𝗫𝗜. CLÁSSICO DO LAWRENCE

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𝗖𝗔𝗟𝗜𝗙𝗢𝗥𝗡𝗜𝗔¦1984

— Repetir várias vezes não vai fazer a resposta mudar — Cantarolo. Fecho meu armário, seguindo meu caminho até a quadra, sendo seguida por ele.

— Vai! Por favor, Jane — Corre na minha frente, com as mãos juntas, em súplica.

— Não! — Desvio dele, e continuo a andar.

— Por favor. Por favor. Por favor — Continua a falar até chegarmos ao destino final — Quer que eu me ajoelhe? EU IMPLORO DE JOELHOS — Se joga no chão, e agarra minhas pernas, as chacoalhando.

— Para de ser um bebê — Tento me soltar, mas ele era muito mais forte.

— JANE HIGGINS VAI COMIGO NESSE CLUBE CHATO — Bufo.

— NÃO, TOMMY — Me larga, para juntar suas mãos de novo — Aquele lugar é um saco.

Faz beicinho, tentando um último golpe.

— Me busca às 21hrs, e quero um colar novo, LINDO, entendeu? — Concorda, sorrindo — Agora levanta, tá todo mundo olhando.

Tommy se afastou indo até o resto do seu time e eu fiz o mesmo.

— Namorado novo? — Lucy questiona se sentando ao meu lado, enquanto colocava minhas meias e chuteira.

— Não é meu namorado — Ergueu o cenho — Está sugerindo que sou uma vadia?

— Você é minha idola — Gargalha — Johnny Lawrence, e agora o Tommy, qual é seu segredo?

— Apenas charme irresistível.

[...]

— Satisfeita? — O loiro encaixou o colar de pérolas em mim.

Resmungo como se pensasse.

— Estou analisando mentalmente se isso vale por todo estresse mental da noite... Acho que não, mas pelo menos não vou suportar sozinha — Tommy sorri, acaricio o presente — Vou ter essas pérolas lindas comigo.

Seu sorriso se desfaz, e o meu se forma.

Brincadeira.

A combinação do acessório e o vestido azul claro de cetim, ressalta a cor das minhas orbes. Vejo meu reflexo, pelo retrovisor, antes de entrar. [vestido na mídia]

Ele já havia separado cadeiras para nós dois, na mesa com seus amigos, Não os do Cobra Kai, outros ricos, chatos.

Conversavam sobre assuntos que não dava a mínima, fazendo meu cérebro automaticamente suplicar por algo interessante. Analisei todo o salão procurando por algo, e lá estava ele, Johnny Lawrence, tão desesperado por atenção, dançando com Ali.

Um sentimento estranho me acertou, como se tivesse tomado um soco no estômago, queria vomitar minhas emoções. Agarrou as costas dela, e juntou suas bocas ferozmente, a dando um beijo longo.

Minha visão ficou embaçada, e um nó se formou na minha garganta. Por que isso agora?

Só queria um motivo para fugir. E como uma ajuda do universo, vejo Daniel jogado no chão coberto por molho.

O LaRusso sai correndo pela cozinha, e eu o sigo. Todos da festa riam, tão pretensiosos e impiedosos.

— Ei! Ei! Daniel — Tento o alcançar, mas não consegui com esses malditos saltos.

Sobe em sua bicicleta e vai embora, me deixando sozinha no estacionamento. O vento bagunçava meu cabelo, e secava parcialmente minhas lágrimas que insistiam em sair.

QUE DROGA! O QUE TA ACONTECENDO COMIGO?

Sento na escada, abraçando meus joelhos. Talvez se eu pedisse muito, um ser superior tivesse pena de mim e me deixaria invisível, ou arrancasse essa sensação de derrota.

— Por que foi atrás do fracassado? — Johnny pergunta, de pé, encarando minhas costas.

— Por que veio atrás de mim? — Continua em silêncio — O mesmo motivo... Pena.

Seus passos se aproximam, e ele se acomoda no degrau. A única reação que tive foi de tampar meu rosto, e o virar para o lado contrário, tentando me esconder, já que ficar transparente era inviável no momento.

— Aquilo foi bem cruel, até para você — Minha voz era abafada pelas mãos que me cobriam.

— Pode tentar desviar a atenção, mas tá aqui fora chorando, vai contar o motivo?

— Não entendo o que tem de errado comigo.

— Quer que eu comece a listar? — Solto uma risada fraca.

— Eu devia estar feliz agora — Suspiro, minha mente está um turbilhão - O garoto que gosto a anos me implorou para vir a uma festa com ele, e estamos juntos, de um jeito que não entendo. Mas... Não estou feliz, na verdade, não sinto nada.

— Já sei disso — Reviro os olhos, e viro em sua direção, sem me preocupar que ele visse minha maquiagem borrada, e a personificação da humilhação na minha cara.

— Sério? Eu te avisei, agora?

— Realmente já sabia. Naquela noite, na festa, te coloquei para dormir, e você me chamou e disse que não tinha borboletas ou coisa assim. Puta. Merda.

Abri a boca, implorando para que as palavras saíssem sozinhas.

Eu lembro agora.

"Johnny" Seguro seu braço antes dele sair de cima do colchão, me olha esperando eu falar. Faço sinal para se aproximar mais "Não teve borboletas com ele"

"Tá muito bêbada Higgins"

"Não! Não! As borboletas no estômago, nada com o Tommy. Mas com você... Quase sai voando, foi especial" Enfio a cara no travesseiro ao sentir a sensação de novo "Toda vez que lembro daquele momento, meu sorriso fica gigante, que minhas bochechas até doem... Eu quero te beijar para sempre"

Bocejo, sentindo minhas pálpebras pesarem.

— Queria poder mudar meus sentimentos... Ah sério, que clichê, me apaixonar pelo antigo melhor amigo depois de um namoro falso — O Lawrence ri.

— Acho que é mais clichê ainda, se, ele é apaixonado por ela desde criança.

— Para de brincadeira! — Indago, séria, mas seu rosto não indicava isso.

— Eu parei depois de me largar, gostei de outras pessoas, mas nunca foi igual a você.

— Até parece, acabou de beijar a Mills.

— E até onde eu sabia a minutos atrás, estava feliz com o Tommy. Só queria seguir em frente.

— Com o passado? Clássico do Lawrence — Passo a mão pelos meus cabelos — E, agora? O que acontece? Nunca cheguei até aqui.

— Também não, pelo menos, não com você.

— Preciso de tempo pra digerir tudo isso, ok? E conversar com o Tommy. Ai meu Deus, o Tommy, ele é tão legal, vou ser uma babaca, QUE DROGA — Bato em minha testa — Tá tudo complicado demais agora.

Levanto, enxugando minhas bochechas encharcadas.

— Não vou desistir de você Jane, de novo não. Espero o tempo que for.

𝗙𝗔𝗞𝗘 𝗗𝗔𝗧𝗜𝗡𝗚, JOHNNY LAWRENCEWhere stories live. Discover now