𝗫𝗫𝗩𝗜. PRAIA VAZIA

1.3K 150 27
                                    

𝗖𝗔𝗟𝗜𝗙𝗢𝗥𝗡𝗜𝗔¦1985

Finalmente de novo em casa.

A Alemanha é incrível, e parece ter sido feita para mim. Conheci lugares, histórias e pessoas novas durante o meu tempo lá.

Em janeiro os dias são mais curtos, e a temperatura sempre está baixa, fazendo com que eu tivesse que usar todos os meus casacos, nunca pensei que sentiria tanta saudade do clima da Califórnia, sonhava com a praia a semanas.

O Ano Novo foi estranho sem a minha mãe, mas liguei assim que o relógio bateu meia noite, mas é claro que para ela ainda era três da tarde. Lucille parece ter virado uma boa amiga, várias vezes em que fazia minha ligação diária a mulher estava lá.

Conversei com Daniel pouquíssimas vezes, durante esses momentos raros em que acompanhava sua mãe em minha casa. Sempre contava as novidades animada, e ele parecia feliz pelas minhas aventuras.

E Johnny tem sido um sonho de namorado, compriu sua promessa me ligando todos os dias, sem exceção, mesmo com o fuso fizemos funcionar.

Carrego minhas malas com certa dificuldade, precisei comprar novas devido a quantidade de presentes e novas roupas que trazia a mais.

Sem muito demora pude enxergar minha mãe acenando, andei mais depressa, larguei a bagagem para a abraçar com força. Seis semanas pareceram uma eternidade.

Contei um pouco sobre como foi a viagem de volta, e tudo que tinha trazido para ela.

― Vamos para casa ― Acaricia minhas costas, me empurrando para frente ― Você tem que descansar.

O caminho de volta foi tranquilo, impressionantemente sem trânsito.

A casa do Lawrence parecia vazia, presumo que tenha ido para sua viagem anual até as montanhas, ele havia comentado brevemente que talvez quando voltasse não estaria na cidade.

Meu quarto parece sem vida, não tinha a minha essência ali. Mesmo com tudo em seu lugar, os móveis, pôsteres, livros, discos e decorações.

Empenhada em dar cor para o lugar comecei a desfazer as malas, colocando minhas coisas novas no guarda-roupa e prateleiras.

Enquanto ficava nas pontas do pé, tentando alcançar um dos meus prêmios de soletração para tirar sua poeira, vi meu reflexo.

Meu cabelo está mais curto, e completamente liso. Minha pele mais pálida devido a falta de sol. E com alguns quilos a menos, por não ter sido a maior fã da gastronomia alemã.

Mas não é só minha aparência que está diferente.

Aprendi muito sobre mim mesma longe de casa e de todos, e talvez tenha aprendido a ser mais egoísta como meu pai. Sempre fui ambiciosa e cheia de sonhos, mas algo a mais se acendeu.

Meu pai conseguiu me convencer a conhecer faculdades, me mostrando mais oportunidades, saindo apenas do meu mundinho.

Quando finalmente consegui me satisfazer com a aparência do cômodo, deitei na minha cama, encarando o teto, sentindo falta das estrelas falsas que brilhavam no escuro do meu outro quarto.

Meus olhos ficaram cada vez mais pesados, até finalmente adormecer.

[...]

Acordei confusa, sem saber que horas eram. Levantei, olhando pela janela, aparentemente era madrugada, nenhuma alma viva na rua, além de um carro que parou na casa da frente.

Dele saiu Sid, Laura e Johnny. O mais velho reclamava como de costume, e a loira tentava o acalmar.

Johnny se sentou na calçada, enquanto os outros dois entraram sem se preocupar com as malas. Ele jogou seu cabelo para longe do rosto, olhando para cima, notando minha presença os observando.

𝗙𝗔𝗞𝗘 𝗗𝗔𝗧𝗜𝗡𝗚, JOHNNY LAWRENCEWhere stories live. Discover now