𝗣𝗥𝗢𝗟𝗢𝗚𝗢

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𝗖𝗔𝗟𝗜𝗙𝗢𝗥𝗡𝗜𝗔¦1984

Meus olhos pareciam ficar cada vez mais pesados a cada palavra que o professor falava, não sei o que na voz dele me fazia querer tanto dormir, mas eu não podia, já tinha um aviso dele que se adormecesse mais uma vez em sua sala ficaria na detenção, e bom, esses não eram os meus planos para depois da aula.

Analisei toda a sala de aula procurando algo que me deixasse totalmente acordada. E ali estava ele, Tommy, tão lindo enquanto rabiscava seu caderno, não consegui evitar suspirar, sonhando com o dia que ele viria até mim me chamando para sair, mas isso nunca aconteceria.

― Sabe que não tem nenhuma chance, né? ― Johnny me provocou bem próximo do meu ouvido. Johnny Lawrence meu vizinho da frente, um babaca completo, éramos amigos até o começo do ensino médio quando começou a subir na hierarquia da popularidade, e eu não era mais boa o suficiente para andar com ele.

― Disse o cara que ainda não superou o pé na bunda ― O loiro bufou me deixando arrepiada pela proximidade ― Não sei o que vocês vêem nela.

― Vocês?

― Sim, nunca percebeu que Tommy também gosta dela? Ou gostava, sei lá.

― Tommy? ― Suspirou debochando ― De onde tirou isso?

― Sou do tipo observadora ― Virei em sua direção ― E também ouvi ele ensaiando para a chamar para sair.

― Você é do tipo mentirosa ― Deu ênfase.

― Acredita no que quiser, Lawrence ― Dou de ombros e volto a olhar para frente ― Mas ele gostar ou não dela, não faz nenhuma diferença. Tommy nunca vai olhar para mim de qualquer forma, acho que nem sabe meu nome.

― Tão dramática, Higgins ― Não o olho, mas sei que revira os olhos ― Se quer ficar com ele, toma uma atitude, o máximo que pode acontecer é ser rejeitada.

― Johnny eu me poupei de humilhação o ensino médio inteiro, acho que não quero chamar atenção agora.

― Qual é o problema com atenção?

― Superestimada ― Vindo da pessoa que ninguém lembra que existe.

― Covarde! No meu dojo nós falamos: Acerte primeiro. Aceite firme- ― Antes que pudesse continuar, o professor pigarreou lá na frente. Me fazendo perceber que todos olhavam para nós dois, algumas meninas transpareciam seu ódio e inveja, devido a distância de milímetros entre eu e Johnny.

― Estou atrapalhando a conversa dos dois? ― Na verdade, está sim.

― Desculpa, senhor ― Respondemos ao mesmo tempo.

― Dessa vez vou deixar passar. Mas deixem para namorar fora da sala de aula ― Namorar? O que ele quer dizer com isso? Um menino e uma menina não podem ter um diálogo de forma platônica?

O resto dos alunos começaram a rir e cochichar entre si. Johnny sorriu de lado e eu reviro os olhos. Que gente mais idiota.

O sinal tocou antes que eles provocassem mais ainda, fechei meu fichário e peguei minha mochila saindo da sala pisando duro. Eu gosto de ser invisível, evita vergonha e problemas, sempre foi assim, e sempre será.

O dia passou sem mais momentos constrangedores, apenas como de costume, me deixando aliviada.

Guardava minhas coisas no armário com calma, até sentir alguém se aproximar, provavelmente uma pessoa me confundindo — aconteceu mais vezes que me orgulho.

𝗙𝗔𝗞𝗘 𝗗𝗔𝗧𝗜𝗡𝗚, JOHNNY LAWRENCEWhere stories live. Discover now