Capítulo 27 - Chamas Vermelhas

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"Parece os portões do inferno." Dylan cruza os braços, encarando os portões do que achamos ser a casa de Penellaphe.

"Então aqui é Hell 's Kitchen!?" Adam segue o raciocínio da irmã.

"Nós seremos mortos aqui, eu já assisti esse filme uma quinhentas vezes."

"Jason ou Annabelle?"

"Jason, com certeza." A loira confirma.

"Vocês são realmente irmãos." Daniel nega com a cabeça, abrindo os portões para a nossa passagem.

Uma coisa boa: não precisei ir no colo de Adam, mas não foi nada confortável compartilhar o banco da frente com Dylan. Minhas coxas estão doendo até agora por conta da loira e das milhares de vezes que ela resolveu se mexer para compartilhar alguma informação desnecessária. Pelo menos a viagem até os portões do inferno não foi tão silenciosa, nós conversamos sobre aleatoriedades e rimos uma boa parte do caminho. E agora estamos aqui, entrando no casarão de Pennelaphe.

Observo o caminho de pedra, o jardim bem cuidado e a estrutura escura da casa que me faz lembrar das mansões dos filmes de terror. Não escuto nada, nem um barulho de música ou ruído, nenhuma conversa ou risada. Está tudo vazio, um breu em meio a escuridão que toma Folly Beach. Também estamos afastados da praia, cercados por uma quase floresta.

Um certo medo me rodeia, parece que estamos indo literalmente para o inferno, e não gosto nenhum pouco de como é essa sensação.

"O que foi?" Adam pergunta, chamando a minha atenção enquanto andamos calmamente, considerando se essa é realmente uma boa ideia.

"Nada." Fecho os botões da minha blusa de lã, sentindo o vento frio nos atingir.

"Nada? Tem certeza?"

"Tenho." Confirmo com a cabeça, mesmo sem ter muita certeza.

"Se ficar com medo dessa paisagem digna de filme de terror, pode olhar para mim." Ele sugere, batendo seu ombro no meu de forma sútil.

Quando eu não queria olhar para aquele caixão, eu olhava para você...

"Não estou com medo." Respondo abruptamente, ou minto. Talvez os pensamentos da Dylan estejam me afetando.

"Pela forma que você está me olhando agora, eu nunca ousaria desmentir isso."

"Mas é o que você já está fazendo, Adam." Me atento para o seu rosto passivo, decidida que essa é realmente uma melhor visão. Porém, sei que não deveria ser. Sei que não deveria pensar nisso. Mas essa parte minha é incontrolável, como uma fera a solta.

"Eu gosto de dizer que você está errada, ou mentindo. Meu ego infla, sabe?"

"Sei bem como o seu ego infla." Retruco. "Já o vi milhares de vezes, e ele não é nada agradável."

Adam leva a mão direita ao peito, quase ofendido, "Pensei que essa era uma das minhas melhores qualidades."

"E como sempre, você está errado." Solto-lhe um sorriso falso, mas ele ergue os cantos de sua boca bem desenhada genuinamente.

Quando percebo, paramos na frente da porta da casa assustadora.

"Viu? Falei que era melhor olhar para o meu rostinho bonito do que para a paisagem." Seus ombros sobem e descem, como se fosse dono de toda a razão do mundo.

"Foi reconfortante, obrigada." De longe dá para sentir o deboche em minha voz, mas ele não liga para isso.

Dylan bate na porta marrom escura, cheia de expectativa e com uma vontade incontrolável de sair do frio. Não reconheço quem atende, mas ele pega os nossos convites e aponta para uma segunda porta depois do pequeno hall de entrada. Ainda não há nenhum barulho que me faça suspeitar que estamos em uma festa ou a caminho dela, e isso só me deixa nervosa de novo.

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