Capítulo 33 - Turbulência

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O líquido que não é água desse de forma fervorosa pela minha garganta, queimando por onde passa e me fazendo dar uma careta provavelmente horripilante. Adam não fica muito para trás no quesito de fazer careta, mas é o terceiro copo que toma, então ele está na frente na minha competição imaginária.

"Existem duas possibilidades." Ele começa, parecendo verdadeiramente interessado no que estamos fazendo aqui. "Uma possibilidade boa, e uma ruim."

"Isso não ajuda em nada." Faço careta novamente, mas dessa vez não é pela bebida. "Eu sei que pode ter coisas nesse arquivo que eu possa não gostar e vice-versa. Mas não é sobre isso que estamos falando."

"Mas você mesma disse que ele não foi embora porque quis. Então qual o motivo de estar questionando isso agora?"

"No quarto do Luke havia uma pintura. Uma pintura dele." Explico, colocando um pouco mais de vodka nos nossos copos.

"Luke? Quem é Luke?"

"Um cara que eu conheci no baile beneficente da Tracy."

"Um cara?" Adam parece incomodado, por isso dá um gole rápido na sua bebida como se fosse o suficiente para fazer o incômodo descer junto com o álcool.

"Não importa quem é o cara, ok? Só importa que o quadro estava no quarto dele."

"Você entrou no quarto dele?"

Estalo dois dedos na frente de seu rosto duvidoso, repensando se ainda estar sentada neste balcão, de frente para o Lockwood, é boa coisa.

"Dá para ficar no assunto!?" Estou começando a sentir pontadas de irritação, e não gosto nenhum pouco disso. "Nós temos um quadro, o arquivo que Karen mandou, duas possibilidades e uma decisão. Você disse que tínhamos a noite toda para isso, mas se continuar desviando do assunto, acho que não teremos tempo o suficiente."

"Não seja impaciente, só estou curioso." Seus ombros sobem e descem em desdém. "O que o Luke disse?"

"Que ele comprou o quadro em uma galeria em Savannah. Que é de um pintor novo e pouco conhecido."

Bebo um pouco mais como se isso pudesse ajudar a acalmar o meu coração agitado, mas parece que só está piorando. E eu odeio isso. Odeio a sensação de não poder controlar o que estou sentindo e o que está acontecendo à minha volta. Odeio ter que explicar tudo isso para a pessoa que mais odeio em toda a minha vida. Porém, ainda sim, insisto na ideia que Adam possa me ajudar. Duas cabeças pensam melhor do que uma, mas se eu não estivesse tão absorta em tantas dúvidas, com certeza conseguiria pensar sozinha.

"Meu pai tem alguns projetos arquitetônicos de galerias e ateliês em Savannah, Geórgia. O arquivo que a Karen enviou pode ter alguma ligação com a galeria que o Luke falou?" Adam se aproxima, pega o meu celular no balcão e o desbloqueia.

O encaro, confusa.

"O que? Você sabe a minha senha?"

"É claro que sei, mas não se preocupa, não sou do tipo namorado controlador ciumento que vasculha as suas mensagens." Ele entra em alguns aplicativos, procurando o e-mail da madrasta.

Ainda estou interessada demais no fato de que ele sabe a minha senha, "Como?"

"Você acabou de colocar, Reese. E é a data do seu aniversário, o que não é nenhum pouco original."

Roubo o meu celular de suas mãos, vendo sua expressão de desaprovação, "Você sabe a data do meu aniversário?"

"Claro que sei. Coloquei essa data na minha lista de os piores dias que o mundo já precisou enfrentar." O cinismo é evidente, mas não me ofendo com ele.

Polos Opostos Where stories live. Discover now