𝗙𝗔𝗞𝗘 𝗗𝗔𝗧𝗜𝗡𝗚, JOHNNY LAWRENCE

𝗜𝗩. JANTAR E FILMES

𝗖𝗔𝗟𝗜𝗙𝗢𝗥𝗡𝗜𝗔￤1984

O "encontro" com Tommy foi horrível, eu não sabia o que falar ou o que fazer perto dele. Então, só fiquei bajulando e inflando seu ego a noite toda. Ele pareceu não saber sobre eu e Johnny, e preferi omitir.

Entrei no meu quarto tirando meu sapato e a camiseta em seguida, esse horário ficava muito abafado. Achei estranho que minha janela já estivesse aberta, pois me lembro de ter fechado antes de sair.

― Como foi seu encontro? ― Ouço uma voz atrás de mim, a primeira reação foi de acertar o invasor com um soco.

Grito assustada, ao perceber que era Johnny, que agora estava segurando o nariz sangrando, sentado no chão, e eu estava apenas de sutiã na parte de cima. Desejei que a voz estranha fosse um assaltante que me mataria, assim me pouparia da vergonha.

― O QUE TÁ FAZENDO NA MINHA CASA? ― Tampo meus peitos com as mãos.

― VOCÊ ME DEU UM SOCO NA CARA ― Ele finalmente olha para mim, e fica alguns segundos parado de boca aberta, provavelmente olhando para os meus seios.

― JOHNNY! ― O repreendo, que sai de seu transe. Fecha seus olhos e eu coloco minha blusa novamente.

― Só queria saber do seu encontro, e vim até aqui, sua mãe pediu que eu entrasse e fiquei por aqui.

― Mas minha mãe nem está em casa.

― Ela saiu para comprar as coisas do jantar... Para mim ― Sorri tentando amenizar.

― Deixa eu ver se entendi. Vem na minha casa, entra no meu quarto, mexe nas minhas coisas ― Aponto para as prateleiras de livros, gibis e revistas bagunçada ― Faz a minha mãe preparar comida para você, e ainda me vê de sutiã?

― É, foi basicamente isso mesmo ― Se levanta do chão ― E levei um soco também ― Coloca a mão na região conferindo se sangrava ― É mais forte que aparenta.

― Deixa eu cuidar disso ― Pego a caixa de primeiros-socorros no banheiro.

Nos sentamos na cama enquanto eu limpava seu rosto.

― Encontro? ― Respiro fundo ― Pela sua reação, não foi bom.

― Foi estranho, acho que estava nervosa demais. Mas não importa, todas as minhas chances vão acabar quando ele descobrir que estou namorando você.

― Estão namorando? ― Minha mãe pergunta da porta me assustando.

Eu podia falar a verdade para ela, mas acho que a mentira a deixaria muito mais feliz. Nunca namorei ninguém, e minha mãe tem medo que eu fique sozinha para sempre, pelo meu jeito, 1 mês de namoro falso alegraria ela.

― Sim, desculpa por não contar antes ― Johnny me olha incrédulo ― Ele pediu ontem, por isso veio aqui hoje, só que chegou cedo demais.

― Ainda nem tive tempo de buscar as alianças ― Ele junta nossas mãos, indo na minha onda.

― Sabia que iam ficar juntos ― Seu sorriso ia de orelha a orelha ― Mesmo depois de brigarem. O amor de verdade sempre dá um jeito de voltar ― Vejo seus olhos se encherem de lágrimas ― Se sente melhor, querido? Estava tão abatido quando chegou ― Muda de assunto, perguntando para o loiro.

― Sim, obrigada por cuidar de mim, Sra. Higgins.

― Por favor, me chama de Annie ― Bate em seu avental ― Vou começar a fazer a comida para vocês ― Começa a fechar a porta ― E os deixar a sós ― Pisca para nós.

― Não é estranho que ela nem questionou o fato do meu nariz estar sangrando? ― Johnny pergunta.

― O que minha mãe quis dizer com "estava tão abatido"? ― Ele suspirou.

― Eu menti, vim aqui por causa do Sid ― Johnny, então contou sobre a briga intensa com o padrasto que teve mais cedo, e decidiu vir se refugiar em minha casa, como sempre fazia quando éramos amigos.

Quando terminou de falar, minha mãe nos chamou para comer. Descemos as escadas de mãos dadas ― Ideia dele, que abraçou completamente a farsa após eu explicar.

― Fiz o seu favorito ― Beijou a testa do Lawrence, abri a boca chocada.

― Sou eu que sou sua filha, não se esqueça!

Sentamos na mesa e minha mãe fez questão de servir nós dois.

― Não vamos esperar o seu pai? ― Droga! Esqueci de contar para ele sobre isso.

Apenas neguei com a cabeça.

― Ele vai trabalhar até tarde? ― Meu Deus, Lawrence pare de falar.

― O Jim está na Alemanha ― Minha mãe respondeu ― Com a sua nova namorada 20 anos mais nova ― Bato na minha testa.

― Aluguei um filme legal mãe, o que acha de assistir depois do jantar? ― Tento mudar o foco.

Ela se animou, logo mudamos a conversa. O jantar foi divertido, Johnny e minha mãe se davam muito bem, o convidei para ver o filme junto com a gente e ele aceitou.

Lavaria a louça e ele secaria, enquanto minha mãe tomava banho.

― Pode dormir aqui se quiser, pra não ter que voltar para sua casa.

― Obrigado, mas não vou abusar da hospitalidade da sua mãe, e de qualquer jeito tenho que voltar, não posso fugir para sempre.

― Saiba que é bem vindo.

Ficamos em silêncio por um tempo.

― Seu pai....

― Devia ter te avisado, já faz meses que ele foi embora de vez, mas as coisas estavam ruins a pelo menos 2 anos. Não tinha como saber.

― Sinto muito.

― Essas coisas acontecem ― Sentia muita saudade dele, as vezes liga perguntando sobre a escola e minha vida, mas não é a mesma coisa de o ter em casa todos os dias ― Quando eu era criança achava que eles eram almas gêmeas, tipo, um felizes para sempre... É difícil agora acreditar no amor, depois de ver o dos meus pais acabar.

― Não vai acontecer o mesmo com você.

― Será? Acho que é mais provável eu ficar sozinha com 100 gatos ― Rio, tentando deixar o clima mais leve.

― Qualquer cara teria muita sorte por te ter ― Johnny estava de pé ao meu lado secando os pratos, me viro para ele.

― Igual você? ― Gargalho tentando o provocar.

― É uma pena que vai ser só por 1 mês ― Me empurra de leve.

― Nesses momentos, eu esqueço que não nos falamos por 4 anos.

― Por que parece que não evolui mentalmente? ― Bato em seu braço rindo.

― Não é isso!

[...]

Johnny reclamou quase o filme inteiro, "Não faz sentido" "Filmes românticos são tão idiotas "Acha que sou um marica para assistir isso?", fiquei tentada a dar outro soco nele.

― CALA A BOCA! ― O chuto, ele estava deitado no lado contrário do sofá, sobravam só nós dois já que minha mãe havia ido dormir a muito tempo.

― Esse filme é um saco.

― É mesmo, mas você é mais ― Levanto jogando a almofada que apoiava minha cabeça em sua cara.

Pude enxergar seu rosto, iluminado apenas pela televisão. Ele estava incrivelmente lindo. Estou achando o Johnny Lawrence gostoso?