O que ela viu em mim? - Volume 3

Capítulo 18 - Nosso Amor é indestrutível

Meus olhos estavam fechados quando ouvi alguém bater à porta. Não era um sonho, mas a realidade se fazendo presente. Ainda sentia as mãos suaves de Beth a acariciar meu cabelo, que já dava os sinais de minha "meia-idade". Aos 42 anos, eu já sentia o reflexo do tempo...

A responsabilidade com a complexa família de três filhos e três mães, mais o de ser chefiado pela esposa no trabalho e ainda viver sob a sombra da depressão, me envelheceram. De qualquer forma, estar ao lado de Elizabeth era como se o tempo não passasse...

Ao abrir os olhos, mirei a estante de livros, ao lado. Sem me mover da posição, perguntei à Beth:

— Amor, agora você lembra de mim?

Estava tão concentrando em sentir cada segundo naquele momento com ela, que simplesmente esqueci da porta. Então, minha amada me respondeu, aparentemente ignorando as batidas que foram audíveis anteriormente.

— Sim, lembro. Nós nos conhecemos na internet, namoramos pouco tempo e nos separamos por muitos anos. Muitos anos...

Ao ouvir, meu coração se apertou e as lágrimas escorreram novamente. Engoli a saliva e senti um novo calor em meu corpo.

— Naquele dia terrível te perdoei, mas meu orgulho não me deixou falar...

Pranteei ao ouvi-la com sua voz embargada. Não sabia quem estava à porta, mas se ouvira, não poderia interromper aquele instante. O choro silencioso de Beth era audível em meu coração, de tal forma que podia vê-la sem ao menos olhar para ela...

— Prometi a minha mesma que seria a primeira coisa a fazer ao te ver vivo novamente. Amo cada momento que vivemos Regi, como se fosse ontem. Não poderia viver assim, sem ti. Jamais...

Ergui-me e olhei-a em seus olhos avermelhados, mas ainda com o brilho verde de sua alma a refletir-me. Limpando-lhe o rosto, enquanto ela fazia o mesmo comigo, perguntei:

— Lembra quando festejamos dez anos de casados?

O sorriso de Beth era como o brilho do sol e seu rosto encantado dizia mais que mil palavras.

— Sumimos...

Sim, exatamente o que ela respondeu. Sumimos, literalmente.

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Aquela quinta-feira, 5 de dezembro de 2019, marcara um momento especial para nós, algo totalmente não planejado. Ao longo do dia, uma coisa me incomodava ao lembrar que teríamos de comemorar. Fora dez longos anos de um amor incondicional, mas eu não queria festa.

O motivo era que nem todos os que eu amava estariam presentes. Em nosso aniversário de cinco anos, Amanda "estranhamente" fez uma viagem e Kelly estava de plantão. Foi muito conveniente para as duas e por motivos óbvios, é claro.

Como Sofia não era uma presença totalmente aceita por Elizabeth, acabou sendo apenas minha família — inteira, por sinal — e Joseph a participar, assim como meus filhos. Então, no último ano "normal" de nosso tempo, decidi que faria algo diferente.

Ao final do dia, a surpreendi no estacionamento perto da construtora, mas quando Elizabeth me viu, ainda mais sem avisar, ficou preocupada. Aproximei-me dela e cumprimentei:

— Oi, meu amor, tudo bem?

— Tudo querido. O que faz aqui?

Após beijá-la, falei.

— Não é preciso lembrar que dia é hoje né?

Aliviada por entender que não se tratava de Ana Maria ou um dos jovens, dada a surpresa, ela respondeu: