Capítulo 25 - Chantagem

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Acordei tarde na manhã de sábado, dia 12 de setembro de 2020. Beth já estava em pé, mas ainda não havia descido. Penteava seu maravilhoso cabelo loiro, que tanto apreciava. Após cumprimentá-la com um beijo e contemplar seu belo sorriso, fiz minhas abluções e desci.

Beth manteve-se no quarto, escovando seu cabelo e disse que acordaria Ana Maria antes de descer. Eu, ao chegar à cozinha, deparei-me com Sofia no lugar que geralmente sento.

Era a segunda vez que ela ocupava meu lugar, embora eu não tivesse uma preferência ali, pois era só costume. Já vestida com sua roupa do dia anterior, me contemplou com um sorriso.

— Bom dia, Regi.

— Bom dia, Sofia.

Ao lado, mirando no prato com omelete, Susana olhou-me com ar sério e cumprimentou, perguntando a seguir.

— Bom dia, papai. Parece que a noite foi boa, não é?

As palavras de minha filha pareciam ter uma segunda intenção, além do próprio sentido duplo. Incomodado, a questionei.

— Bom dia, filha, mas, do que está falando?

— O senhor levantou tarde.

De fato, eu havia levantado, mas ainda estava desconfiado com Susana. Garota sagaz, dificilmente alguém conseguia esconder algo dela. Mas, precisava ter cuidado ao falar.

— Sim, porque demorei a pegar no sono...

Dei uma desculpa, mas eis que ela nos surpreendeu. Digo "nos", porque Sofia estava atenta à conversa.

— Imagino, porque essa noite teve até blecaute.

Meu semblante denunciou certamente o espanto diante do que ela disse. Ao mirar em Sofia, vi que a mesma arregalou seus olhos magnéticos. Então, visei disfarçar, sentando na cadeira.

— Nossa! Quando o ar condicionado parou, eu acordei na hora. Comecei a suar só de pensar em ficar sem ele... — disse Susana.

Atenta ao que a filha dizia, Sofia indagou:

— Meu bem, o que você fez?

Notamos quando a garota pensou na resposta que daria e deu uma desculpa para evitar a verdade.

— Ah! Levantei e abri a janela. O ar fresco resolveu...

Era óbvio para mim e Sofia, que Susana fizera mais que isso. Quando me servi com a omelete, a jovem falou:

— Espera pai. Deixa colocar mais uma [referindo-se a omelete] no seu prato.

— Nossa! Não precisa filha.

— Pai, deixa de conversa, sei que está com muita fome.

Intrigado, assim como Sofia, perguntei:

— Por que eu estaria com "tanta fome" assim?

— Vai por mim, eu sei... — disse ela, com olhar insinuador.

Arrepiei-me todo e instintivamente mirei em Sofia. Seus olhos negros me diziam a mesma coisa que meu cérebro: ela sabe! Concentrei-me então na refeição matinal e, alguns minutos depois, por sorte, Beth chegou com Aninha.

Minha loira, ao se deparar com o café da manhã posto, perguntou:

— Quem fez o café?

— Foi eu, Beth — respondeu Sofia.

Susana, não perdendo tempo, perguntou-me:

— O café da mamãe está bom, seu Regi?

Procurando não atiçar o desejo dela, de jogar a merda toda no ventilador, respondi amigavelmente.

O que ela viu em mim? - Volume 3Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt