Capítulo 10 - É para sempre

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Quando acordei, Ana Maria até roncava em meus braços, mas não vi Susana. Então, chamei-a pelo smartphone, no que ela respondeu que já estar subindo. Admirei então o cabelo loiro de minha menininha, que era a reprodução de Beth.

Sim, aqueles fios dourados foram uma presença constante enquanto os que os haviam gerado, ainda estavam ausentes. Rememorando então o vídeo de Elizabeth, lembrei de algo que ela disse, mas não com sua própria voz. Isso saiu da boca de Susana.

"Regente"? Como assim? Beth havia enviado uma mensagem se referindo à Susana como sua "princesa regente". Imediatamente olhei em volta do quarto e conjecturei algo surpreendente.

Quando Susana entrou no quarto, me viu assustado e imediatamente perguntou:

— Papai, o que houve?

Ainda tentando encaixar as coisas em minha mente, eu apenas disse:

— Princesa regente.

— Como? — indagou a morena.

— Ela disse que você era "princesa regente".

Buscando na memória, a jovem mudou o semblante e confirmou:

— Sim, foi o que ela disse em libras.

— Su, eu te chamo de princesa regente desde quando?

Intrigada, ela respondeu:

— Desde quando Beth se internou.

— Eu nunca disse isso a ela antes de ir para a UTI.

Com expressão de assombro, a princesa exclamou:

— Não acredito!

— Pois é minha filha, nem eu... De alguma forma, Beth esteve aqui. Bem, pelo menos em espírito, sei lá...

Susana se aproximou e sentou na cama.

— Pai, não foi ela que viu a tia Kelly na janela?

— Sim, ela mesma.

— Nossa, que doidera...

— Essa é Elizabeth. Embora eu tenha ficado assustado agora, não era para ser assim, dada tanta coisa que a gente passou...

— Já aconteceram coisas assim?

— Olha, já passamos por alguns momentos "inexplicáveis" e a própria história dela, ou melhor, nossa, já dá uma boa ideia disso.

— Por que o senhor disse "história dela"?

— Ah! Esquece...

— Opa, agora quero saber.

Eu não queria contar, mas subitamente a imagem de Amanda se fez em minha mente e me levava até o assunto do dia, quer dizer, antes da videochamada...

Mirando-a, mudei o semblante para um ar confiante. Então, comecei cutucando-a com um assunto delicado.

— Você ainda sente ciúmes de Amanda né?

Fechando a cara, Susana confirmou com a cabeça.

— Desculpe, eu tive que começar dessa forma para você entender uma coisa.

Com questionamento na face, ela ficou a me observar.

— Bem, eu poderia continuar o assunto te levando até o Cemitério da Filosofia.

— Como assim?

Sorri, mas decidi abreviar, embora eu soubesse que minha morena adorava um mistério.

O que ela viu em mim? - Volume 3Onde histórias criam vida. Descubra agora