𝗫𝗜𝗜. REVISTA ADOLESCENTE

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𝗖𝗔𝗟𝗜𝗙𝗢𝗥𝗡𝗜𝗔¦1984

― Se escondendo? ― Daniel se junta a mim no gramado.

― Sim ― Tiro o rosto de dentro do livro, e analiso os lados conferindo se ninguém indesejado observava ― Corri atrás de você na sexta... Sinto muito, por aquilo.

― Perdi minha namorada e a dignidade de uma vez ― Suspira, antes que pudesse contar sobre o soco que Johnny levou, ele indagou ― Se escondendo do que? Ou melhor, de quem.

― Acredita que sou uma agente secreta? ― Pergunto, sorrindo com graça. Levanta o cenho, e eu respiro profundamente ― Muita coisa tá acontecendo e não faço a menor ideia de como resolver.

― Posso tentar ajudar?

Analiso mentalmente se realmente era uma boa ideia contar para o LaRusso sobre tudo. Por um lado, somos bons amigos, e confio nele, mas, seu histórico com o Lawrence não é dos melhores.

Por fim, decidi despejar todas as minhas inseguranças e questionamentos em Daniel, que ouviu tudo boquiaberto.

― Namoro falso, beijo em um desafio, e amnésia alcoólica... É mais interessante que pensava ― Ri, e bato em seu braço ― Ok, agora entendo porque é tão estressada.

― Vai me ajudar ou só rir da minha cara?

― Vou ajudar ― Se recupera da gargalhada, e tosse ― Gosta do Tommy ou do Johnny?

Não sei ― Resmungo.

― Pelo menos sente algo romântico pelo Tommy? ― Faço beicinho.

― Pensei que sim, mas os sentimentos por ele e o Johnny são completamente diferentes. Como vou saber qual é o certo?

Silêncio total. Daniel pensava em algo.

― JÁ SEI ― Se levanta e bate uma palma alta ― Vou na sua casa depois da aula, e resolver seu problema.

[...]

― Desembucha ― Exclamo, após fechar a porta do cômodo.

Fiquei a tarde toda ansiosa para saber o que ele faria, já que se negou a contar. Se limitando apenas em pedir meu endereço, e fazer perguntas sem nexo.

― Tenho aqui ― Levanta sua bolsa ― A solução ― Abre o zíper, despejando várias revistas femininas no meu tapete.

Eram realmente muitas, e provavelmente de épocas diferentes pelo seu estado. Me questionei como ele conseguiu tudo aquilo em tão pouco tempo.

― QUE DROGA, LARUSSO ― Esbravejo. Sento ao lado daquela pilha que se formou olhando as capas ― Sério? Revista de menina.

― Pode questionar meus métodos, mas não meus resultados ― Vai ao chão, comigo ― E, tem alguma outra alternativa?

― Tudo bem, isso é melhor que nada ― Encaro o pedaço de papel na minha mão ― Vamos fazer o que com isso aqui?

― Testes. Tem de todos os tipos aí dentro ― Pega uma revista, folheando e mostrando ― Olha, Como saber se ele é seu par ideal ― Lê em voz alta.

Procuramos por elas quais seria o perfeito para situação.

― ACHEI ― Daniel berra, e puxa seu caderno e estojo, se preparando para anotar algo ― Escolhendo entre dois meninos: 5 perguntas para ajudar você a decidir.

― Parece bom ― Endireito a postura ― Manda aí.

Passe pelo menos 2 dias consecutivos com eles.

― Já fiz isso.

― E com qual preferiu?

― Johnny ― Respondo rápido, fazendo eu me sentir mal ― O Tommy é legal, mas não gosta de conversar, só quer... sabe, e às vezes tenho a impressão que nunca escuta o que eu falo, só fica olhando seu reflexo nos meus olhos.

― Como? ― Questiona rindo.

― Vai se impressionar com a quantidade de vezes que ele faz isso

Com quem consegue ter as melhores conversas?

― Johnny, acho.

Qual faz você se sentir mais bonita?

― Tommy.

Com que consegue ficar em um silêncio confortável?

― Johnny.

Qual te deixa confortável se colocar o passado dele na equação?

― Tommy ― Nos entreolhamos de maneira óbvia.

― Johnny ganhou ― Pego o caderno dele para conferir se estava certo.

― Vamos fazer mais um!

Tentamos mais vários, e sempre o mesmo resultado. O que temia se confirmou, bem na minha cara.

Como posso não gostar do Tommy? É ele desde que eu tinha 14 anos, não é possível que todos esses anos a pessoa certa era o... Johnny Babaca Lawrence, que me provocou sobre minhas chances nulas, e se aproveitou disso para enciumar sua ex.

NÃO.

NÃO.

NÃO.

ELE NÃO.

― Você fez errado ― Olhava o teto junto com Daniel.

―Bem que eu queria... Jane, sinto muito ― Dá batidinhas no meu ombro.

― Posso dar uma chance para o Tommy, com o tempo me apaixono de verdade. Essa coisa de amor é superestimada.

― Tá bom, Sra. Amo o romance.

― Eu amo mesmo ― Respiro fundo ― E se for só a falta de intimidade com o Tommy, o Lawrence só ganhou porque o conheço desde os 7.

― O que estão fazendo? ― Levanto apenas minha cabeça, vendo minha mãe encarando nós dois ― Que bagunça ― Empurra algumas revistas com o pé, tentando se aproximar.

― Esse é o Daniel LaRusso, mãe, um amigo da escola. Veio me ajudar.

― Com o que? Trabalho de artes?

― Amor ― Sento na cama.

― Ah Jane... Não vai achar a resposta para o amor em revistas de adolescente.

― Onde acho então? ― Ela coloca a mão sobre o lado esquerdo do meu peito. Suspiro ― Não, ai não.

― Sim, querida, são coisas do coração.

Queria viver um clichê, mas não assim. Namoro falso sempre foi o que mais odiava.

Sem qualquer sentido se apaixonar por algo que começou em uma mentira.

Touchè, universo.

𝗙𝗔𝗞𝗘 𝗗𝗔𝗧𝗜𝗡𝗚, JOHNNY LAWRENCEWhere stories live. Discover now