Capítulo 25 - Clone

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Quando penso na dança, automaticamente, consigo sentir que amo isso. Amo os movimentos e a forma como nossos corpos podem fazer artes tão bonitas com simples movimentos. Quando assumi o posto de capitã das líderes de torcida, me senti importante naquele grupo. Mas, estar sentada no banco durante o primeiro intervalo, faz com o que eu senti se transforme em um grande e belo nada.

Eu amo isso, certo? Amo tanto que um dia considerei seguir alguma carreira ao redor desse meu hobby. Porém, percebo que não passa de um hobby, e que não tenho perspectivas de futuro. Estou caminhando, lentamente, para o fim da estrada que chamo de ensino médio, mas e depois? Viver de um hobby não é opção, não tenho interesses profissionais e quase não penso nisso. Como vai ser depois dessa viagem, restando menos de dez dias para tudo isso chegar ao fim?

Irei me enterrar em um poço de créditos estudantis enquanto estudo administração? Do que eu gosto de fazer, além de dançar, chorar e pensar demais? O que será de mim depois disso tudo? O verão vai ser preenchido com algum trabalho temporário enquanto Daniel se trancará no quarto e não sairá de lá até ter decorado toda a constituição americana e Dylan irá para Nova York para procurar um apartamento perto da escola de artes.

Minha mãe falou que ela resolveria as coisas, mas como? Talvez tenhamos ganhado na loteria ou algo assim...porém, duvido muito. Confesso que estou curiosa para saber para onde Lyla foi, o que está fazendo e o que trará para mim. E espero, urgentemente, que seja algo bom. Estou cansada de coisas ruins.

"Você não deveria estar no campo?" Dylan senta ao meu lado, segurando uma garrafinha de água em mãos.

"Você também deveria." Retruco, deixando os pompons de lado.

"Só vou entrar no segundo intervalo, troquei com a Mindy."

"Ah, claro. Eu havia me esquecido disso." Respondo, sem muito entusiasmo.

"Me desculpa." A loira me pega de surpresa, então finalmente a olho com mais precisão.

"Por..?"

"Por estar sendo uma escrota." Estreito os olhos diante da resposta, mas fico quieta, esperando mais do que isso. "Me desculpa por não ter perguntado como você estava depois do lance com o Colin e o Adam; e por não estar falando muito com você. É que, ultimamente, você anda estranha. O que acabou me deixando estranha também."

"Não estou estranha." A minha resposta nem ao menos treme, mas alguma coisa me diz que há algo errado nela.

"Se você diz..." Ela dá de ombros.

"Não, Dylan. Eu não estou estranha." Confirmo novamente.

"Ok, está tudo bem." Ela ergue as mãos pálidas, como uma criminosa debochada por alguns instantes. "O que aconteceu entre vocês? Digo, entre você, o Adam e o Colin?"

"Eles são dois babacas e eu estava, coincidentemente, no meio deles." Respiro fundo e sorrio, essa não é uma história que eu gostaria de contar novamente. "Foi apenas isso."

Vejo a compreensão em seu olhar quando a garota percebe que, sinceramente, estou mais interessada em esquecer o assunto.

"Eu sinto muito por ter visto, seja lá o que você viu." Dylan passa o braço pela minha cintura, se aproximando e encostando a cabeça em meu ombro, pedindo desculpas mais algumas vezes enquanto observamos as animadoras no campo. "Você vai sentir a minha falta quando virarmos adultas?"

"Virarmos adultas?" Solto uma risada nasal. "Ainda faltam cinco meses para virarmos adultas, não se preocupe com isso agora."

"Eu sou apressada com as coisas, você sabe disso. E por mais que eu não me importe muito com as coisas, isso vem realmente me estressando. Não quero ter que deixar de dormir na sua casa, ou de dormirmos juntas na minha. Não quero deixar de assistir Barbie na casa do Daniel. Não quero deixar nada disso para trás, mesmo que uma escola de artes em uma Nova York cheia de ratos seja o meu sonho."

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