Capítulo 28 - Pecado confessado

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Arfando e buscando me controlar, mirei em Beth e retirei minha mão, que estava sobre a perna dela. Ela percebeu, mas não mudou sua postura. Então, comecei a confessar, mas não tive coragem de encará-la, mirando em minhas mãos, agora suando e trêmulas devido à tensão.

— Beth... Elizabeth. Pequei contra ti e contra nosso casamento. Contra minhas filhas, meu filho e nossa família...

Olhei para ela, que continuava firme, embora seus olhos denunciassem a decepção em seu ser. Como demorei, ela insistiu.

— Diga.

Quando a ouvi falar, tive a certeza de que sabia do ocorrido, então, não tive como evitar. Mirando novamente para as mãos, retomei:

— Eu e Sofia cometemos um pecado nesta casa. Na cozinha, durante o blecaute da madrugada.

— Olhe para mim!

Tentei não obedecer, dado não ter como mirá-la, já que minha vergonha era enorme, assim como a culpa.

— Olhe nos meus olhos enquanto diz! Se você teve coragem para pecar, tens que ter também para confessar!

Movi meus olhos em sua direção e vi que os brilhantes verdes de seu oceano estavam avermelhados, como se a morte desse seu sinal... Tomei fôlego e reiniciei.

— Eu e Sofia transamos na cozinha...

— De novo?! — questionou Elizabeth, inconformada.

— Sim... Quando desci para beber água, ela apareceu vestindo uma camisola transparente, que não era mesmo de Susana. Nunca vi minha filha com aquilo...

— Continue! — exclamou Beth, já nervosa.

— Ela queria beber água e com o apagar das luzes, se jogou sobre mim. Bem, então, ela fez novamente como em 2003...

Beth levantou-se rapidamente e andou até a divisa das duas salas, retornando com as mãos no rosto, agora avermelhado.

— Fale Reginaldo! — disse ela em voz alta.

Nervoso, não sabia como continuar e Beth insistiu novamente:

— Diga Reginaldo! O que fizeram depois?!

— Tateei no escuro e achei uma vela na gaveta...

— A minha vela! Aquela do bolo de Ana Maria! Olhe só o que você fez Reginaldo!

— Perdão...

— Perdão?! Você me trai debaixo de nosso teto! E me pede perdão?!

Sentindo que a dor dela estava aumentando, eu precisava dizer toda a verdade, mesmo que isso me carregasse para a Geena...

— Peço! Entretanto, não é tudo! Não é tudo...

— Tem mais Reginaldo?!

— Sim... Subimos as escadas e a levei até o quarto de hóspedes. Quando entramos, a luz voltou e ela se assustou com um ruído. Daí correu e fechou a porta. Então, ela me abraçou novamente e repetiu o que fez na cozinha...

— Essa Sofia é uma puta! Uma vagabunda completa! Mas, você também não fica longe, Reginaldo! Você foi um filho da... Ai! Meu Deus! Sobrevivi para quê?! — lamentou-se Beth ao final.

Comecei a derramar lágrimas, pois, não havia um novo perdão para mim. Não tive coragem de encará-la novamente. Não tinha mais o direito de mirar em seus belos olhos verdes. Arfando intensamente, também possivelmente devido aos efeitos da Covid-19, Beth me revelou algo terrível...

O que ela viu em mim? - Volume 3Where stories live. Discover now