𝗫𝗫𝗫𝗩𝗜𝗜𝗜. CARTA DE ACEITAÇÃO

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𝗖𝗔𝗟𝗜𝗙𝗢𝗥𝗡𝗜𝗔¦1985

Caminho pelo estacionamento da escola, totalmente focada nos meus pensamentos, imaginando quando o meu castigo acabaria e eu poderia correr para o outro lado da rua ao encontro do Lawrence.

Cantarolava uma música, com a cabeça baixa, tentando impedir que a chuva molhasse minha maquiagem. Fazendo com que eu esbarrase em alguém.

— Olha por onde anda — Reclamo, tirando o capuz de cima do meu cabelo. Quando ergui o olhar, encontrei com o mais lindo par de olhos azuis. O abraço forte imediatamente, com medo de que aquilo fosse apenas um sonho, e logo seria despertada por minha mãe avisando que estou atrasada.

Oi — Murmura, retribuindo o aperto.

— O que houve? Por que desapareceu?

— Eu tive alguns problemas — Me afasto minimamente para encará-lo, notando os hematomas no seu rosto.

— Foi o Sid? — Toquei suas bochechas, e ele apenas fechou os olhos apreciando o carinho — É minha culpa, não devia ter feito aquilo — Um nó se forma em minha garganta, e meus olhos ardem.

— Não se culpe pelo Sid ser um babaca.

— Você sumiu por vários dias, fiquei tão preocupada, mas eu não podia ir até lá, estou de castigo.

— Castigo? — Dá um riso anasalado.

— Sem Johnny até segunda ordem — Entrelaço meus dedos atrás de sua nuca, ficando na ponta dos pés.

— Então, está desobedecendo sua mãe? — Finge estar chocado.

Junto nossas bocas em um selinho longo, mas sou interrompida pelo barulho do sinal.

Nos separo rapidamente.

— Eu queria muito ficar aqui com você, e conversar o dia todo, mas preciso muito falar com minha orientadora.

— Tudo bem, te vejo mais tarde — Beijo sua bochecha.

— Me encontra debaixo da arquibancada na próxima aula, prometo que nada vai interromper nós dois — Ele concorda  sorrindo fraco.

[...]

— Sua gravata tem que ser rosa por causa do meu vestido — Explico pela terceira vez.

— Sem chance, eu não vou de rosa.

— Johnny! — O repreendo e o loiro bufa.

— Não pode usar um vestido de outra cor?

— Se visse o vestido não estaria perguntando isso.

Estamos deitados na minha cama, conversando e rindo, enquanto um programa passa na TV.

O Lawrence aperta minha mão ao ouvir o barulho do carro da minha mãe entrando na garagem.

— Droga, esqueci da hora — Se senta, puxando seu casaco da cadeira — Vou ter que voltar para casa do Sid.

Casa do Sid. Isso é como um soco na cara.

— Lá é a sua casa também — Toco seu ombro.

— Ele já deixou bem claro que não — Seu tom é baixo, e o conhecendo como conheço sei que deseja chorar agora.

— Não precisa voltar lá, vou conversar com minha mãe — Coloco suas bochechas nas minhas mãos — Não vou deixar que ele te machuque, tudo bem?

[...]

Depois de explicar a situação, minha mãe suspendeu o castigo e deixou com que Johnny passasse a noite na nossa casa.

Entro no quarto, com o kit médico — que revirei todos os cômodos para encontrá-lo — em uma mão, e na outra um prato com cookies.

— Me deixa cuidar disso aí — Johnny está de costas para mim, vidrado na minha mesa.

— Pode me explicar o que é isso? — Se vira com uma carta em mãos.

Coloco o kit e o prato em cima da cama, e me aproximo dele, analisando o pedaço de papel.

É uma carta de aceitação da faculdade, uma faculdade da Alemanha.

— Estava mexendo nas minhas coisas quando eu saí? — Pergunto, pegando a carta.

— Responde a minha pergunta! — Sua feição é séria.

— Isso não quer dizer nada.

— Você se inscreveu para uma faculdade em outro país, como isso 'não quer dizer nada' — Faz aspas com os dedos.

— Meu pai me convenceu a visitar quando estava lá, como eu disse antes não é nada demais — Dou de ombros, pegando um cookie.

— Eu te conheço, sei que nunca teria se inscrito se não quisesse mesmo ir — Engulo em seco.

— Tudo bem — Levanto as mãos em rendição — É um lugar incrível, o campus é demais, e todo mundo lá é uma Jane. Seria uma boa escolha.

— Você não vai! — Rio.

— Não é você que decide isso.

— É NA PORRA DA ALEMANHA — Grita, socando a parede, derrubando meu quadro de anotações.

— Se acalma! Nós conseguimos superar a distância antes — Seguro seus ombros.

— Foram só dois meses — Me afasta, começando a andar em círculos no quarto.

— Johnny — Tento tocá-lo de novo.

— VOCÊ ESCONDEU ISSO DE MIM! TÁ MENTINDO DURANTE MESES — Gesticula com as mãos.

— Não menti, omiti, é completamente diferente — Dou ênfase — Eu tinha tudo planejado, juro — O loiro me fita — Ia contar depois do baile, nós íamos passar todo o verão juntos antes de eu ter que ir, vou voltar nas férias e feriados. Pensei sobre tudo.

— Caralho, você tomou mesmo sua decisão — Seus olhos azuis brilham devido às lágrimas que ele luta para segurar — Vai embora, me abandonar como todos fazem — Sua tristeza se transforma em fúria, e ele caminha até a porta — Boa viagem!

— Caralho, você tomou mesmo sua decisão — Seus olhos azuis brilham devido às lágrimas que ele luta para segurar — Vai embora, me abandonar como todos fazem — Sua tristeza se transforma em fúria, e ele caminha até a porta — Boa viagem!

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NOTAS:

vocês realmente acharam que eu daria paz para esses dois?

DOIS CAPÍTULOS PARA O FIM DE FAKE DATING.

𝗙𝗔𝗞𝗘 𝗗𝗔𝗧𝗜𝗡𝗚, JOHNNY LAWRENCEWhere stories live. Discover now