𝗩𝗜. GATINHA

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𝗖𝗔𝗟𝗜𝗙𝗢𝗥𝗡𝗜𝗔¦1984

O único barulho na casa inteira era o rádio tocando uma música que não conhecia. Minha mãe foi a uma festa no clube e eu passei o começo da noite de Halloween cercada por crianças pedindo doces, mas é meio solitário depois do horário de dormir dos seus pequenos acompanhantes.

As crianças me obrigaram a usar uma tiara com orelhinhas de gato, que ainda não tinha tirado. Costumava a amar esse dia, assim como eles, mas depois que cresce, festas de Dia das Bruxas é só desculpa para bebidas e pegação.

Sou despertada de meus pensamentos por várias batidas brutas na porta, desligo o rádio e caminho até a porta segurando a tigela cheia de besteiras.

― Oi gatinha ― Johnny brincou. Estava com o olho inchado e sua maquiagem toda borrada.

― O que aconteceu? ― Coloco a mão sobre seu rosto, e ele faz um barulho de dor.

― Só uma travessura ― Se afasta do meu toque, pegando algo na tigela ― Vim em busca das gostosuras

― Desembucha, Lawrence ― Ordeno, abrindo espaço na porta para ele entrar.

― O imbecil do LaRusso me deu um banho com uma mangueira na cabine, enquanto eu... ― Limpou a garganta ― Enfim, quando fui atrás dele um estranho bateu em mim e nos outros caras.

― Isso não faz o menor sentido ― O loiro se senta no sofá, e eu pego um saco de ervilhas congeladas na geladeira para seu rosto ― Os outros estão bem? ― Pergunto, sentando na mesa de centro na sua frente.

― O Tommy se machucou feio, acabei de sair do hospital com ele ― Aproximo o plástico gelado em seu rosto ― Devia ir fazer uma visita, sabe ― Ergue as sobrancelhas sugestivamente ― Dar uma de enfermeira gostosa.

― Esqueceu que sou sua namorada? ― Johnny sorriu.

― Como eu poderia ― Nossos olhares se encontraram, e naquele exato momento o mundo exterior sumiu, tudo era apenas aquela imensidão azul.

Johnny segurou minha nuca e começou a se aproximar, meu estômago se revirou de ansiedade, de repente tudo que eu queria era seus lábios nos meus, para sempre. Fechei meus olhos, esperando por seu toque.

― Boa noite ― Beijou minha testa. Porra Jane! Como por um segundo pensou que isso realmente aconteceria?

Continuei parada ali, apenas o vendo sair.

Passei a madrugada inteira repetindo aquele momento milhares de vezes na minha cabeça. Me convenci que só estou muito dentro dessa mentira, e acabei confundindo os meus sentimentos, já que eu e o Lawrence NUNCA faria sentido de verdade, e não é ele que tenho alimentado uma paixão por anos.

Preciso lembrar o real motivo para tudo isso, Tommy, e nada além disso.

Será que ele percebeu? AAAAAAA EU SOU UMA IDIOTA!

[...]

Logo cedo, o motivo da minha falta de sono estava na porta da minha casa, me pedindo que fosse com ele para o Cobra Kai. Após muita insistência e promessas de me levar ao cinema, aceitei.

E maldita hora que concordei, acabei ficando no meio de uma briga estranha do Johnny e seu sensei, com o Daniel e um velho que o acompanhava.

― Espero que o LaRusso te dê um chute na cara, e faça você engolir essa sua arrogância ― Falo para o Lawrence, apoiada em sua moto, esperando os outros aparecerem.

― Como minha namorada deveria me apoiar ― Dou de ombros.

― Bateu no coitado sozinho com mais 4 caras, Johnny, é muita injustiça ― Seu rosto ficou vermelho pela raiva ― E eu sei sobre toda sua perseguição doentia e sem motivo.

𝗙𝗔𝗞𝗘 𝗗𝗔𝗧𝗜𝗡𝗚, JOHNNY LAWRENCEWhere stories live. Discover now