Capítulo 35 - Samara

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A morte da Sofia nos impactou, especialmente à Elizabeth. O motivo é que durante as investigações, sem sabermos de todos os detalhes, minha esposa foi intimada a depor, assim como todos os mais próximos, inclusive os pais dela e Susana.

Como imaginei que ocorreria isso, instruí Beth a não revelar sua briga com Sofia sobre o meu caso, mas...

— Amor, não comente sobre o que aconteceu. Pode ser que o investigador entenda que você pode ser uma suspeita.

— Não! De maneira alguma Regi! Pensa bem, se esse tal de Duarte for mais ao fundo nisso, descobrirá a verdade. Além disso, provavelmente ele conversará com Susana...

Realmente Beth tinha razão.

— Concordo. Duarte é investigador e saberá se uma adolescente estiver mentindo, por mais esperta que seja. Além disso, provavelmente esse caso acabou chegando até os Camacho.

Preocupada, Beth questionou:

— Será que eles sabem?

— Não sei, mas não vou perguntar. Talvez Susana saiba de algo, apesar de eu não saber se Sofia pediu-lhe segredo.

— Ainda tem a Samara...

Pensei na reprodução física de Pandora, incorporada na irmã gêmea de Sofia. Se fosse algum tipo de entidade, vai saber se... Deixa para lá! Nem quero imaginar isso.

— Sim. Se ela falou aos pais, então Walter ou Dirce não pensarão duas vezes em dizer o que sabem — falei.

Beth acabou relatando o que houve e questionou Duarte se ela era ou não suspeita no caso. Como minha esposa tinha álibi e eles já dispunham de outras informações sobre o caso de Sofia, a loira não foi implicada no caso, assim como eu.

Ainda assim, descobrimos que os pais dela não sabiam do que ocorrera no Castelo Inglês, mas Samara sim. Imaginei que Sofia confiara-lhe o segredo, compartilhado naturalmente com a filha, envolvida no caso. Só eu não sabia que as coisas eram, diferentes...

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No enterro de Sofia, olhar para Samara me trazia angústia. Pela primeira vez desde que a conheci, nunca a vi com o mesmo penteado e cor de cabelo da irmã. Contudo, ela seguiu a sugestão de Pandora e também "turbinou" seus seios.

Aquela filha de argentinos era quase uma cópia fiel de Sofia, que ali repousava em seu féretro, diante de nós.

Pela primeira vez, senti um calafrio diante de Samara, especialmente quando esta cravou seus olhos negros em mim. Eu me senti desconfortável e Susana foi a única que percebeu. Desprendendo-se da avó, em prantos pela perda da filha, minha princesa regente se aproximou.

Beth, ao lado, deu passagem para a garota, que ainda emocionada, abraçou-me e sussurrou:

— Ela sabe pai...

Susana nem precisou indicar de quem estava falando. Quando desviei meu olhar na direção da morena, a mesma fuzilou-me. Um novo arrepio e encostei o rosto nos cabelos negros de minha filha.

Sem dizer nada, a jovem deu a volta no jazigo, onde os coveiros trabalhavam para depositar o caixão de Sofia. Foi aí que senti um impacto enorme diante da cena a seguir. Susana abraçou Samara e esta rompeu em um choro baixo, mas facilmente notado.

O lamento das duas, que ali pareciam mãe e filha, ainda que para alguns fossem como irmãs, emocionou-me bastante. Nunca vira Samara chorar e quando mirei em Dirce, notei que o fato era raro até para a mãe, que aumentou o pranto diante da cena.

O que ela viu em mim? - Volume 3Where stories live. Discover now