𝗫𝗫𝗩. ANEL NOS ARBUSTOS

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𝗖𝗔𝗟𝗜𝗙𝗢𝗥𝗡𝗜𝗔¦1984

Deitei na minha cama dando o último gole na garrafa, sem me importar em usar um copo. Meu estado agora é deplorável, sem o vestido, no lugar uma calça xadrez de pijama e um moletom, a maquiagem levemente borrada, cabelo desarrumado, e um óculos grande e de lente grossa.

Não uso óculos desde o ensino fundamental, quando o troquei por lentes de contato, mas durante a festa as perdi.

Ouço uma batida na porta. Suspiro, antes de dar o impulso para levantar, e atender por quem me procurava.

Esperava que fosse meu pai trazendo o outro par de lentes que tenho, e deixei no hotel. Mas me surpreendo ao ver Daniel, que tenta disfarçar o choque por me ver em tal estado.

― Minha mãe desmaiou no seu sofá ― Coça a nuca ― Pode me ajudar a levar até o carro?

― Claro ― Coloco a cabeça para fora, vendo o corredor vazio ― Todo mundo já foi embora?

― Não se preocupe com isso. Nada de convidados.

Sorrio, saindo do quarto.

Das escadas pude ver Lucille jogada em um dos sofás, totalmente apagada.

― Ela exagerou um pouco no vinho hoje ― O LaRusso explica, enquanto a pegamos.

Coloco seu braço sobre meus ombros, e ele faz o mesmo. E assim a carregamos até o automóvel amarelo.

― Obrigada, Jane ― Fecha a porta do banco de trás, onde deixou a mãe ― Boa noite ― Dá um sorriso mínimo, meio sem graça.

― Boa noite, LaRusso ― Dou um soquinho em seu braço.

― Acho que minha mãe não se diverte tanto assim desde que meu pai morreu.

― Annie e Lucille, que combinação improvável, não acha? ― Ele concorda com a cabeça, rindo.

Respiro fundo, sentindo meu coração se apertar.

― Conseguiu conversar com a Mills? Ela parecia meio ocupada da última vez que a vi.

― Nós terminamos. Definitivamente dessa vez.

― Sinto muito por isso ― Aperto seu ombro ― Vou sentir sua falta, Daniel ― Me aproximo, passando meus braços pelo seu pescoço, o abraçando forte.

Após alguns segundos ele retribui, segurando minha cintura. Encaixo meu rosto em seu peito, sentindo seu perfume.

― Até fevereiro ― Beijo sua bochecha, nos afastando depois.

O moreno enfia a mão nos bolsos, e se apoia no carro, me assistindo voltar até minha casa. Na porta, viro, acenando com a mão.

Subi as escadas novamente, mas ao invés de entrar no meu quarto, vou até o da minha mãe.

Ela tirava seus sapatos, parecia meio bêbada também.

― Ainda está acordada, princesa?

Me deitei em sua cama sem dizer nada, como fazia quando era pequena e tinha medo dos trovões. Ela por sua vez, me abraçou, e beijou minha cabeça.

Sinto meus olhos cada vez mais pesados, até fecharem completamente.

[...]

Abri meus olhos, pisquei repetidamente para me acostumar com a claridade do cômodo. No andar debaixo podia ouvir as vozes dos meus pais.

Sentei na cama, ainda acordando.

Na cabeceira ao lado, pude ver a caixinha das lentes de contato, e os óculos que deixei ontem a noite.

𝗙𝗔𝗞𝗘 𝗗𝗔𝗧𝗜𝗡𝗚, JOHNNY LAWRENCEOnde histórias criam vida. Descubra agora