhor, confesso, mas seria bom se você atendesse as ligações dela." Ouço com atenção, concordando com a cabeça mesmo sabendo que ainda não estou preparada para lidar com ela. "Você me deve uma por ter feito com que eu esperasse por horas a ligação da diretora avisando da sua escapada noturna noite retrasada. Minhas costas estão doloridas, por isso o colchão d'água; mas está tudo bem com a minha menininha. Você já abriu o e-mail que te mandei com possíveis nomes?"

"Já sim." Minto, nem tive tempo de olhar a caixa de mensagens. "Emma é um bom nome, um pouco comum, mas ainda um bom nome."

Digo um nome qualquer. Todos os sites que oferecem listas de nomes de bebês sempre tem Emma, então foi um bom chute para enriquecer a mentira.

"Também acho, mas enfim... Está na minha hora de comer. Preciso ir, tchau mocinha."

Ela desliga a chamada, fazendo com que minha visão caminhe até as garotas a alguns metros. Algumas ainda estão correndo, outras apenas caminhando, e a maioria estão paradas. Ofegantes, vendo o tempo passar como se nada disso fosse importante. Se até o próprio treinador afirmou que as nossas apresentações estão ruins, o que as pessoas de fora estão achando disso!? Hoje é o terceiro jogo, Hill Davis está indo bem, e as líderes de torcida não podem ficar para trás.

Polos Opostos Where stories live. Discover now