Capítulo 7 - Segredos

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Sofia, como esperado, também perdoou a filha pelo que fizera e também em relação ao "caso" criado com John. Mas, havia um problema, o menino. Pensei que o melhor seria eu mesmo falar com ele, mas Susana interveio, dizendo que o garoto entenderia sua posição.

— Papai, somos jovens e John só escuta a mim. Ele não vai se abrir para o senhor e muito menos para minha mãe ou mesmo Beth. Vou falar com ele e explicarei tudo, de forma que sofra menos...

Ao dizer, Susana novamente exibiu um olhar triste. Por dentro, estava em luta consigo mesma, num turbilhão que só os jovens sabem bem como é. Eu já fui e sei disso, ainda mais um garoto que não tinha namorada, diferente dos irmãos e amigos.

Embora seja fácil falar, olhando para minha bela filha, sei que romper um sentimento assim não é apenas pensar que amanhã encontrará um cara melhor. Para ela, John parecia ser tudo, como se o azul dos olhos dele refletisse o mundo que queria viver.

Em poucos dias, descobri dois segredos que Susana guardara em seu coração. Externei o outro para Sofia, após Beth chegar e levá-la para ajudar na cozinha. Antes de ter essa conversa, indiquei para minha amada que precisava falar a sós com a Dra. Camacho.

"Autorizado" por Elizabeth, levei-a até o escritório de Joseph. Sim, eu ainda tinha aquele local "secreto" como o refúgio do "Sir", mesmo que ele já tivesse partido. O assunto era delicado demais para ser tratado nas salas, onde alguém poderia ouvir.

Sentamos nas cadeiras de frente à mesa, onde apenas Elizabeth usava a poltrona do pai.

— Sofia, já percebeu algum comportamento estranho vindo de Susana? Digo, algum momento em que parecia não ser ela?

Frisando o olhar, a morena já tinha noção do que eu estava dizendo...

— Você me pergunta se ela tem alguma tendência depressiva?

Assenti e mantive-me em silêncio.

— Algumas vezes, principalmente depois que discuto com ela, eu a vejo com um olhar perdido, sabe? Sem expressividade alguma. Depois de certo tempo, volta ao normal. Bem, eu sempre achei que estivesse refletindo sobre o assunto, enfim...

— Pois é Sofia, aquele olhar dela, hoje, era depressivo. O jeito dela e também de ter tentado colocar motivos não intencionados na conversa, me alertaram.

Com preocupação estampada, Sofia colocou sua mão sobre a minha direita, que estava sobre o joelho, e então expôs seu medo.

— Regi, ela vai precisar de um psiquiatra?

Coloquei minha outra mão sobre a dela e respondi:

— É melhor conversarmos com ela antes, mas não juntos. Percebi que pareceu entender quando eu disse que a ajudaria. Posso usar isso para fazê-la entender que não...

Pausei porque a palavra "louca" poderia incomodar Sofia e a mim mesmo. Então, rapidamente retomei o raciocínio para evitar uma conclusão por parte da morena.

— Não passa por um distúrbio psicológico, entende?

Imitando um sorriso, a morena mirou em minhas mãos e, após um momento de reflexão, voltou-se para mim.

— Entendo Regi e o que você achar melhor, faremos. Nossa menina superará isso também.

Olhando-a, fiquei pensando em como era difícil lidar com tudo aquilo. Sentindo a mão quente de Sofia, outro pensamento me veio. Susana, o fruto de nossa relação "tempestuosa", herdara coisas de nós que queríamos eliminar. Agora, era hora de assumir isso e resolver o problema.

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Após a "reunião" particular com Sofia, chamei Beth ao jardim de inverno e disse:

— Amor, eu preciso que guarde outro segredo sobre Susana.

— Outro? — indagou Beth em voz baixa.

— Sim, penso que ela tenha tendência depressiva, assim como eu.

— Meu Deus... — disse a loira, quase sussurrando.

Olhando à volta, perguntei:

— Vai convidar Sofia para o almoço?

— Devo?

— Sim, quero que ela saiba que você apoia também.

— Claro, eu amo essa menina. Farei tudo o que puder para ajudá-la.

— Sei, minha rainha, seu amor é envolvente. Ele me fortalece diariamente...

Beth sorriu e me repreendeu:

— Para, vai! Eu te amo demais, Reginaldo! Faço qualquer coisa para ver você feliz.

Sorrindo, resumi o que era evidente para mim.

— Você não precisa fazer nada, só estando ao meu lado, já me deixa feliz.

— Você quer me ver chorar, é isso? — indagou Beth, já espelhando seus lindos olhos verdes.

Beijei-a e respondi:

— Apenas se for para chorar por amor. Tristeza, jamais!

O amor da minha vida abriu o sorriso que iluminara minha alma desde aquele sábado, 14 de junho de 2003. Elizabeth, era a mulher que mudara o curso de minha história...

O que ela viu em mim? - Volume 3Where stories live. Discover now